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Três serial killers já mataram mais de 90 no País

crimes


15/12/2014



 Nos últimos meses, três casos de assassinatos em série ganharam repercussão na imprensa brasileira. Juntos, os assassinos de Goiás, Mogi das Cruzes, região metropolitana de São Paulo, e, mais recentemente, o de Nova Iguaçu, no Rio de Janeiro, podem ser responsáveis pela morte de pelo menos 91 pessoas.

Além de o fato óbvio do número de vítimas dos criminosos chamar a atenção, os casos ganham mais destaque pela pouca tradição brasileira em produzir serial killers.

Serial killer é o termo em inglês usado para designar os assassinos em série. Esse tipo de assassino é comum nos Estados Unidos, berço da maioria de grandes histórias reais de assassinos em série da história e inspirações para livros, filmes e seriados. No Brasil, poucos criminosos entram nestas estatísticas.

“Nos EUA é mais comum. Faz parte do imaginário das pessoas porque acontece com mais frequência. Isso não determina o crime, mas estimula", explica o psiquiatra forense Guido Palumba. "Dentro de uma cultura onde todos matam com faca, se você for matar alguém, vai matar com uma faca. Aqui é mais forte a questão da tortura”, compara.

Em Goiás, Tiago Henrique Gomes da Rocha, 26 anos, foi preso em outubro deste ano suspeito de matar 39 pessoas. Em princípio ele confessou todos os crimes, mas dias depois da prisão, Rocha reduziu o número de vítimas para 29. Os crimes teriam acontecido entre 2011 e este ano. Mulheres jovens e adolescentes eram as vítimas preferencias de Rocha, mas ele também confessou a morte de homossexuais e moradores de rua.

Para Palumba, os assassinos em série podem ter diversos problemas psicológicos, como a psicopatia e a esquizofrenia. No entanto, ressalva o especialista, nem todo psicopata ou esquizofrênico será necessariamente um serial killer. "Felizmente, a maioria absoluta das psicoses não é portadora de pericolusidade social. Não é porque tem esquizofrenia ou psicopatia que vai ser ser serial killer".

O psiquiatra defende que o comportamento de Rocha é o do típico serial killer psicopata. “A psicopatia não é um distúrbio de inteligência, é um distúrbio de caráter. Ele é um psicopata verdadeiro. Aquele que praticamente mata para ver o outro cair, tem a impulsão para cometer o delito, tem uma tensão e precisa matar para se aliviar. O psicopata tem o cuidado de preparar o crime, se esconde, é dissimulado. Normalmente, tem o padrão por determinado tipo de vítima e tem um lapso de tempo grande entre os crimes. Eles não demonstram nenhum tipo de remorso e normalmente agem sozinhos”.

Degolador de Mogi das Cruzes

Diferente do tipo de ação cometida pelo segurança Jonathan Santana, 23 anos, que confessou seis assassinatos em Mogi das Cruzes e Poá.

Santana foi preso no começo deste mês e disse à Polícia ter cometido todos os crimes em apenas seis dias. Quatro de suas vítimas foram degoladas com uma machadinha e dois tiveram o corpo carbonizado.

“Ele é psicótico porque rompe com a realidade, há alucinações, delírios. Ele não premedita nada, age em função de delírios e alucinações. O lapso de ação é curto, dura o tempo do surto, e ele não tem cuidado de se esconder”, diz.

O delegado seccional de Mogi das Cruzes, Marcos Batalha, responsável pelas investigações, afirma que o segurança se mostrou confuso e disse que ouvia “vozes imperativas” que o mandavam cometer os crimes.

“Ele diz que precisava matar para completar um ciclo. É muito confuso. Disse que as vozes mandavam ele matar naquela hora e naquele dia. No dia em que foi preso [3 de dezembro], matou três pessoas”.

As tatuagens que o suspeito tinha no corpo também chamaram a atenção. Feitas de maneira caseira e sem tinta, Santana desenhou um machado no braço e o número 36 na perna. “Ele é muito confuso. Primeiro ele disse que tinha que matar 31 pessoas, depois disse que eram 36, como na tatuagem. No final, ele disse que seriam nove, que é a soma de três e seis”, relata Batalha.

Além dos seis crimes, Santana também confessou outras duas tentativas de assassinato. As vítimas preferenciais de Santana eram moradores de rua e usuários de drogas – quatro de suas vítimas tinham essas características. As duas mulheres que não tinham esse padrão – uma esperava o ônibus e outra fazia caminhada -, foram mortas porque, disse Santana, o tempo estava acabando o “ciclo” precisaria se completar.

“Quando perguntei se ele tinha algum trauma de infância, ele disse que não tinha nada que justificasse as atitudes dele. Ele era uma pessoa acima de qualquer suspeita”, disse o delegado. Santana era considerado por vizinhos um homem calmo, calado, que não incomodava ninguém e que de repente começou a matar.

Palumba diz que ele é esquizofrênico. “Não precisa de trauma. Os esquizofrênicos nascem com a predisposição para doença. A esquizofrenia eclode na faixa etária dos 18 aos 28 anos. Antes disse pode não ter sintomas clínicos”, diz. Outro traço que reforça a teoria de Palumba é o fato de Santana não ter tido o cuidado de se esconder.

“Ele ia cometer os crimes com o carro dele, sem esconder placa. Nunca tentou dissimilar. Chegou aqui e assumiu tudo”, diz o delegado Batalha. A polícia chegou até Santana após testemunhas o verem matando uma mulher e anotarem a placa do veículo.

O psiquiatra Palumba diz que ainda é cedo para traçar o perfil psicológico de Sailson José das Graças, 26 anos, que confessou ter assassinado 43 pessoas (39 mulheres, dois homens e uma criança) nos últimos nove anos. Ele foi preso nesta quinta-feira (11) em flagrante pela morte de uma mulher.

“Precisamos de mais elementos para situá-lo como o serial killer clássico ou um matador de aluguel. A polícia tem o depoimento dele e precisa confirmar o que está dizendo”, diz o especialista. A polícia, no entanto, já o trata como psicopata.

Em seu depoimento, Graças diz que sentia prazer em matar e contou em detalhes como com cometia os crimes. Ele disse ter preferência por mulheres brancas e que observava e estudava as vítimas num processo que podia demorar até um mês. Em depoimento, o homem disse que, dentre os assassinatos que cometeu, quatro mortes – três homens e uma mulher – foram encomenda de sua cúmplice Cleusa Balbina, que também está presa.


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