Economia & Negócios

Antes restrito à alta classe, flor entra no carrinho dos supermercados

Mudança


07/04/2013

Antes restrito a classes de maior renda e a floriculturas principalmente do Sudeste do país, o consumo de flores e plantas se popularizou no Brasil e chegou às gôndolas dos supermercados.

É um mercado que cresce entre 15% e 17% ao ano, segundo o Ibraflor (Instituto Brasileiro de Floricultura).

Empresas de varejo fazem investimentos no setor, ampliam centros logísticos para incrementar a distribuição e adotam políticas mais agressivas para baratear os preços.

A ação já atingiu o bolso do consumidor, que viu nos supermercados preços até 50% menores do que os das floriculturas -mais procuradas no caso de presentes e por oferecer o serviço de entrega.

O consumo médio por habitante no Brasil passou de R$ 14 para R$ 23 no ano passado. Mesmo assim, o número ainda passa longe do mercado europeu -cada pessoa desembolsa R$ 140 por ano.

Apesar de o consumo se expandir e dos investimentos feitos, a distribuição de flores e plantas ainda esbarra nos gargalos da logística do país. Dos mais tradicionais, como estradas ruins, pontes deficientes, filas imensas nos postos de pesagem e barreiras policiais para conferência de carga; até os mais inusitados, como pedágios indígenas (leia texto abaixo).

LOGÍSTICA COMPLEXA

Item frágil, as plantas e as flores de corte são acondicionadas em caminhões refrigerados, isoladas da luz, mantidas em gel (a água evapora e derrama quando o caminhão passa nos buracos) para cruzar até 3.250 km entre Holambra (SP) até Fortaleza (CE).

A maior dificuldade, ao atravessar oito Estados, é evitar que elas se quebrem, o que é resolvido com bandejas que parecem caixas gigantes de ovos para acondicionar os vasos. Os engradados são envolvidos em filmes plásticos para impedir a quebra das folhagens e flores na viagem.

Um dos maiores compradores de flores do país, o Grupo Pão de Açúcar vai duplicar neste ano seu centro de distribuição em Holambra, que concentra a produção organizada em cooperativas de pequenos produtores. Nesse local, a ordem é não deixar nenhum produto mais de 24 horas para ser despachado.

"Distribuir flor é um caso de extrema dificuldade logística. Só perde para o salmão, que tem de ser transportado de avião", afirma Marcelo Lopes, diretor de logística do Grupo Pão de Açúcar.

As vendas de flores no grupo cresceram mais de 50% nos últimos três anos, e os preços unitários foram diminuindo devido a compras em maior quantidade, investimentos para evitar perdas e eficiência na distribuição.

DESTAQUE VERDE

Não é à toa que o varejo tirou flores e plantas do fundo das lojas para espaços nobres na entrada.

O Pão de Açúcar coloca flores de corte e vasos plantados ainda do lado de fora do supermercado. "É o cartão de visitas da loja", disse Lopes.

"O consumidor encontra na entrada um produto com qualidade, preço e frescor, além de sortimento", diz Luciana Galli, gerente comercial do Walmart. A varejista relata um crescimento de 50% nas vendas de orquídeas e decidiu ampliar o sortimento.

O Carrefour destaca cada vez mais as plantas e flores entre os produtos comercializados. "O preço permite atingir o público de consumidores da classe C, que está mais preocupado em decorar a casa e presentear."

Consumidores da classe C, solteiros e casados, incluem flores em suas compras, segundo as redes consultadas. O Ibraflor já identificou aumento no número de variedades oferecidas no mercado –passou de 2.500 para 3.000 no ano passado.

Entre as flores mais procuradas na prateleira dos três supermercados estão violetas, calandivas, kalanchoe, raphis, bonsai e orquídeas. Tuias, rosas e crisântemos estão na lista das mais compradas em datas como Natal, Dia das Mães, Dia dos Namorados e Finados.

De olho nesse mercado, o varejista suíço Landi Schweiz, do segmento de jardinagem e decoração, vem ao Brasil amanhã em busca de parceiros e fornecedores. A rede, que atua ainda na Alemanha e Áustria, prevê investir € 30 milhões até 2015 no país.



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