O analista político e econômico do WSCOM Online, Walter Santos, avalia em novo artigo publicado no portal os efeitos da forte aproximação política do deputado federal Manoel Junior (PMDB) ao presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ).

Eduardo Cunha estaria trabalhando nos bastidores para ser pré-candidato a presidente da República, em 2018. Pesquisa realizada por O Globo dá 5% ao presidente da Câmara na disputa. Segundo Walter Santos, isso referenda o posicionamento de Manoel Júnior.

A aposta de Manoel Júnior e os efeitos no futuro

Quem acompanha o mandato do deputado federal Manoel Júnior se depara com um parlamentar de resultados, sempre envolvidos nos debates da Casa (Câmara Federal), da mesma forma com as questões da Paraiba em particular de João Pessoa, entretanto, nos últimos tempos tem se deparado com um defensor – mor do presidente Eduardo Cunha.

Se reparar direito, este posicionamento de Manoel Júnior tem registro de uns tempos para cá, quando resolveu adotar o parlamentar carioca como seu Guru e líder político.

Conviver e expandir relações é natural e faz parte da natureza humana, entretanto, os benefícios que o deputado paraibano tem conquistado com a convivência com Eduardo Cunha tem lhe cegado em questões de fundo e de essência parlamentar.

Para se ter uma idéia, Manoel Junior joga todas as suas fichas na hipótese de Eduardo Cunha vir a ser candidato a presidente da República, aliás já acha que ele está crescendo, como nos disse neste domingo, após edição do Jornal O Globo, nutrindo esta condição a irradiar e envolver outros deputados paraibanos.

Na prática, o combativo parlamentar de Pedras de Fogo não consegue enxergar outros efeitos, que pode sobrar para ele nos debates de futuro a partir da disputa de João Pessoa – isto é, se o senador José Maranhão permitir, já que trabalha uma aliança com Ricardo Coutinho – porque a agenda e o perfil de Eduardo Cunha por ser extremamente conservador e estar na contramão dos movimentos sociais, todo este cenário deve respingar na trajetória de Manoel Junior, embora ele dê pouca importância ao voto de opinião.

Mas precisa refletir não só esta pauta e agenda conservadora, retrograda, como se dá na questão da Terceirização ameaçando conquistas históricas dos trabalhadores de uma forma geral, da mesma forma que as matérias de fundo como a redução da maioridade penal, os projetos sobre conquistas de minorias que podem ser solapadas, etc. Tudo isto leva Manoel Junior para a construção de um perfil muito conservador.

Está certo que tudo é uma questão de debate e reflexão democrática sobre atuação política, entretanto, se não se advertir a tempo ele estar desfazendo o perfil ascendente de uma atuação renovada popularmente mas que, com esse novo manequim, pode enfrentar a desconstrução como nunca imagina.

É aquela velha história, muito conhecida dos meninos letrados do bairro da Torre, agora ele tem forte estrutura no inverso de antes, mas corre riscos de perder o discurso de diálogo com diferentes bases sociais e ideológicas. Ele precisa refletir e se advertir.