Geral

UM RATO


04/01/2011

 Tinha um rato no meio do caminho, no meio do caminho tinha um rato….

Sei que este ano que se inicia é o ano do Coelho. Mas comigo não teve Lappin nem Lapinova! (título de um conto de Virginia Woolf). Teve rato! E eu explico: No dia primeiro do ano, na boquinha da noite, ainda com gosto de champanhe de 2010 na boca, eis que me deparo com um ratinho no escritório da minha casa. Fiquei em choque. Catatônica. Não tenho medo de alma, nem de ladrão, mas de barata e de rato então, não consigo imaginar eu, convivendo num mesmo espaço que um rato. E aí foi grito, pedido de socorro, tremedeira, e pernas para cima. Os homens da casa nessa hora….Os filhos também sobem nas mesas, acho que não fui boa de ensinar a lidar com bichos. O marido até que tentou esfolá-lo, o resultado foi um dedo machucado. E o rato a passear por entre panetones e livros. Eu tranquei-me no quarto e lá fiquei escondida e silenciosa. Mas que ano será esse Meu Deus, que já começa com um rato no meio do caminho? Bem , em pesquisa na internet, o ano do rato foi 2008, o Rato de Terra. “A Terra pede planejamento, organização, disciplina, perseverança e responsabilidade; já o Rato vem com a ambição sadia e o desejo de prosperidade material junto com a praticidade, a dedicação ao trabalho e os bons relacionamentos. Junte estas qualidades e coloque-as em prática: mova-se, vá atrás dos seus sonhos, seja sociável e faça contatos com pessoas influentes, elas serão de grande valia no futuro.” Acho que estou atrasada, talvez, pois preciso disso tudo, inté em 2011. Vou ficar de olho.

E por entre ratos e esconderijos, vieram as posses, a do Governador e a dos Secretários. Mas toda hora, lembrava daquele rabinho por entre as estantes, e tome calafrio. Como entrar em casa? Como ir na cozinha no meio da noite? Como escrever no computador, na eminência de sentir algo de estranho passar por entre as pernas?

Desde que moro no Bessa, essa é uma realidade. Ratos no jardim, no quintal, dedetização, racumim, e logo cedo, resolvi ter um gato, de rua, pelos arredores. Bela saída. Mas os gatos morreram, fugiram, e quanto os gatos somes, as ratazanas fazem a festa!

E de tantas posses, fiquei possuída! Possuída pela emoção de ver Dilma e a filha desfilar pela rampa. De compartilhar com as 6 mulheres policiais correndo ao longo do percurso do Rolls Royce. De me irritar com tanto comentário sobre a mulher de Michel Temer. Os jornalistas não cansam de comentar a “coisa mais fofa”, quando se deparam com uma mulher jovem e bonita. Na equipe de Dilma, muitas mulheres no poder. E como não ficar emocionada com a simbologia daquela mulher meio desengonçada descendo a rampa, e representando a nós todas! Dilma? Não sabe andar, é verdade. Sei da sua trajetória e dos seus desafios, mas aquela caminhada em revista à Tropa, teria mais harmonia, com um caminhar mais suave e elegante. Veremos. Pois o caminhar já diz muito da leitura corporal de uma pessoa. Espero que Celso Kamura, se não pode fazer muito pelo andar, que faça pelo seu visual. Queremos uma Dilma também formosa.

Já a bela da cidade aqui foi a mulher do Governador, Ricardo Coutinho, Pamela. Achei também que ela soube explorar pouco sua beleza e juventude. Quis se fazer Senhora antes da hora. Eu no lugar, teria deixado os cabelos lindos ao vento. E vestiria algo na cor fúcsia, para homenagear Rita Lee, e todas nós, bichos esquisitos. Nada de Off White e discrição.

E as TVs só mostraram Lula no primeiro dia do Governo Dilma. Era Lula em São Bernardo, os churrascos, as lágrimas, as saudades, o que fazer com as férias, e eu a sentir saudades de Lula. Sou parte integrante dos 87% dos índices de aprovação. Em um dos programas, o da TV Bandeirantes, fiquei sabendo que o seu início de carreira política se deu após momento de dor e perda pessoal, quando da morte da sua primeira esposa e filho. Desde aí, Lula já se mostrava emotivo, instintivo, e amoroso. O que pode também fazer a força doméstica! Toda sua timidez, tristeza e introspecção, foram transformados em liderança, mergulho no sindicato e força política. E a vida é mesmo assim, alguém tem que morrer (às vezes), para que a vida possa trilhar seus passos. Em As Horas, Virginia Woolf diz: o poeta terá que morrer, para que as outras pessoas possam seguir em frente, e enfrentar as horas.

E agora, nos primeiros dias do meu mês, e do verão em curso, já estou cansada de tanta comilança, tanta cerveja, e tantas celebrações. Não tenho do que reclamar. Mas esse rato aqui em casa, me tirou a calma necessária para enfrentar também o calor. Tomara que a dedetização de hoje dê fim afinal, a esse rato inoportuno. E que no mínimo , isso seja um bom presságio. Tomara. Comi lentilhas e uvas com pernil, mergulhei nos braços de Iemanjá, fiz minhas preces, agora…é só deixar a vida me levar.

E hoje faz um ano que Fábio Peixe virou um Peixe! Ou uma estrela do mar…
Muitas saudades.

Ana Adelaide Peixoto – João Pessoa 4 de janeiro 2011

 



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