Saúde

Uso prolongado reduz efeito do botox

Beleza


06/10/2014

 O Brasil realizou 2,1 milhões aplicações de toxina botulínica em 2013 só parta atenuar rugas de expressão, segundo levantamento da ISAPS (International Society Aesthetic Plastic Surgery). De acordo com o oftalmologista do Instituto Penido Burnier, Leôncio Queiroz Neto, ensaios clínicos mostram que o uso prolongado da toxina pode fazer o organismo criar anticorpos que bloqueiam o efeito ao longo do tempo. O problema, comenta, é que aumentar a dose e a frequência da administração pode ser perigoso. Isso porque, na região dos olhos pode causar complicações de acordo com a finalidade da terapia. As principais são:

Rugas
Queda das pálpebras (ptose) e fraqueza muscular
Estrabismo
Ptose, hemorragia atrás do globo ocular e raramente hemorragia interna
Blefaroespasmo
(piscar involuntariamente)
Paralisia palpebral (logoftalmia) que deixa o olho parcialmente abeto e causa olho seco, visão borrada, fotofobia, terce da pálpebra para dentro (entrópio) ou para fora (ectrópio).

Melhor absorção

Queiroz Neto diz que em pessoas que desenvolvem resistência ao botox a única solução é alternar o tratamento com outras marcas de medicação disponíveis no mercado. "Embora todas sejam toxina botulínica, diferenças no veículo podem melhorar a absorção e o resultado dos tratamentos", explica. O efeito depende também da concentração, local e quantidade injetada. Independente da finalidade, a injeção é aplicada entre o músculo e as terminações nervosas que estimulam o movimento para cessar as contrações. O relaxamento muscular melhora a aparência da pele, o alinhamento dos olhos (estrabismo), o espasmo das pálpebras, além de ser indicado para tratar enxaqueca e incontinência urinária.

Riscos do uso

O especialista diz que mesmo em doses adequadas a toxina pode espalhar para outras partes do corpo. "Tive um paciente em tratamento de blefaroespasmo que passou a ter dificuldade para engolir porque a toxina migrou para a garganta. Não é muito comum, mas pode acontecer", afirma. O risco do medicamento espalhar é maior em crianças por terem menos massa muscular, mas também pode ocorrer em adultos quando o tratamento exige doses maiores, mesmo depois de muitos dias da aplicação. Para deixar a pele lisinha o médico diz que são aplicadas 50 unidades. Já para blefaroespasmo a dosagem indicada é 6 vezes maior, ou seja, 300 unidades.

Os sinais de que é necessário atendimento médico imediato porque a toxina espalhou são:
Ø Visão turva ou dupla.
Ø Fraqueza muscular em uma área onde não foi injetada a medicação.
Ø Dificuldade para engolir, falar ou respirar.
Ø Erupções e coceira na pele.
Ø Incontinência urinária.
Ø Alteração na frequência cardíaca e por no peito.

Contraindicações


O médico lembra que para quem já passou dos 65 anos o uso de toxina botulínica para fins estéticos pode não ter resultado satisfatório, independente da alternância das marcas. A toxina também é contraindicada para quem tem inchaço, infecção ou fraqueza muscular na área em que o medicamento deve ser injetado, para diabéticos e alérgicos a leite porque as injeções contêm glicose e lactose.

Interações perigosas com outros medicamentos

Por se tratar de um medicamento com efeitos colaterais como qualquer outro, Queiroz Neto lembra que o uso da toxina junto com alguns remédios tem um efeito molotofe no organismo. Ele destaca os antibióticos da classe dos aminoglicosídeos, como por exemplo, gentamicina, neomicina, estreptomicina, entre outros e a associação com anticolinérgicos como a atropina usada no tratamento de arritmia cardíaca e mal de Parkinson. Por isso, a recomendação para quem está pensando em remoçar é não esquecer de citar medicamentos em uso para o médico. Em alguns casos é melhor adiar o tratamento.



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