Paraíba

Vereadores de JP discordam de decisão judicial contra leitura da bíblia na CMJP e defendem liberdade para professar a fé

Parlamentares se posicionou sobre a decisão do Tribunal de Justiça que considerou inconstitucional a leitura do texto bíblico no início dos trabalhos


27/09/2022

(Foto: reprodução)

Portal WSCOM



Diversos vereadores se posicionaram sobre a decisão do Pleno do Tribunal de Justiça da Paraíba (TJPB) que julgou inconstitucional o dispositivo do Regimento Interno (RI) da Câmara Municipal de João Pessoa (CMJP) que instituiu a leitura de texto bíblico no início das sessões. A vereadora Rebeca Sodré foi uma que, na manhã de hoje se posicionou contra a decisão. Na tribuna da Casa, a parlamentar defendeu sua liberdade para professar sua fé.

“Hoje cedo estive aqui na missa porque essa é a fé que eu acredito e professo. E esta Casa, jamais, como a casa da democracia, pode ser impedida de permitir que vivamos a nossa fé. Não poderia deixar de falar sobre essa decisão, que pelo que eu vi ainda não foi publicada. O procurador desta Casa, doutor Rodrigo Farias ainda não foi notificado dessa decisão. Essa decisão, importante que se diga, ela só declara inconstitucional a obrigatoriedade da leitura do texto bíblico. O que quer dizer que nós podemos sim ler o texto bíblico. Ela só diz que não pode ser obrigatório. Nós enquanto parlamentares, enquanto indivíduos, enquanto seres humanos de livre e espontânea vontade podemos sim fazer a leitura como foi feito hoje e como deve ser feito todos os dias. Senão, no momento da abertura, então no momento de nossas falas”, defendeu.

A vereadora defendeu a liberdade de falar no que acredita e destacou que os parlamentares sempre defendem o direito da população de forma geral e devem defender a fé e o cristianismo. Segundo ela, o cristianismo vem sendo perseguido todos os dias e os cristãos não podem fugir da responsabilidade de falar da palavra de Deus. “Se estamos aqui hoje é por permissão de Deus. Se estamos aqui hoje discutindo as temáticas importantes para a população é porque Deus permitiu. Para mim isso não é um mandato, é uma missão. Estou aqui porque Deus é o centro da minha vida. É preciso que a gente fale, que não se cale. Não nos calamos diante de outras arbitrariedades, como vãos nos calar diante de uma decisão dessa? Uma decisão que eu acredito que seja equivocada e que esta Casa vá recorrer. Não podemos enquanto cristão nos calar”, asseverou.

O vereador Coronel Sobreira (MDB), em seu primeiro pronunciamento, após sua licença de 120 dias, também abordou a decisão do Pleno do TJPB. O parlamentar defendeu a liberdade do cidadão professar sua fé. “A decisão de ontem do tribunal precisa ser mais aprofundada, pois é controversa. Precisamos estar atentos que o povo brasileiro em sua grande maioria é formado por cristãos, que seguem Jesus Cristo. Seguem a Bíblia Sagrada. Não pode uma decisão dessa ser colocada na CMJP. O Ministério Público Estadual (MPPB) confunde laicidade e laicismo. O Estado laico não é ateu, mas o laicismo sim é contra a religião. Nossa constituição de 1988 não permite laicismo no Estado brasileiro”, arguiu. Ele ainda lembrou que a própria Constituição traz em seu preâmbulo referência a Deus: “…Promulgamos, sob a proteção de Deus, a seguinte Constituição Federativa do Brasil”.

De acordo com o vereador, a Constituição reconhece o valor da reflexão religiosa para a vida pública. “Ela convida a sabedoria da religião para enriquecer a vida e o discurso público em sociedade. Não precisa ser religioso para entender que o ordenamento jurídico do ocidente foi fundamentado nos fundamentos judaicos cristãos. Nos finais de semana, os presídios são invadidos pela igreja católica e evangélica para levar a palavra de Deus aos que ali estão. Será que se eles tivessem o temor a palavra de Deus estariam ali”?  questionou. “Não podemos deixar que a palavra de Deus seja banida. Temos o direito de professar nossa fé. Não fazemos nenhum culto ao lermos a palavra de Deus. Apenas reconhecemos o poder da Bíblia de nos auxiliar para criar leis em prol do nosso povo”, arguiu.

Apartes

Em apartes, os vereadores Bruno Farias (Cidadania), Carlão (PL), Milanez Neto (PV), Reinaldo Maranhão (SD) e Luiz da Padaria (PMB) corroboraram com as palavras do Coronel Sobreira e Rebeca Sodré e defenderam a liberdade de cada um professar sua fé. “As Escrituras Sagradas estão se cumprindo. O apocalipse está se cumprindo na íntegra. Que país é esse em que existem mais crianças pedindo nos sinais do que pessoas alimentadas? Hoje estão querendo calar a voz do criador deste mundo, inclusive dos cargos dessas pessoas que tomaram essa decisão. Nunca perderei o temor a Deus e a fé em Deus na prática de vida. Sem ele nenhum de nós seria nada”, referendou Milanez.

Já a vereadora Cris Furtado (PSB) destacou que muito mais importante de se professar a fé é agir pautado no bem. “Eu acompanhei desde o início essa discussão acerca da decisão. Na minha leitura, muito mais que falar em nome de Deus, o importante é a ação. Não tenho dúvidas que as nossas ações enquanto representantes do povo serão pautadas no bem. Acredito que o que levou a Justiça a uma decisão dessa natureza é a banalização do nome de Deus. Estamos num momento no país em que as pessoas banalizam a crença e utilizam da palavra contida na Bíblia para justificar atitudes que só trazem malefícios à nossa população. Nunca se falou tanto no nome de Deus para justificar o injustificável. Independentemente dessa decisão, continuarei agindo de acordo com meus princípios. O bem por si só se justifica independente do temor. Sou cristã e faço questão de professar a minha fé nos locais adequados, mas não tenho a necessidade de estar o tempo todo falando em nome de Deus para mostrar que sou boa”, ressaltou a vereadora.

Cris Frutado anunciou que vai agendar uma sessão especial com as pessoas que compõem o Fórum da Intolerância Religiosa. “Então esta Casa terá a oportunidade de debater com representantes de diversas religiões acerca dessa intolerância, não só em espaços públicos, mas no dia a dia. As pessoas precisam entender que nós vivemos em um Estado Democrático em que apesar de ser laico todas as manifestações religiosas são permitidas, as religiões cristãs, as religiões de matriz africana, em todas as religiões. Desejo que a maioria dos integrantes dessa Casa venha debater com agente esse tema”, ensejou.

 

Vereadora convida a população a participar de sessão sobre o suicídio

Durante seu pronunciamento a vereadora Rebeca Sodré anunciou que vai realizar uma sessão especial na sexta-feira (30), às 9h, para debater, no Plenário da CMJP, o tema ‘Setembro Amarelo’, mês dedicado à prevenção ao suicídio. “Convido a todos a participar dessa sessão que vai discutir a 4ª causa de morte entre os jovens entre 15 a 29 anos. Vamos falar desse tema de saúde mental. Esse problema acomete toda a nossa sociedade”, ressaltou.



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