Política

Aécio pede que Renan impeça a votação da MP dos Portos no Senado


16/05/2013

Provável candidato do PSDB à Presidência em 2014, o senador Aécio Neves (PSDB-MG) cobrou nesta quinta-feira (16) do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), que se "reconcilie sua história" e impeça a votação da Medida Provisória dos Portos na Casa.

O tucano disse que o Senado não é a "extensão" do Palácio do Planalto e os aliados da presidente Dilma Rousseff devem ter coragem de enfrentá-la para evitar que o governo "tratore" a votação.

"O destino deu a Vossa Excelência [Renan] duas oportunidades de presidir esta Casa, não apenas uma. Talvez hoje tenha a oportunidade de dizer aos parlamentares que é essencialmente presidente do Senado e do Congresso. É um achincalhe, um acinte à inteligência dos parlamentares uma matéria dessa complexidade ser aprovada sem que tenhamos sequer o direito dela ser aprimorada", afirmou Aécio.

O tucano lembrou que presidiu a Câmara por dois anos, durante o governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB), sem que tenha atendido todas as ordens do Palácio do Planalto. "Quando lá cheguei, abdiquei da condição de líder do governo FHC. Me transformei em presidente da instituição."

Aécio disse que os aliados de Dilma têm "medo" de enfrentar a presidente e, por isso, acatam todas as determinações palacianas. "Fomos eleitos não para dizer amém à presidente da República. Não tive temor com o presidente FHC. Que temor é esse que a presidente impõe aos seus pares, à base aliada? Não há senador da base com coragem suficiente de dizer: presidente, aqui não, é o Congresso. O absolutismo já nos deixou há muito tempo."

O Senado discute há quase duas horas a MP dos Portos, aprovada na manhã de hoje pela Câmara. Senadores oposicionistas e da própria base aliada de Dilma protestam contra o pouco tempo que terão para analisar a matéria, já que a medida provisória perde a validade à meia-noite de sexta-feira. Se não for votada até lá, ela deixa de vigorar.

Aliado do governo, o senador Rodrigo Rollemberg (PSB-DF) pediu que Renan suspenda a sessão para que os congressistas tenham tempo de analisar o texto aprovado pelos deputados –já que houve mudanças promovidas pela Câmara.

Ao defender que a sessão seja retomada à tarde para que os senadores leiam o texto aprovado pela Câmara, Rollemberg disse que há um "constrangimento" na Casa ao forçá-la a votar o texto de forma acelerada.

O senador Blairo Maggi (PR-MT), que também é governista, disse que o Senado vai analisar a matéria sem ter conhecimento das mudanças feitas pela Câmara. "Sou favorável a que a gente leve adiante a votação, porém com quadro comparativo para que os senadores possam olhar as diferenças que temos nesse sentido. A articulação política do governo tem que fazer acordo com o nosso relator para sabermos o que será ou não vetado", afirmou.

Para o senador Pedro Taques (PDT-MT), do grupo dos chamados "independentes", o Senado não pode continuar como "batedor de carimbo" de medidas provisórias. "Precisamos restaurar a função do Poder Legislativo, desta Casa. Não podemos continuar como batedores de carimbo, enquanto a Câmara, segundo alguns, seriam batedores de carteira."

O senador Cristovam Buarque (PDT-DF) disse que Renan deveria corrigir a "aberração" da tramitação da medida provisória dos Portos na sessão de hoje, sem a sua aprovação. "Aberração, a gente não deixa para corrigir aproxima. A gente corrige no primeiro ato. A gente está caminhando para votar um projeto que reconhecemos que não lemos. Evite o nosso constrangimento, que é seu também, e peça à presidente que nos dê 60 dias", apelou.

Para o senador Cyro Miranda (PSDB-GO), o Senado foi submetido a um "estupro" por parte do governo. "O estupro não pode valer só por hoje, e amanhã ele não vai valer mais."



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