Brasil

“Vermelho”: Polícia Federal divulga depoimento de “hacker de Araraquara”

Hacker afirmou, em depoimento, que chegou aos membros da força-tarefa da Operação Lava Jato a partir de uma invasão do celular de um promotor de Araraquara.


27/07/2019

Na imagem, Walter Delgatti Neto



Preso suspeito de hackear o telefone de diversas autoridades, Walter Delgatti Neto, conhecido como “Vermelho”, afirmou, em depoimento à Polícia Federal (PF), que chegou aos membros da força-tarefa da Operação Lava Jato a partir de uma invasão do celular de um promotor de Araraquara.

 

Segundo as declarações prestadas à PF, o primeiro alvo de seu ataque foi o promotor de Justiça Marcel Zanin Bombardi, responsável por apresentar uma denúncia contra Delgatti Neto pelo crime de tráfico de drogas com medicamentos controlados. O hacker contou que resolveu atacar o aparelho de Bombardi por atos que ele considerava “ilícitos” cometidos pelo promotor.

 

As conversas de Bombardi no aplicativo de mensagens Telegram foram armazenadas por “Vermelho” em seu notebook. Ele disse que não publicou o conteúdo das mensagens por “temer ser vinculado ao ataque”, uma vez que morava em uma “cidade pequena” e ser conhecido por ter “conhecimento avançado em informática”.

 

A partir da lista de contatos de Marcel Zanin Bombardi, Delgatti iniciou uma série de invasões. Bombardi possuía, em sua agenda, o número de telefone de um integrante do “Valoriza MPF”, grupo de Telegram criado pelo procurador regional da República José Robalinho Cavalcanti. Um dos membros do grupo, cujo nome o hacker disse não se recorda, tinha o contato do deputado federal Kim Kataguiri (DEM-SP). Através do celular do parlamentar, “Vermelho” chegou ao número do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes.

 

A invasão ao aparelho de Moraes forneceu a Delgatti Neto o telefone do ex-procurador-geral da República, Rodrigo Janot. Por meio da agenda de Janot, ele conta ter obtido o número de membros da força-tarefa da Lava Jato, como os procuradores Deltan Dallagnol, Orlando Martello Júnior e Januário Paludo.

 

Segundo Delgatti Neto, o acesso aos telefones das autoridades ocorreu entre março e maio de 2019, e que somente armazenou o conteúdo das conversas dos membros do Ministério Público do Paraná, porque, em sua avaliação, constatou “atos ilícitos” dos procuradores.

 

Vermelho chegou ao número de Sergio Moro através da agenda de Dallagnol. O hacker, então, obteve o códio utilizado pelo Telegram para criar uma conta vinculada ao atual ministro da Justiça. Delgatti ressaltou que não obteve nenhum conteúdo da conta de Moro no aplicativo de mensagens.

 

Delgatti Neto foi preso na terça-feira 23, como desdobramento da Operação Spoofing. A PF estima que pelo menos 1000 pessoas, incluindo o presidente Jair Bolsonaro, a deputada Joice Hasselmann, líder do governo no Congresso, e o ministro da Economia, Paulo Guedes. O hacker também disse ter acessado o aplicativo do ex-governador Luiz Fernando Pezão e dos ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff.

 

Contato

Em seu depoimento, Delgatti Neto também afirmou que procurou a ex-deputada federal Manuela D’Avila (PCdoB-RS) para colocá-lo em contato com o jornalista Glenn Greenwald, editor do site The Intercept Brasil, que divulgou as mensagens entre os membros da Operação Lava Jato.

 

“Vermelho” também disse que não editou as mensagens antes de repassá-las ao site e que acredita não ser possível fazer a alteração das mensagens do Telegram em razão do formato utilizado pelo aplicativo. Delgatti Neto contou ter procurado o jornalista Glenn Greenwald, um dos fundadores do The Intercept Brasil, por seu envolvimento no caso Edward Snowden. O hacker também ressaltou que o compartilhamento com o site foi voluntário e gratuito. As informações são de Veja.

 

LEIA MAIS: OAB diz que Moro ‘banca o chefe de quadrilha’ em caso de hackers

 


Portal WSCOM


Em cumprimento à Legislação Eleitoral, o Portal WSCOM suspende temporariamente os comentários dos leitores.