Cinema

VÍDEO: Estudante leva mais de 200 crianças para assistir “Pantera Negra”

Vitória Sant'Anna Silva mobilizou diversas pessoas através de uma postagem nas redes sociais


01/03/2018



A iniciativa de uma jovem estudante de pedagogia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs) levou mais de 200 crianças até o cinema, para assistir ao filme “Pantera Negra” na tarde desta terça-feira, em Porto Alegre. Moradora da comunidade Princesa Isabel, no bairro Azenha, Vitória Sant’Anna Silva, 22 anos, mobilizou diversas pessoas através de uma postagem em uma rede social, após ela assistir ao filme.

Ela contou que saiu da sessão maravilhada e com a missão de levar o maior número possível de crianças negras para ter o mesmo sentimento que ela teve. “Eu fui criada em um ambiente muito comunitário, cresci vendo a minha mãe com projetos sociais. Em 1994 ela mobilizou para levar os pequenos para assistir o ‘Rei Leão’. Estou muito feliz e maravilhada”, declarou.

Com firmeza, ela disse que a educação tem um papel transformador, assim como o cinema. “Eu fiquei impactada por ser um filme de super-herói, voltado para o público infanto-juvenil, onde 99% do elenco é formado por pessoas negras. Tive aquele sentimento forte de fazer algo a mais. Inicialmente queria levar 30 crianças, cheguei a ser acusada de racista pela rede por usar o termo criança negra, mas em seis dias de campanha, consegui trazer mais de 200 crianças”, comemorou.

O sorriso largo da estudante mostrava a alegria e a satisfação da ajuda que obteve de todos. “Quero muito ver a carinha de cada um. Muitos foram ao cinema pela primeira vez, ou é a primeira sessão 3D que assistem. Com essa ação estamos promovendo mais cultura. O shopping é excludente e o cinema é caro demais para uma família que tem quatro ou cinco integrantes”, enfatizou.

Representatividade

O sentimento de representatividade fala alto, segundo a promotora da iniciativa. “O personagem negro é muito importante, já que as crianças não conseguem se ver em nenhum lugar. Não há anjos negros, o lápis cor-de-pele não é da sua cor, rainhas e princesas também não, eu, na minha infância, nunca vi um elenco todo negro como no Pantera”, explicou.

Crianças brancas de comunidades carentes, como da Cruzeiro, Princesa Isabel e Conceição, também participaram, do momento. “Trouxemos porque elas também estão inseridas dentro de um cenário de periferia, a diferença é que elas não sofrem tanto preconceito quanto as negras. A primeira vez que fui discriminada foi na escola, na educação infantil. Isso é muito forte.” O poder de inclusão do cinema, conforme a jovem, eleva a autoestima e faz com que crianças e adolescentes se sintam identificadas.

A bibliotecária Cristina França, 43 anos, ajudou Vitória. “Eu vi a postagem dela e doei, além disso me ofereci para colaborar. Foi uma ação individual dela, que tomou grandes proporções. O filme é altivo, positivo e tem uma forte mensagem de pertencimento. Os participantes da ação puderam ter um momento de grande autoestima e representatividade, ao menos foi a sensação que outras pessoas negras tiveram.”

Ela elogiou a formação do longa e a criação dos personagens, cada um importante, dentro do seu contexto da história. “Nós fomos na casa das crianças e tivemos uma semana para organizar tudo. Conseguimos atingir aquele público que queríamos.” Segundo ela, as brincadeiras nas comunidades vão mudar através da mensagem passada pelo filme. “Eles poderão brincar de Pantera Negra, meninas vão querer ser soldado. Não vai ser apenas mocinho e bandido, serão construídas novas fantasias.”

“Tenho medo do escuro, mas estou feliz em estar aqui”

A estudante Evelin Silva, 16 anos, foi uma das beneficiadas com a iniciativa e agradeceu a idealizadora. “É muito legal, estou muito feliz em estar aqui. Através do filme a gente poderá aprender e repassar a mensagem para ouras pessoas”, salientou.

Com as mãos carregadas de refrigerante e pipoca, Maria Clara, 6 anos, estava com muita expectativa para o início da sessão. “Eu já vim no cinema com a escola, mas hoje vou ver pessoas iguais a mim”, expressou. Junto com ela, Ani Amaral Raimundo, 7 anos, também contava os minutos para a abertura das roletas. “Estou nervosa. Tenho medo do escuro, mas estou muito feliz em poder estar aqui.”

Fonte: Correio do Povo



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