Entretenimento

Usina Cultural Energisa expõe trabalhos de Roberto Coura

ENERGISA


22/03/2017



Nesta quinta-feira, 23 de março, a Usina Cultural Energisa abre as portas para a primeira exposição do Edital de Ocupação de Artes Visuais 2017/2018, com uma mostra que traz a obra do renomado fotógrafo e artista visual paraibano, Roberto Coura. O vernissage começa às 20h, na Galeria de Arte da Usina Cultural Energisa, em João Pessoa. O Edital de Ocupação da Galeria 2017/2018 é realizado e patrocinado pela Energisa Paraíba, por meio da Lei Rouanet (Ministério da Cultura).

Diferente dos demais artistas participantes do edital, Coura, assim como Flávio Tavares, foram convidados a expor seus trabalhos na Galeria da Usina, em reconhecimento a trajetória artísticas de ambos.

A Exposição ‘Fragmentos – 1972 / 2000’, de Roberto Coura, traz trabalhos produzidos ao longo de 28 anos de carreira (entre 1972 e 2000). Ao todo, são 70 fotografias em preto e branco.

Coura iniciou no mundo da fotografia ainda na juventude, por volta dos 20 anos de idade. Já desse período, surgem grandes ensaios fotográficos, hoje reconhecidos como seminais para a compreensão da recente história da fotografia paraibana a exemplo das fotos ‘O Bairro da Cachoeira’ (1977), ‘A Feira de Campina Grande’ (1978), ‘Os Carnavais de Rua’ (1979-1980) e ‘As Festas Populares de Rua’ (1980-1981).

Natural de Campina Grande, Coura apostou, ainda no início da carreira, no estudo da técnica fotográfica, já vislumbrava uma produção madura, notada na opção pelo registro documental e apaixonado acerca da cultura popular e da geografia humana de sua cidade natal. Eram “relatos imagéticos, remetendo à fotografia socioantropológica”, afirma o artista.

Nesta mostra, os visitantes poderão desfrutar de uma ‘aposta no futuro’ – feita pessoalmente pelo artista – que deu certo. Ao longo de sua atuação, Coura sempre manteve um viés extremamente criterioso na técnica da fotografia de produto, ao portrait, da publicidade à moda, sem largar um só instante a pesquisa, o ensino e o olhar para o novo, que surgia com o mundo digital. “Concluímos que sua produção não justifica a expressão ‘investir no escuro’. De fato, Coura acertou no que fez e que continua fazendo. Esses Fragmentos são a mais pura e bela homenagem que ele faz à fotografia, à arte e à sua aldeia: um deleite para nossos sentidos”, conta Dyógenes Chaves, curador da Galeria de Arte da Usina.

Ao todo, com o Edital 2017-2018, foram selecionados 19 artistas, todos paraibanos. São eles: Everton David, Flauberto, Leandro Pereira da Costa, Mirabeau Menezes, Addisseny, Alessandra Soares, Antonio Filho, Ariel Coletivo Literário, Erik Kleiver,, Artur Maia, Geóstenys Melo, João Vianey, Karla Noronha, Luciana Urtiga, Meiacor (Américo Gomes de Almeida Filho), Paulo Rossi, Ton Limongi, Versales (Luiz Ricardo Sales) e Vinagre. Os selecionados ocuparão a programação de arte visual da Usina com exposições, distribuídas durante o período oferecido pelo edital. A exposição individual do artista Roberto Coura inicia os projetos de artes visuais da Usina Cultural Energisa em 2017.

A programação de arte visual da Usina é aberta ao público e tem intuito de incentivar e expandir a cultura e a arte local aos Paraibanos.

