Futebol

Zé Roberto atinge 80 jogos e se rende a Enderson

Grênio


21/02/2014



 Com quase 40 anos, Zé Roberto reúne de carreira o que Luan tem de idade. Foi do garoto que o experiente camisa 10 recebeu belo passe na quarta para fazer seu primeiro gol pelo Grêmio em 2014, no 3 a 2 sobre o Caxias. Um gol, aliás, que o próprio confessa ter buscado com esmero especial. Por quê? Muito para coroar a sua retomada, após um segundo semestre em que vivera situação "inédita", de sentar longamente no banco de reservas no time de Renato Gaúcho. Mas também porque Zé Roberto alimenta a incrível capacidade de desfrutar de novas experiências com a mente fresca como se tivesse os 20 anos de Luan. Com alma de garoto, também revela, em conversa com o GloboEsporte.com, a admiração imediata pelo novo técnico, de apenas 42 anos, figura mais recente da infindável lista de mentores do rodado jogador:

– Olha, vivi já muitos vestiários, do Real Madrid, do Bayer… tenho sentido esse vestiário diferente. O Enderson (Moreira) resgatou a nossa alegria de jogar futebol.

As comemorações não param por aí. Zé Roberto completou diante do Caxias seu jogo oficial de número 80 com a camisa do Grêmio – chegou em junho de 2012. Garante, assertivo, ser esse mais um sentimento diferenciado na carreira, que ainda não tem data para terminar. Mas que tem um objetivo bem claro. Conquistar um título vestindo a camiseta tricolor. Pode ser a Libertadores – o time já venceu na estreia o Nacional-URU e, na terça, pega o Nacional-COL, na Arena.

GloboEsporte.com – Qual a sensação desse primeiro gol no ano?
Zé Roberto – Fiquei feliz pelo gol, foi muito importante. Eu já estava buscando esse primeiro gol. Foi o meu 15º pelo Grêmio. Espero que seja o sinal de uma retomada dos gols, como foi no meu primeiro semestre de 2013, que estava muito bem.

Tem a marca de 80 jogos oficias também. Você esperava chegar a tanto?
Digo que 80 jogos é motivo de muita alegria. Mas não esperava fazer 80 jogos aqui, tão rápido. Antes de vir para o Grêmio, muitas pessoas me alertavam da pressão e da cobrança em jogar no Rio Grande do Sul. Visualizei tudo isso. Vi que não poderia vir aqui para uma mera passagem, apenas mais um clube na carreira. Vim no sentido de marcar época.

Algum jogo em especial?
Tenho, sim. O jogo contra o São Paulo (vitória de 2 a 1 em novembro de 2012, que garantiu o Grêmio na Libertadores). O Olímpico em lotação máxima. Eu estava com contrato encerrando, e todo mundo gritando: “Fica, Zé”. Foi a primeira vez que senti isso na minha vida. Me marcou muito. Tem sido assim aqui. Tenho experimentado coisas novas sempre no Grêmio.

E novamente esse ano teve a questão da renovação. Por que ficar?
Pesou minha identificação rápida. Não tem preço. Eu só poderia retribuir o carinho. E me dá possibilidade de encerrar aqui, de ser o meu último clube. Estou muito feliz. Fizemos uma grande pré-temporada. Foi importante para dar sustentação, num calendário maluco como o nosso. Tem o clima. O vestiário de muita harmonia. O Enderson resgatou a nossa alegria de jogar futebol.

Isso quer dizer que em 2013, com Renato, não havia alegria no vestiário?
Não é isso. É que já vivi muitos vestiários e estou sentindo isso agora. É algo muito particular, que vem de mim, de ter esse sentimento. Tenho sentido o nosso vestiário diferente. Todos se identificaram com a filosofia do técnico. Há um sentimento de que algo bom vai acontecer.

Pressentimento de títulos?
Nos falta um título, sem dúvidas. Esse é o meu grande objetivo. Deixo para trás as marcas pessoas, artilharias, qualquer coisa. E esse ano a possibilidade de título é grande.

O torcedor quer muito a Libertadores. Você estava na edição do ano passado. O que há de diferente, que possa ser usado como trunfo agora?
Estamos mais preparados. Em 2013, houve grandes contratações e a expectativa foi até além do que se podia. A gente entra hoje com menos gabarito. E isso é bom. Nos deixa mais focados.

Sem grandes contratações, surgem garotos. O que dizer do Luan?
O Luan tem um talento muito grande, vai crescer muito ainda. Eu sempre me inspirava nos mais velhos quando comecei na Portuguesa, como o Capitão, o Dener. Quando você é jovem, precisa ter foco e ser profissional. Você já percebe que ele tem essa sensibilidade, sempre observando bastante.

E você, que não é garoto, tem data para parar?
Ainda não sei quando vou parar. Mas só de saber que chego quase aos 40 anos (completa em julho) ainda com muita lenha para queimar é um privilégio. Só tenho a agradecer a Deus por minha genética. Mas eu também cuidei muito da minha carreira. E agora estou desfrutando.



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