Economia & Negócios

XXI análise Ceplan avalia economia em 2016 e apresenta perspectivas para 2017

ECONOMIA


14/12/2016



Num cenário de crise econômica, política, moral e institucional, a Ceplan Consultoria Econômica e Planejamento, apresentou nesta quarta-feira, 14, a executivos e empresários associados à Câmara Americana de Comércio (Amcham Recife), a XXI Análise Ceplan, um estudo da conjuntura econômica de 2016 e das perspectivas para 2017 elaborado pelos economistas da consultoria.

Na apresentação, o economista e sócio diretor da Ceplan, Jorge Jatobá, traçou perspectivas para 2017 baseadas nos números e cenários de 2016 revelando que, apesar dos resultados, os empresários que responderam às sondagens setoriais de novembro, estão mais otimistas do que estavam há um ano atrás. Uma das justificativas pode ser a queda da inflação e a desaceleração da queda do Produto Interno Bruto (PIB) que apresentou uma redução de 2,9% no último trimestre – quase metade da registrada no primeiro trimestre, de 5,4%. A inflação de novembro, apurada pelo Índice de Preços ao Consumidor (IPCA) da Fundação Getúlio Vargas, de 6,99% tende a convergir nos próximos meses para o intervalo situado entre o centro (4,5%) e o teto da meta (6,5%).

Mas a realidade econômica do país revela declínios acentuados no PIB total e por setor de janeiro a setembro de 2016 em comparação com o mesmo período de 2015. O maior deles é o da Agricultura, de -6,9%, seguido pelo da Indústria, de -4,3%, e que refletem-se na redução de 7,4% na arrecadação de impostos.

Pelo lado da demanda, o impacto aparece na diminuição de 11,6% nos investimentos e de 4,7% no consumo das famílias brasileiras, os dois maiores motores do crescimento econômico do país.

Como a necessidade de se manter a roda da Economia girando e resgatar o país da quebradeira é maior, os juros começaram a cair, encerrando novembro de 2016 com uma taxa de 13,5% ao ano. A queda da inflação pode abrir espaço para um declínio mais acentuado dos juros, reduzindo seu impacto fortemente negativo sobre as contas públicas e sobre o nível de atividade econômica.

Para os que apostam no mercado externo, o ano termina favorável graças à valorização do Real frente ao dólar, incentivando o aumento das exportações – até setembro deste ano, elas cresceram 5,2%, enquanto as importações caíram 13,1%, refletindo a retração da economia brasileira. Com isso, aparece a recuperação da balança comercial que, pelas projeções do Banco Central, deve encerrar o ano com um saldo de US$ 49 bilhões.

“À crise fiscal da União soma-se agora a dos estados que difere entre as unidades da federação, mas que repousam em causas estruturais agravadas pela conjuntura econômica adversa”, afirma Jorge Jatobá.

REALIDADE REGIONAL

No Nordeste, os últimos anos de crescimento e de desempenho econômico acima dos nacionais registrados pela região e por alguns dos seus Estados parecem relegados ao esquecimento. De acordo com a XXI Análise Ceplan, na comparação entre o primeiro semestre de 2016 e o primeiro semestre de 2015, enquanto o PIB nacional caiu -4,6%, o de Pernambuco caiu 6,7%; o do Ceará, 5,1% e o da Bahia, 3,9%.

No comparativo entre o terceiro trimestre de 2016 e o mesmo período de 2015, o desemprego no Nordeste cresceu de 10,8% para 14,1%, índice, em 2016, maior do que o resultado de 11,8% para o Brasil e menor do que o desemprego observado para Pernambuco (15,3%). No entanto, segundo pesquisas do Ministério do Trabalho, o estoque de empregos formais em outubro de 2016, em relação a outubro de 2015, sofreu menor queda no Nordeste (-2,7%) do que no país (-3%). Em Pernambuco, foi pior: -3.9%.

No Estado, os empregos cresceram apenas no segmento de Serviços Industriais de Utilidade Pública (2,3%). A construção civil, que liderava as contratações há alguns anos, apresentou uma queda de 18% na geração de postos de trabalho. “Isso resulta dos efeitos da recessão nacional, da desmobilização das grandes obras do complexo de Suape e, até, das ações de combate a corrupção”, explica Jorge Jatobá.

No meio de outras consequências, a massa de salários vem despencando no Nordeste: -7,2% contra -4,2% de queda no país. Entre os Estados com maiores variações negativas na massa salarial estão Pernambuco (-10,8%), Bahia (-10,7%) e Paraíba (-8,7%). A menor redução, de -1,3%, ocorreu no Maranhão e no Ceará (-2,2%).

PERSPECTIVAS

Estamos deixando para trás um ano com elevação da dívida interna, queda nos investimentos e consumo das famílias, desemprego elevado, Estados endividados, e outros indicadores que afetarão as expectativas dos agentes

econômicos para o desempenho da economia em 2017. O ambiente de negócios vive incertezas decorrentes dos maus ventos da política.

“As mudanças defendidas pelo governo podem até dar certo, mas não em curto prazo que exige medidas de estimulo mais rápido ao consumo e investimento, como as que deverão ser anunciadas ainda nesta semana pelo governo”, avalia Jorge Jatobá.

Se as medidas de curto e médio prazo forem bem sucedidas poderão, segundo ele, gerar expectativas positivas nos agentes econômicos cujas estimativas são recolhidas e sistematizadas semanalmente pelo Boletim Focus, do Banco Central. Entre estas destacam-se a estimativa de um PIB positivo de 0,70%, e de uma inflação, pelo IPCA, de 4,90%, em 2017.

As projeções da Ceplan para o desempenho econômico nacional e estadual, fundamentadas no contexto econômico e político mais recente, são mais pessimistas: -0,5% para o Brasil e -2,7% para Pernambuco. Já para a inflação são mais otimistas, prevendo uma taxa de 3,4%, abaixo do centro da meta de 4,5%.

Todavia, caso as condições políticas e macroeconômicas sejam favoráveis é possível que Pernambuco retome com velocidade e intensidade seu crescimento econômico no segundo semestre de 2017. 



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