Serviço:

Exposição ‘Fragmentos – 1972 / 2000’, de Roberto Coura

Data: Abertura nesta quinta-feira, 23 de março, às 20h (vernissage)
Exposição aberta ao público de 23 de março a 22 de abril, de terça a domingo, das 14h às 20h.
Local: Usina Cultural Energisa
Rua João Bernardo de Albuquerque, 243 – Tambiá – João Pessoa-PB
Entrada Gratuita

Contato Curadoria:
Curadoria: Dyógenes Chaves
Tel: (83) 9 8808-7877

Contatos do Artista:
Tel.: (83) 9 8892-7584
E-mail: robertocoura2014@gmail.com
www.uceocupacaoartesvisuais.com.br

Textos complementares:

Sobre ‘Fragmentos – 1972 / 2000’
Por Dyógenes Chaves
Roberto Coura surgiu para a arte da fotografia em torno dos vinte anos. E essa era a média de idade dos artistas que se aventuravam nos salões de arte, tão em voga entre os anos 1970 e 80 pelo país afora. Além de revelar novos talentos, outro objetivo dos salões era formar acervo a partir dos prêmios aquisitivos. Ou seja, na medida em que dá o prêmio ao artista, em contrapartida, a instituição que organiza o salão fica com sua obra para o acervo. Ocorre que, há pouco, um renomado crítico de arte fez a observação de que os salões “investiam no escuro”, se referindo aos “prêmios aquisição”. Para ele, como a maioria dos que se inscreviam era de jovens artistas, em início de carreira, grosso modo, nem todos os premiados seriam uma “aposta no futuro” pois até mesmo alguns nem continuavam na profissão. No final, justifica o crítico, o acervo pode não ter importância para a história da arte, embora seja o termômetro para se entender o “sistema da arte” no momento em que o evento aconteceu.

A Feira de Campina Grande, exibida no Museu de Campina Grande e no Núcleo de Arte Contemporânea-NAC da UFPB, causou tanta sensação no meio artístico que mereceu do crítico de arte, Roberto Pontual, em texto publicado em revistas e jornais do eixo Rio-São Paulo, o seguinte comentário: “Na Paraíba, mais precisamente no Museu de Arte de Campina Grande, que eu vi, em 1979, uma das melhores exposições a que tive acesso nos últimos dois anos: a do jovem fotógrafo paraibano Roberto Coura, sobre a feira tradicional da mesma cidade.” Então, Coura já se destacava numa época de deslumbramento da fotografia pelo país. Na Funarte, no Rio, em museus e galerias de São Paulo e no NAC, na Paraíba, pipocavam seminários, cursos, exposições nacionais e internacionais e até surgia um modesto mercado de arte para a fotografia. Roberto Pontual, evidenciando o fato, disse que “a revista Veja pôde tranquilamente dizer, numa matéria de capa em fevereiro [1979]: nunca se fotografou tanto no Brasil”.

Logo depois, em 1988, de tão contundente enquanto ensaio fotográfico, a Feira de Campina Grande foi assunto abordado por Pedro Vasquez, fotógrafo e um dos importantes estudiosos da fotografia no Brasil, em conferências na State University (Novo México/EUA) e na Universidade de Fortaleza. Mais recentemente, em 2014, Coura resolveu “atualizar” seu olhar sobre a Feira e produziu a mostra Cores da Feira, agora em equipamento digital e em cores, que resultou em publicação comemorativa ao Sesquicentenário de Campina Grande.

Mas o que vemos, enfim, nesses Fragmentos de Roberto Coura? Inicialmente, a constatação de que sua obra foi uma “aposta no futuro” que deu certo. Ao longo de sua atuação, mantendo sempre um viés extremamente criterioso na “técnica”, enveredou por todos os caminhos possíveis, da fotografia de produto (ele é designer de formação) ao portrait, da publicidade à moda, sem largar um só instante a pesquisa, o ensino (ele também foi professor universitário) e o olhar para o “novo” que surgia com o mundo digital. Em seguida, a partir da seleção de obras aqui apresentadas, realizadas entre 1972 e 2000, concluímos que sua produção não justifica a expressão “investir no escuro”, citada no início do texto. De fato, Coura acertou no que fez (e que continua fazendo). Esses Fragmentos são a mais pura e bela homenagem que ele faz à fotografia, à arte e à sua aldeia: um deleite para nossos sentidos.

