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‘Temos fé em Deus de que sairão do Rio’, diz família de bebê baleado no útero

BALEADO NO ÚTERO


04/07/2017

O do quarto do bebê estava pronto, as roupinhas novas penduradas no armário, esperando para serem vestidas pela primeira vez. O bebê também estava pronto: após nove meses de gestação, estava forte e saudável na barriga da mãe, a termo, a poucos dias de vir à luz. Até que uma bala o acordou à força.

Só neste último mês, 749 episódios de tiroteios ou disparos de armas de fogo foram registrados na Grande Rio pelo aplicativo Fogo Cruzado, desenvolvido pela Anistia Internacional para mapear episódios de violência armada na cidade.

Na última semana, foram dez incidentes apenas na região de Duque de Caxias, um dos quais atingiu mãe e filho.

Claudineia, 28 anos, acabara de comprar o carrinho para seu primeiro bebê naquela sexta-feira. Estava chegando em casa no fim da tarde quando foi pega no fogo cruzado entre traficantes e policiais na entrada da Favela do Lixão, no município de Nova Iguaçu, na região metropolitana do Rio.

O tiro que atingiu a grávida entrou pelo lado esquerdo de seu quadril. A bala perfurou seu o útero e atravessou o pequeno corpo de Arthur. Feriu sua cabeça, dilacerou sua orelha, atingiu seu tórax e atravessou sua coluna recém-formada, atingindo as vértebras T3 e T4.

"Hoje, ele está paraplégico. Mas tudo pode acontecer na vida dessa criança", diz o ginecologista José Carlos Oliveira, secretário municipal de saúde de Duque de Caxias, que está acompanhando seu progresso.

"Essa criança ter sobrevivido é um milagre. Está acontecendo um milagre diante dos nossos olhos", considera o médico, que em mais de 30 anos de carreira "nunca viu nada igual".

'Ele vai se recuperar'
Arthur está em estado gravíssimo e respira com ajuda de aparelhos. Mas a família de Claudineia na Paraíba, os pais e os cinco irmãos e irmãs, está unida num círculo de fé.

"Os familiares aqui estão todos juntos rezando, só na esperança", conta seu irmão, Leonardo dos Santos. "Tem que ter fé em Deus que ele vai reagir bem aos tratamentos e voltar a andar."


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