Economia

Vaticano publica relatório com apelo por alívio da dívida de países pobres; Nobel de Economia lidera estudo

Documento coordenado pelo Nobel de Economia Joseph Stiglitz alerta para impacto social da dívida e propõe reestruturação urgente para nações em desenvolvimento.


20/06/2025

(Foto: Reprodução)

Anna Barros

O Vaticano publicou, nesta sexta-feira (20), um relatório de economistas que realiza um apelo para diminuir a cobrança de dívidas de países em desenvolvimento. O relatório foi elaborado por cerca de 30 especialistas, convocados pelo papa Francisco, em preparação para o Jubileu 2025, o “Ano Santo” da Igreja Católica.

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O relatório teve como diretor o vencedor do prêmio Nobel de Economia Joseph Stiglitz.

Em um comunicado, os autores do relatório chamam a atenção para a alta dos juros e o seu impacto nos países emergentes.

“No conjunto do mundo em desenvolvimento, a carga média dos juros quase dobrou na última década […] Cinquenta e quatro países em desenvolvimento gastam atualmente 10% ou mais de suas receitas fiscais apenas com o pagamento de juros”, disseram.
“Esta situação desvia recursos de investimentos essenciais em saúde, educação, infraestruturas e resiliência climática, privando milhões de pessoas de cuidados vitais, nutrição e empregos”, continuam os autores.

A alternativa apontada pelo relatório inclui que os credores e os governos devedores “aceitem reestruturações da dívida que ofereçam um alívio suficiente e rápido”. Além disso, foi dado um conselho a instituições multilaterais – incluindo o Fundo Monetário Internacional (FMI) – para que modifiquem as práticas para acabar com resgates de titulares de crédito do setor privado.

“Os especialistas estão cada vez mais de acordo que o sistema atual de endividamento está a serviço dos mercados financeiros e não das populações. Esta situação apresenta o risco de condenar nações inteiras a uma década perdida, ou inclusive algo pior”, diz Joseph Stiglitz, citado no comunicado.

No início de julho, em Sevilha, acontecerá a quarta conferência internacional sobre financiamento para desenvolvimento, onde serão discutidas as conclusões do relatório. As discussões também se estenderão para a Assembleia Geral das Nações Unidas, em setembro, e na reunião da cúpula do G20, em novembro.



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