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Acordo para cessar-fogo na Síria começa nesta segunda-feira

NESTA SEGUNDA


12/09/2016

Começa nesta segunda-feira (12), a partir do pôr-do-sol, o acordo para cessar-fogo na Síria, anunciado por Estados Unidos e Rússia na sexta-feira (9) – e aprovado pelo governo sírio.

O secretário de Estado americano, John Kerry, e o ministro russo das Relações Exteriores, Sergey Lavrov, que apoiam lados opostos na guerra, anunciaram a trégua durante uma reunião em Genebra, na Suíça, com o objetivo de encontrar uma solução política para a crise da Síria. O país vive em guerra há seis anos e já registrou mais de 290 mil mortes neste período.

De acordo com a resolução, além do cessar-fogo, os países vão fazer melhorias no acesso da ajuda e ataques conjuntos a grupos de militantes islâmicos proibidos.
Após o anúncio, ataques aéreos na cidade de Idlib, na Síria, deixaram pelo menos 60 mortos, no sábado (10) – de acordo com boletim divulgado pelo Observatório Sírio de Direitos Humanos (OSDH). Em Aleppo, outras 45 pessoas morreram, de acordo com a BBC.

O influente grupo rebelde islamita sírio Ahrar al-Sham rejeitou o acordo alegando que ele servirá apenas para "reforçar" o governo de Damasco e "aumentar o sofrimento" do povo. Este foi o primeiro grupo rebelde a reagir oficialmente ao acordo.

Assad reza em Mesquita em Damasco
O presidente sírio, Bashar al- Assad, rezou nesta segunda-feira (12) em uma mesquita em um subúrbio de Damasco, que tinha sido um símbolo importante da revolta contra ele, até que foi evacuada por combatentes rebeldes e suas famílias no mês passado.

Assad visitou a cidade de Daraya, a sudoeste de Damasco, por ocasião do Eid al- Adha. A entrega de Daraya às forças do governo marcou um golpe significativo para os cinco anos de duração da rebelião contra Assad.

Resolução
Sete dias após o início do cessar-fogo, Rússia e EUA irão estabelecer um grupo que coordenará uma ação conjunta para combater o Estado Islâmico e a Frente Al-Nusra.

A ação inclui acessar todas as áreas cercadas, incluindo Aleppo. Ex-capital econômica do país, Aleppo é um dos bastiões da rebelião para derrubar o presidente Bashar al-Assad, cujas forças têm o apoio terrestre de milícias xiitas de países vizinhos e o apoio aéreo da Rússia.

O secretário americano apelou aos grupos de oposição, que querem a saída de Assad, para que eles se distanciem de todas as formas do EI e da Al-Nusra. “Precisamos ir atrás desses terroristas de uma maneira estratégica, precisa e legal”. “Da complexidade da Síria está emergindo uma simples escolha entre a guerra e a paz”, acrescentou.

Lavrov disse que após a implementação do cessar-fogo, EUA e Rússia vão agir para separar os grupos terroristas de oposicionistas moderados ao governo de Assad. Depois, iniciarão ataques aéreos aos terroristas. Serão determinadas áreas onde apenas as forças aéreas russa e americana poderão agir, explicou Lavrov. A Força Aérea síria vai agir em outras áreas.

Guerra na Síria
Mais de 290 mil pessoas morreram na guerra civil que começou há 6 anos. Os EUA apoiam os rebeldes moderados e curdos que lutam na Síria, além de liderar a coalização internacional que bombardeia alvos do Estado Islâmico no país. Já a Rússia apoia o Exército do presidente Bashar al-Assad.

Uma trégua anunciada em fevereiro entre os inimigos da Guerra Fria entrou em colapso e diálogos de paz ruíram, com o governo sírio e a oposição fazendo acusações mútuas de violações. Os confrontos têm crescido desde então no país, particularmente na cidade dividida de Aleppo, onde os avanços de ambos os lados cortaram suprimentos, energia e água para cerca de 2 milhões de moradores de áreas pró-governo e favoráveis aos rebeldes.

A cidade está dividida em duas desde julho de 2012: a leste ficam os bairros rebeldes e a oeste os bairros controlados pelo regime. Os bombardeios de aviões do regime sírio e de seus aliados russos são lançados diariamente. O regime é acusado pela Defesa Civil da Síria, uma organização de agentes de resgate que opera em áreas controladas por rebeldes, por lançar bombas-barril contendo gás cloro em Aleppo.

Em agosto, o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, alertou sobre o que chamou de uma “catástrofe humanitária” sem precedentes em Aleppo.



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