Economia
Varejo perde espaço na Paraíba enquanto atacado cresce e paga mais, aponta IBGE
Pesquisa Anual de Comércio revela queda de 5,6% no emprego varejista em 2023 e avanço de 21,7% no atacado em dez anos; especialista aponta mudança estrutural no setor.
12/08/2025

Foto: Reprodução
Lara Ribeiro
Apesar de continuar como o principal empregador do comércio paraibano, o varejo registrou retração em diversos indicadores em 2023, segundo a Pesquisa Anual de Comércio (PAC) divulgada pelo IBGE. A concentração ainda é de 72% dos postos de trabalho do setor, porém a participação caiu 2,7 pontos percentuais desde 2014, quando o índice era de 74,7%.
O número de pessoas trabalhando no segmento caiu 5,6% em relação a 2022, passando de 98.155 para 92.630. O recuo também refletiu no total de unidades locais, que diminuiu 5,7% entre 2014 e 2023, e na participação da massa salarial, que reduziu de 66,3% para 65,5% no mesmo recorte de tempo.
Enquanto isso, o comércio por atacado apresentou evolução significativa na última década. Entre 2014 e 2023, o número de trabalhadores formais cresceu 21,7%, chegando a 24.228 pessoas, o maior número registrado desde 2014. Em 2022, a alta foi de 14,1%, mais que o dobro da média nacional (5,8%).
Em participação na ocupação total do comércio estadual, o atacado passou de 16,4% em 2014 para 18,8% em 2023, e na receita bruta saltou de 36,8% para 40,4% (R$ 32,1 bilhões).
O segmento também registrou o maior salário médio do setor, 1,9 salário mínimo, em 2023. No total de unidades, passou de 1.766 empresas em 2014 para 2.163 em 2023 (alta de 22,5%), embora tenha registrado leve queda de 5,3% em 2022.
Para o economista Alexandre Nascimento, o avanço do atacado e a perda de espaço do varejo decorrem de três fatores principais. O atacado opera em grande escala, com centros de distribuição modernos e automação, reduzindo custos.
Além disso, as plataformas digitais, modelos de autosserviço (cash-and-carry) e marketplaces ampliaram o alcance e o volume de vendas B2B, onde empresas compram diretamente do atacado. Por fim, os juros altos, aluguéis e mão de obra mais cara afetaram o varejo, levando a fechamento de lojas e redução de operações.
Alexandre destaca ainda que o segmento paga mais porque demanda maior complexidade técnica, logística avançada e contratos corporativos de alto valor.
“Para não continuar perdendo espaço, o varejo precisa integrar canais físicos e digitais, com retirada na loja, entrega rápida e acompanhamento online. Além de criar marcas próprias e oferecer produtos exclusivos, e apostar em programas de fidelidade e crédito mais atrativos”, ressaltou.
Para o economista, melhorar a eficiência operacional e reduzir custos, agregar serviços extras (instalação, manutenção, assinatura de produtos) e investir em tecnologia e análise de dados para ajustar preços, promoções e sortimento de forma mais inteligente são outros pontos que também podem ajudar o varejo.
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