Saúde

Ansiedade e estresse – pensamento acelerado x felicidade


07/09/2021

Entre 10 milhões de espécies existentes nós somos a única com capacidade de pensar e agir. Somos um ser complexo e vivemos lutando para sentir prazer em viver, tornar a existência um grande espetáculo feliz. O objetivo da vida seria, então, evoluir até alcançar o nirvana. A ausência de dor e sofrimento. Atingirmos a liberdade, a paz total.

O Buda Sidarta Gautama (Sammāsambuddha) descreveu o Nirvana como um estado de calma, paz, pureza de pensamentos, libertação, transgressão física e de pensamentos, a elevação espiritual, e o acordar à realidade.

Mas, o que estamos construindo, o que estamos produzindo para que elevemos nossos padrões de vida se a toda hora criamos problemas? E quando não existem problemas, logo tratamos de produzi-los. Sim, tem sido assim a nossa vida social moderna, urgente. Não temos tempo para as coisas verdadeiramente mais importantes de nossas vidas como parar e dialogar com nós mesmos, planejar, criar roteiros distantes da insegurança, do medo, da ansiedade, das ameaças.

Poderíamos ser uma geração inteligente e com humildade para apreciar o melhor de nós, lançar um olhar para dentro, aprofundar nossas questões mais íntimas, rebuscar esperanças, gozar, sentir prazer, alegria, bem-estar, tranquilidade, paz.

Em vez disto, estamos intoxicados digitalmente, vivendo 24 horas por dia com a mente ligada, acelerados ao ponto de comprometer e desgastar o nosso cérebro, de perder a direção de nós mesmos. Estamos vivendo irresponsavelmente com nós mesmos, com a nossa saúde e com o planeta em que vivemos, essa grande casa concebida para desenvolvermos nossas potencialidades.

Nosso nível de ansiedade surpreende, é excessivo, muito grande, asfixiante. Temos tudo, uma poderosa indústria do lazer e tecnologia. Ao mesmo tempo estamos doentes, com transtornos de saúde que promovem os números de cancerosos, de um para cada quatro pessoas no mundo. A cada minuto uma pessoa pensa em morte. A cada 40 segundos uma pessoa tenta o suicídio, e a cada 4 minutos uma pessoa se suicida no mundo. Poderíamos ser uma geração livre, feliz, mas em vez disso somos uma geração triste. Detemos sintomas de uma sociedade neurótica, doente, doente psicologicamente, com depressão, com esse mal do século chamado Ansiedade.

Estamos sofrendo, vítimas de nós mesmos, das armadilhas de nossas mentes preciosas. Perdemos o controle de apostar em nós mesmos e nos estressamos, nos viciamos, o nosso é um comportamento de dor, de culpa, de autoabandono, de falta de prazer. Como que um distanciamento de Deus em nós mesmos. Somos, segundo palavras do doutor Augusto Cury*, mendigos emocionais, e algo está dando errado.

Estamos vivendo sem perspectivas, o dia inteiro tocando as telas dos nossos smarths, em busca de respostas que nunca chegam, nunca virão, e só aumentamos nossas expectativas estéreis de ser felizes. Estamos viciados em diversos tipos de drogas. Temos vícios de comportamentos repetitivos, pensamentos perturbadores, que nos tiram o sono, que nos fazem sentir culpa sem direito a escolhas.  Sentimos-nos cheios de angústias, auto abandonados, desprezados por nós mesmos e pelos amigos e pelas pessoas em geral. Temos falta de prazer e nos sentimos insaciáveis e ao mesmo tempo cansados. Dormimos e acordamos super cansados, com sentimento pra baixo, depressivos. Como que querendo que aquele dia não existisse para nós.

É preciso cuidar de nós mesmos, assumir um compromisso de limpar o terreno, fazer uma higiene mental, buscar uma reforma íntima, para em seguida atuar socialmente e ajudarmos os nossos irmãos, trabalharmos a nossa solidariedade, fazermos campanhas de amizade, de grupos de ação social positiva, de socorro a nós mesmos e aos outros. É preciso prevenir, saltar, pular esse fosso enorme que nos força sentir vazios na vida. É preciso viver de forma intensa, mas sem exageros, sem abraçar essa bomba com que vivemos abraçados noite e dia.

É preciso parar de achar engaçado ser um tipo moderninho, neurótico, que fala ligeirinho, que assiste os comerciais de televisão que mal deixam assimilar as imagens, posto que agora, como regra, usam mudar a cada dois segundos, como um modelo padrão para quase tudo que se assiste e nem dá tempo de degustar, de raciocinar sobre aquilo que vemos na tela. E aceitamos toda essa engrenagem, toda essa euforia, toda essa velocidade e amontoado de lixo tecnológico ao redor. Até quando?

Deveríamos estar gozando os benefícios da ciência, das descobertas dos remédios para quase tudo o quanto é doença e caminhar tranquilos, mas, não… Não conseguimos a nossa própria amizade. Estamos estéreis. Não sabemos cuidar de nós mesmos e, mais uma vez, nos auto abandonamos à síndrome dos pensamentos acelerados para só depois reclamar as dores, a solidão, as doenças. Estamos num mundo traumático e precisamos urgente de um abraço, de alguém que nos sustente às mãos, precisamos caminhar, precisamos suspender e elevar a nós mesmos. Precisamos de ajuda, prazer, alegria, bem-estar, tranquilidade, paz. Precisamos deixar de ser escravos do consumismo, do acaso, e diminuir as distâncias de Deus para enfim, identificar nosso lugar de liberdade.

Precisamos do calor do nosso próprio abraço, e do abraço amigo, para iniciar em nós uma reforma íntima que abranja a todos. Nós fomos criados seres sociais, e não peças de microcomputadores que já nascem obsoletas. Brindemos a vida, a sagrada experiência da vida. Viva!

 

*Texto inspirado na palestra Ansiedade (Youtube), do psicólogo e Dr. Augusto Cury. Com estudos na área psicológica da doutrina espirita e a obra de Allan Kardec.

 

https://wscom.com.br/coluna/ansiedade-e-estresse-pensamento-acelerado-x-felicidade/


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