Sobre o artista:

Roberto Coura é natural de Campina Grande, Paraíba, 1954, onde vive e trabalha. Adolescente, ingressou na Escola de Artes do Professor Jorge Miranda, para estudar desenho artístico. Foi colaborador do Museu de Arte Assis Chateaubriand por vários anos. Como artista plástico, realizou exposições individuais e coletivas na Paraíba e em outros Estados. Em 1971, começou a comprar revistas e livros técnicos de fotografia. Em 1972, abandonou as artes plásticas para atuar como fotógrafo. Entusiasmado e cheio de vontades passou a produzir relatos imagéticos, remetendo à fotografia socioantropológica, que até hoje é a raiz do seu trabalho de fotógrafo. Porém, com o passar dos anos outras vertentes foram surgindo: fotografia arquitetônica; fotografia de produto e de obras de arte; publicidade, moda e retrato; além de pesquisas na computação gráfica, gerando daí gravuras eletrônicas. Ensaios desenvolvidos em Campina Grande: O Bairro da Cachoeira, 1977; A Feira de Campina Grande, 1978; Os Carnavais de Rua, 1979-1980; As Festas Populares de Rua, 1980-1981; Cores da Feira, 2014. É designer gráfico e graduado em Desenho Industrial. Em 1979 é contratado como professor de Fotografia (DART/UFPB, Campina Grande). Em 1990 se transfere para o Departamento de Arquitetura (Centro de Tecnologia/UFPB, João Pessoa), onde ministra aulas até 2012, quando se aposenta. O ensaio A Feira de Campina Grande obteve o prêmio Marc Ferrez de Fotografia (Funarte/ Infoto, 1980). Convidado para o I Seminário Nacional do Ensino Superior de Fotografia, onde apresentou o trabalho A Fotografia aplicada ao Desenho Industrial (Unicamp, Campinas/SP, 1984). Membro da comissão de seleção do livro I FotoNordeste (Funarte/Infoto, Fortaleza/CE, 1984). Citado (e com imagens projetadas da Feira de Campina Grande) pelo fotógrafo e crítico Pedro Vasquez nas conferências Contemporary Brazilian Photography (State University, Novo México/EUA, 1988) e Desenvolvimento da Fotografia no Brasil (Unifor, Fortaleza/CE, 1988). Primeiro lugar no concurso nacional (área de engenharia) Brasil 500 Anos (Confea, 2000). Colaborador dos livros Visões e alumbramentos: fotografia contemporânea brasileira na Coleção Joaquim Paiva, de Joaquim Paiva (Brasil Connects, São Paulo/SP, 2002) e OPEN – Fiteiro Cultural, de Fabiana de Barros (Sesc/SP, 2005). Fotógrafo e editor de fotografia do livro Chico Ferreira (João Pessoa, 2008). Livros publicados: A Feira de Campina Grande 1978 (Governo da Paraíba/UFCG, 2007), Imagens & Poemas, em parceria com o poeta Amador Ribeiro Neto (EdUFPB, João Pessoa, 2008), A Feira de Campina Grande 1978 e Cores da Feira 2014, publicação conjunta comemorativa dos 150 Anos de Campina Grande (Prefeitura de Campina Grande/Seplan, 2014).

Atelier: Rua Tavares Cavalcanti, 263 – Centro – Campina Grande/PB – 58400-150

A Usina

A Usina Cultural Energisa, desde sua criação em 2003, tem sido palco de grandes eventos, como o Festival de Cinema de Países de Língua Portuguesa (Cineport), Prêmio Energisa de Artes Visuais, entre outros. E a Usina não para. Uma programação mensal com projetos permanentes como Usina da Música, Domingo na Usina, Violadas, e espaços como a Galeria de Arte, Livraria da Usina, Espaço Energia e Café da Usina, atraem diariamente um público interessado em apreciar shows, concertos, exposições, lançamentos de livros, cinema, teatro.

Em 2015, retomamos a ocupação da galeria de arte da Usina com uma série de exposições, coletivas e individuais, com destaque para a produção local e propondo o reconhecimento desses artistas, notadamente daqueles talentos surgidos no Arte na Empresa, programa de exposições realizado ininterruptamente pela Energisa, na Paraíba, desde 2008, nas cidades de Patos, Campina Grande e João Pessoa.

As exposições desta temporada “local” se estenderão até meados de 2018, sendo a galeria ocupada periodicamente por coletivas e individuais, de artistas selecionados pelo Edital de Ocupação da Usina Cultural Energisa 2017-2018. Com essa iniciativa, o público tem oportunidade de melhor conhecer a produção dos artistas da nossa terra.

É a Usina Cultural Energisa, que cumpre o seu papel na geração de cultura e arte, fazendo dessa honrosa missão um marco de aproximação entre artistas e público.
 



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