Educação

40% concluem Médio sem dominar Português

Competências


28/03/2014

 Quase quatro em cada dez Alunos chegaram ao fim do Ensino médio na rede estadual de São Paulo sabendo menos do que o básico em Português. No 9.º ano, essa proporção é de três em cada dez. Como o Estado revelou ontem, a qualidade da Educação caiu no Ensino médio e ficou estagnada no fim do fundamental, segundo o Índice de Desenvolvimento da Educação do Estado de São Paulo (Idesp). Os níveis de proficiência são organizados a partir da pontuação dos Alunos nas provas de Português e Matemática no Sistema de Avaliação do Rendimento Escolar do Estado de São Paulo (Saresp).

São quatro níveis: abaixo do básico, básico, adequado e avançado. A Secretaria de Estado da Educação considera como suficiente o desempenho dos Alunos que fiquem entre os níveis básico e avançado. A pasta não informou, no entanto, as médias alcançadas pela rede nas duas provas –não é possível saber se houve piora nas duas avaliações.

A proporção de Alunos que ficaram no pior nível de proficiência (abaixo do básico) aumentou tanto no ciclo 2 do fundamental (6.º ao 9.º ano) quanto no médio entre 2013 e 2012. No fundamental, 30% ficaram no patamar, ante 28,5% no ano anterior. São Alunos incapazes, por exemplo, de organizar, em sequência, os episódios principais do enredo, em conto e fábula. Já no Ensino médio, 39,6% estão nesse nível mais baixo, ante 34,4% em 2012.

Com esse desempenho, um Aluno do 3.º ano não consegue,por exemplo,distinguir um fato da opinião sobre esse mesmo fato em um artigo opinativo. Em Matemática, a proporção de Alunos no nível mais baixo caiu nos anos finais do fundamental (de 36,6%, em 2012, para 36,5% em 2013) e no médio (de 55,8% para 55%).Isso significa que esses Alunos não conseguem identificar o raio de uma circunferência, por exemplo.

O Idesp é calculado a partir dos resultados do Saresp e do fluxo (reprovação e abandono). Cada Escola tem seu próprio índice,a partir do qualé mensurada a taxa da rede. Como o Estado revelou ontem, o Ensino médio caiu de 1,91 para 1,83 e o ciclo final do fundamental ficou estagnado em 2,50 entre 2012 e 2013. As metas para 2030 são de 5 e 6, respectivamente.

O governador Geraldo Alckmin (PSDB) comentou ontem o Idesp da rede. “O Ensino médio é uma dificuldade no mundo todo”, afirmou ele. Comemoração.Alckmin comemorou o desempenho da rede nos anos iniciais (1.ª a 5.ª série). “É o melhor índice de toda a série histórica”, disse. A etapa vem em ritmo de melhora e cresceu de 4,28 para 4,42 – a meta é de 7, também até 2030.

Segundo dados da Secretaria, 16,1% dos Alunos do 5.º ano estão nos níveis abaixo do básico em Português (esse porcentual era de 18,1% em 2012).Em Matemática, o índice é de 26,1% no nível mais baixo (em 2012 era de 27,9%). A partir deste ano, a pasta divulgou dados de avaliação no 2º ano,em que 94,6% dos Alunos estão entre os níveis básico e avançado em Português – o que representa, segundo o governo, que sabem ler e escrever.

Cai o número de Escolas que vão receber bônus

Caiu o número de Escolas que atingiram as metas do Idesp e cujos funcionários receberão bônus no pagamento. Os servidores de 4.030 Escolas – que representam 81% do total no Estado de São Paulo – terão direito a pagamento de bônus. No ano passado, 85,1% das unidades Escolares tiveram bom desempenho para receber a bonificação.

A Secretaria de Educação ainda não informou quantos servidores receberão o bônus, quanto e quando ele será pago. O Estado precisa realizar o pagamento ainda neste mês. No ano passado, o governo pagou R$ 590 milhões na bonificação, com prêmios superiores a R$ 8 mil. A partir deste ano, o bônus também leva em conta o índice socioeconômico das Escolas, como revelou ontem o Estado.

Opinião: Escola não consegue lidar com a nova cultura jovem

O s desafios que enfrentamos na Educação dos jovens se repetem na América Latina e em muitos países da Europa. A Escola não sabe como lidar com essa nova cultura jovem e com as grandes mudanças de seu cotidiano nos últimos 20 anos.

O que vemos em todas as pesquisas sobre a juventude e a Escola é que os jovens reclamam de uma profunda insatisfação com a forma que a Escola o acolhe e da resposta que dá às suas demandas. Sem dúvida, a Escola não é um ambiente acolhedor, o clima não é bom, há muitas carências – e é muito difícil estudar em um lugar assim. Acredito profundamente que o impacto é muito negativo no processo de aprendizado quando não há um clima apropriado na Escola.

Governos estaduais, municipais e federal precisam trabalhar juntos e assumir suas responsabilidades para conseguir uma Escola de qualidade. Sem Docentes qualificados não vamos conseguir avanços. Mas, quando olhamos bons exemplos, fica claro o papel importante da gestão da Escola e dos diretores. Daí o papel fundamental das secretarias, que precisam fomentar o surgimento desses profissionais.

Jorge Werthein. *É Educador E ASSESSOR DE Educação DA FUNDAÇÃO EDUCATION ABOVE ALL, QATAR



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