Feliciano Neto

Professor e Consultor em Gestão de Marcas.

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Independência ou Marca


04/09/2021

Nos meus anos de atividade profissional, já ouvi muitos relatos de pessoas encantadas pela ideia do empreendedorismo. E se há uma palavra que sempre aparece nessas ocasiões é: INDEPENDÊNCIA.

É óbvio que todos conseguimos entender a razão. Há sim, um sentimento de liberdade e uma aura de autonomia presentes na ideia de ser o próprio patrão e ditar o próprio ritmo de trabalho, mesmo que a realidade da atividade empreendedora (especialmente no Brasil) seja bem diferente do cenário que costumamos pintar em nossas mentes.

Lembro-me bem dos primeiros meses à frente de um negócio. Descobri rapidamente que não ter patrão aumentava substancialmente a minha carga de responsabilidade e ditar o próprio ritmo significava trabalhar muito mais horas do que costumava marcar nos relógios de ponto. Mas também experimentei uma sensação de liberdade e um senso de propósito até então inéditos para mim.

No entanto, mesmo após 13 anos de jornada empreendedora, não encontrei a tal independência. Pelo contrário, constatei que a construção de uma marca forte é um processo conduzido coletivamente, ou seja, cheio de relações de dependência. Cito exemplos.

 

1 — Dependência do mercado – O mercado funciona como um organismo que existe a partir de uma relação simbiótica com as empresas. Há uma dependência mútua e óbvia que gera benefícios para ambos. Quanto mais cedo percebemos a natureza dessa relação, melhor estaremos preparados para crescer e promover crescimento coletivo.

O contrário também é verdade. Quando o mercado vai mal, sofrem também as empresas. É por isso que ambientes mercadológicos onde a cultura empreendedora é mais madura, tendem a ser mais resilientes diante de crises.

 

2 — Dependência dos consumidores – Talvez ao falar dessa categoria de dependência, a primeira coisa que venha à mente seja a relação de troca de produtos e serviços por recursos financeiros, mas, permita-me aprofundar um pouco essa percepção.

As marcas são definidas em sua força e relevância, pela reputação que constroem junto a seus consumidores e a melhor maneira de conquistar um bom espaço em suas mentes é construindo relacionamentos. Sendo assim, elas dependem dessa relação com seus consumidores para sobreviverem. É dessa construção de confiança que as desejadas relações de troca acontecem e permanecem.

 

3 — Dependência de talentos – Nenhuma ideia de negócio é materializada sem o brilhantismo humano como suporte. Pessoas devem ser valorizadas simplesmente por que, sem elas, seu negócio provavelmente não existiria. E não há nenhum demérito em reconhecer que essa dependência existe. Decerto que não é coincidência que as marcas mais valiosas do mundo abraçam essa verdade.

 

A verdade é que não é possível construir marcas relevantes sem que haja uma certa humildade. Devemos reconhecer nosso potencial, mas atentando para uma visão periférica que nos faz enxergar as outras peças do tabuleiro e seus respectivos papéis. Como mencionei anteriormente, já são 13 anos que caminho como empreendedor e essa escolha nunca foi tão clara para mim. Existem dois caminhos que levam a lugares distintos e cujos objetivos são virtualmente impossíveis de coexistirem: independência ou marca.

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https://wscom.com.br/coluna/independencia-ou-marca/


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