Economia

Turismo internacional no Brasil enfrenta entraves apesar de alta de 50% em visitantes

FecomercioSP alerta para entraves que limitam o turismo internacional no Brasil, como exigência de vistos e falta de políticas consistentes.


21/07/2025

(Foto: Reprodução)

Portal WSCOM



De acordo com a Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP), o Brasil possui três principais barreiras para superar e atrair mais turistas internacionais: burocracia, concentração e sazonalidade. No primeiro semestre deste ano, 5,3 milhões de estrangeiros visitaram o Brasil, segundo dados do Ministério do Turismo. Esse número revela um crescimento de quase 50% em relação ao mesmo período de 2024. Mesmo com o crescimento, o Fecomércio afirmou que há necessidade de alinhar políticas públicas nacionais para garantir um desenvolvimento consistente e sustentável.

Segundo a Entidade, o Brasil pode se beneficiar indiretamente do atual cenário mundial, marcado por conflitos no Oriente Médio e por políticas econômicas norte-americanas que resultaram em uma significativa redução nas reservas de viagens aos Estados Unidos. O País desponta como alternativa para os turistas europeus que buscam destinos politicamente estáveis, sem conflitos armados e com câmbio favorável. Por outro lado, a decisão do governo de restabelecer a exigência de visto para estadunidenses, australianos e canadenses cria um entrave burocrático que atrapalha o crescimento da visita de turistas estrangeiros ao Brasil.

Brasil deixou de receber 40 mil turistas norte-americanos no 2º trimestre
Em vigor desde abril deste ano, essa medida já teve impacto direto, resultando em uma retração de 0,4% no número de visitantes dos Estados Unidos entre abril e junho [tabela 1]. Embora o porcentual pareça pequeno, representa um volume significativo, considerando que os estadunidenses formam o terceiro maior grupo de turistas que visitam o Brasil, atrás apenas dos argentinos e dos chilenos. Entre os australianos, a queda foi de 1,5%, e, entre os canadenses, de 1,8%.

Sem a reintrodução da exigência de vistos — e mantido o ritmo observado no período de janeiro a março —, o Brasil poderia ter recebido quase 40 mil turistas adicionais dos Estados Unidos no segundo trimestre. Para se ter uma ideia de como a facilitação de entrada é um fator determinante na escolha do destino, de acordo com dados da CVC, entre maio e junho, as vendas de pacote de viagens para a China cresceram 30% em comparação com o mesmo período do ano passado, depois que o país asiático decidiu isentar turistas brasileiros de apresentar o documento.

América do Sul domina fluxo de turistas estrangeiros para o Brasil

A falta de diversificação na origem dos visitantes ficou evidente no segundo trimestre deste ano. Pouco mais de 60% dos turistas internacionais vieram de países sul-americanos, enquanto a Europa respondeu por 19% e a América do Norte, por 12%. Mesmo dentro do contexto sul-americano, a concentração é marcante: 41% dos visitantes são argentinos — um contingente que apresentou crescimento de 85% em relação ao segundo trimestre do ano anterior. O Uruguai, apesar da menor população, registrou um aumento impressionante de 210%, mais do que triplicando o número de visitantes no período, com um total de quase 140 mil entradas entre abril e junho.

Contudo, os resultados expressivos da América do Sul são consequências de fatores externos — como a desvalorização do real e o fortalecimento da moeda argentina —, e não de política públicas nacionais para setor. Dessa forma, o cenário pode se reverter se a moeda brasileira continuar a trajetória de valorização. Já no caso da Venezuela, o número de visitantes despencou de 7,7 mil, no primeiro trimestre, para menos de mil, no segundo, refletindo fatores sazonais e externos ao controle da política nacional.

A Agência Brasileira de Promoção Internacional de Turismo (Embratur) vem implementando iniciativas importantes, como o programa de incentivo à ampliação da malha aérea internacional — que já contribuiu para um aumento de quase 30% no fluxo de turistas europeus — e a promoção dos atrativos nacionais ao longo de todo o ano, com o objetivo de reduzir a sazonalidade concentrada no verão e nas férias escolares. No entanto, a fim de garantir que o crescimento do Turismo nacional seja sustentável, é preciso investir em medidas estruturais que removam entraves e ampliem a competitividade do Brasil como destino global.

Para isso, é fundamental eliminar os impasses burocráticos que dificultam a entrada de visitantes internacionais. A FecomercioSP continua mobilizada pela aprovação do PDL 206/2023, que revoga o decreto federal e restabelece a isenção de vistos para portadores dos passaportes dos Estados Unidos, do Canadá e da Austrália. Só assim, além de enfrentar os demais problemas, será possível ampliar a competitividade do Brasil e comemorar os recordes conquistados.



Os comentários a seguir são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião deste site.