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Walter Santos avalia homenagem a Pinto do Acordeon por Bolsonaro e faz outra leitura de reconhecimento


01/09/2020

Por que o genial Pinto do Acordeon e Gonzagão faltaram à aula de história, cidadania e respeito aos direitos humanos ?

Todos, sem exceção, têm consciência da história de Pinto do Acordeon como artista magnifico, mesmo assim em que pese o reconhecimento, somos tomados a indagar por que ele conduz consigo o mesmo hábito singular de artistas populares geniais do nível de Luiz Gonzaga de adorar Governos, sobretudo de extrema Direita?

Quando sua querida Madalena, muito importante, expôs ao mundo o ramalhete ao lado de Bolsonaro atraindo até pranto do chefe do executivo , fiquei tomado de reconhecimento mas, de cara, lembrei de Gonzagão com Figueiredo em plena Ditadura e de Amazan bajulando o presidente dias atrás sem necessidade nenhuma.

Ao que parece, nenhum dos três artistas assistiu às aulas de história para saber como nosso antepassado e presente índio, negro e pobre, mais tarde atraindo religiosos, sempre foram massacrados pelos autoritários dessa leva ideológica que sobrevive impondo a porrada, o retrocesso e a falta de perspectiva em nome de um Deus desfigurado. Não se pode matar em nome da Fé.

Não, não é xiitismo nem ingratidão, mas é duro ver a história de um negro com a bela biografia de Pinto reproduzir a convivência com a cultura da brutalidade, da nova fase matando negros pobres de roldão, armando de bala ricos e milicianos contra pobres de sempre, tocando fogo na Amazônia, no Pantanal, transformando o Rio de Janeiro num inferno, matando índios com desassistência, ainda assim querer tirar proveito e parecer solidário com o Nordestino maravilhoso sem nenhum gesto humano verdadeiro a merecer tamanho reconhecimento.

Acato com ressalvas a escolha ideológica e até alinhada do artista com setores neopentecostais liderados por Waldomiros, Malafaias, Flordelis e suas orgiais, mas o passado real de Pinto é de eterno personagem humano explorado por coronéis e políticos, mesmo com sua genialidade posta, por isso diante de tudo, me remeto ao abraço solidário certo de que, como diria o poeta, o perdão foi feito para perdoar.

Nossa Gente entende, mas tem convicção de que o melhor lugar do artista deveria estar próximo do povo laico, plural, tolerante e longe do fascismo.

Conceição do Piancó seria um pouco mais feliz com os filhos de batedores de telhas, sanfoneiros geniais, sem adotar essa cumplicidade com a cultura dessa gente violenta e desumana. Tudo em nome de Deus.

Não, Pinto do Acordeon é muito maior do que tudo!


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