Política
Tensão entre Israel e Irã pode desencadear corrida armamentista, avalia cientista político
16/06/2025

Anderson Costa
O acirramento das relações entre Israel e Irã tem gerado uma série de discussões sobre o que teria acarretado neste novo clima beligerante entre os Estados que já possuem uma animosidade histórica entre si. Em conversa com a reportagem do Portal WSCOM, o Doutor em Ciência Política pela USP, Sérgio Ferraz, buscou analisar as questões regionais e globais que acarretaram neste tensionamento entre os dois governos.
Para Sérgio, a primeira questão a se analisar é todo o jogo de alianças que existe na região e que recentemente se enfraqueceu no campo do Irã. Com mudanças de governo na Síria, enfraquecimento do Hezbollah no Líbano e o enfraquecimento do Hamas, o governo iraniano viu seus principais apoiadores caírem ou serem expressivamente reduzidos em proporção de poder na região.
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“A medida em que esses três, tanto o governo da Síria como esses dois grupos foram extremamente enfraquecidos, e depois dos acontecimentos também que tiveram origem no outubro de 2023, por conta do ataque terrorista do Hamas ao estado de Israel, provavelmente, é a confluência de três fatores, na minha opinião. Primeiro, a a crença no gabinete, no governo israelense, de que o Irã está muito perto de atingir a bomba atômica, o segundo ponto é o governo de Israel persegue o enfraquecimento do Irã por conta do enfraquecimento dos aliados do Irã, então, isso também estimula esse ataque. E um terceiro ponto, muito fundamental, é a presença na casa branca, de um presidente de extrema-direita, aliado, também simpático e tolerante à atuação agressiva, do Estado de Israel no Oriente Médio”, observou o cientista político.
Sérgio destacou a missão de enfraquecer o programa nuclear iraniano com um dos maiores objetivos israelenses nesse conflito. “O que se comenta é que boa parte das instalações nucleares do Irã de enriquecimento do urânio, estariam localizadas em do subterrâneo, a uma distância muito grande da superfície. E haveria dúvidas sobre se o poderio militar de Israel alcançaria isso”, explicou.
Corrida armamentista nuclear
O cientista político alerta que um conflito como este pode ocasionar no início de uma corrida armamentista global na qual os países passem a compreender que todos os que não detiverem artefatos nucleares poderão ser agredidos a qualquer momento. “Se o governo iraniano sobreviver, o que não é certo também, mas se o governo iraniano sobreviver, certamente haverá uma um fortalecimento da convicção da necessidade de ter acesso a armas nucleares. E isso é muito ruim”, definiu.
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