Educação

Terezinha & Mônica: Éder Dantas avalia os desafios do novo reitorado na UFPB


14/11/2024

Éder Dantas

O Centro de Vivência do campus I da Universidade Federal da Paraíba – UFPB sedia, nesta quinta-feira, dia 14, a solenidade de posse das novas reitora e vice-reitora da instituição, Terezinha Domiciano e Mônica Nóbrega, eleitas pela comunidade universidade universitária, em consulta realizada em abril deste ano, quando obteve 67,95% dos votos, derrotando Lucídio Cabral, que alcançou 25,37% dos votos, e Valdiney Gouveia (atual reitor, que teve 6,67 % dos votos). As novas ocupantes da reitoria foram nomeadas pelo presidente Luís Inácio Lula da Silva.

A UFPB é a maior universidade paraibana e junto com a Universidade Federal de Campina Grande – UFCG, o Instituto Federal de Educação Tecnológica – IFPB e a Universidade Federal da Paraíba – UEPB, além das inúmeras faculdades privadas, constituem uma rede estratégicas de instituições de ensino superior que cumprem um papel importante para o desenvolvimento econômico e social do estado, seja no tocante à formação de mão de obra qualificada, seja na produção de pesquisas, de extensão e na produção de experimentos, capazes de gerar novas tecnologias, Inclusive na área social. Na Paraíba, o orçamento da UFPB só perde para o do governo do estado e Prefeitura de João Pessoa.

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E como o novo reitorado pega a universidade? O cenário da UFPB não difere da maioria das demais Instituições Federais de Ensino Superior – IFES. Durante o governo de Michel Temer e Jair Bolsonaro, elas enfrentaram um total arrocho financeiro e uma intensa desvalorização, em prol das universidades privadas. No governo Bolsonaro, inclusive, elas sofreram com políticas autoritárias, a exemplo da nomeação de reitores que não foram eleitos, como no caso da UFPB, em que o professor Valdiney Gouveia foi nomeado, sem obter nenhum voto dos conselhos superiores da instituição.

Terezinha e Mônica tem muitos desafios a administrar. As expectativas são grandes por parte da comunidade universitária, em especial, dos segmentos organizados, porém, os recursos são escassos para executar ações de ensino, pesquisa e extensão, além do apoio ao estudante e da conclusão de obras paralisadas. O governo Lula começou uma lenta recuperação orçamentária das IFES, limitada pelo chamado “arcabouço fiscal”. A greve dos professores e técnicos da educação federal, ocorrida este ano, pressionou o governo a ampliar dos investimentos. Lula, agora, se encontra às voltas com um “corte de gastos”, a ser anunciado pelo Ministro da Fazenda, Fernando Haddad.

As professoras Terezinha e Mônica são gestoras experientes na educação superior, com capacidade administrativa comprovada, uma equipe promissora e apoio amplo de professores, estudantes e funcionários, em especial, da maioria de suas lideranças. Isso é bom, mas não é suficiente. Precisará apresentar bons projetos, ter uma escuta qualificada e capacidade de diálogo om diferentes segmentos, como o Governo do Estado e a bancada federal da Paraíba. Além disso, precisará da capacidade de mobilização da comunidade, a seu lado.

O sucesso do reitorado dependerá muito das políticas do governo federal. O ministro da Educação, Camilo Santana, já demonstrou que sua prioridade é a educação básica, o que não é ruim. O complicado é não se ter clareza sobre o papel das IFES, que precisarão de apoio para poderem cumprir o seu míster, que é central no desenvolvimento do país, como o de oferecer cursos de graduação e pós-graduação, produzir novos conhecimentos e tecnologias, bem como disseminar o conhecimento produzidos, nas comunidades.

A interlocução com prefeituras, segmentos produtivos e movimentos sociais será importantíssima para que a universidade possa atuar na transformação de nossa estrutura social injusta. A incorporação dos movimentos de trabalhadores urbanos e rurais, mulheres, ambientalistas, pessoas com deficiência, movimento negro, indígenas, defensores da causa animal, artistas e outros será fundamental para dar uma nova face à UFPB. Da mesma forma, o diálogo com os sindicatos de professores e técnico-administrativos da UFPB e o movimento estudantil.

Que venha um reitorado de mudanças. A Paraíba espera que a UFPB assuma o seu lugar no cenário estadual e regional, no sentido de contribuir com o desenvolvimento, com a redução das desigualdades sociais, com a ampliação do direito à educação e a saúde, moradia, cultura, etc. De uma universidade mais popular, com uma postura mais transformadora, plural, mais aberta aos explorados e oprimidos, aqueles que mais precisam dela.



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