O sucesso ou não do Barcelona no fim desta temporada passa pelo entendimento entre Neymar e Messi dentro de campo. O técnico Gerardo "Tata" Martino está preocupado com isso. As atuações conjuntas dos dois ainda não convenceram e não renderam o que se espera quando junta-se um jogador quatro vezes melhor do mundo e a contratação mais cara da história do futebol.

Na vitória por 2 a 1 diante do Manchester City na última quarta-feira, que garantiu ao Barcelona uma vaga nas quartas de final da Liga dos Campeões da Europa, ficou claro que fazer com que Neymar e Messi trabalhem bem como dupla é a prioridade do técnico da equipe catalã. Tata Martino mudou o esquema de jogo do time para que os dois astros pudessem trabalhar mais perto um do outro. A principal alteração foi a troca de lado de Neymar, que passou da ponta esquerda para a direita, contando com a ajuda de Fàbregas e Iniesta apoiando pelo outro lado quando necessário.
 

Neymar e Messi se procuraram o tempo todo dentro de campo. Os dois atacantes trocaram passes entre eles onze vezes durante a partida. Funcionou, quase que instintivamente, como ímã e metal. Quando Neymar pegava na bola, levantava a cabeça para procurar Messi e corria na direção do argentino. O contrário aconteceu menos. O brasileiro teve carga defensiva maior, marcou a ponta esquerda do adversário, enquanto Messi se posicionava mais centralizado e pouco voltava. A diferença deste para os jogos anteriores é que os dois tiveram mais liberdade para trocar de posição e até ocuparam o mesmo lado do campo quando entenderam que era melhor.
 

A alteração no posicionamento teve bom resultado para os dois individualmente e para o time. Messi brilhou mais por marcar o primeiro gol do Barcelona e por chutar uma bola na trave, em jogada que começou tabelando com Neymar. O brasileiro foi impedido de ganhar mais espaço nos holofotes pelo árbitro da partida, Stephane Lannoy, que errou ao anular um gol legal do craque, aos 17 do primeiro tempo. A atuação de Neymar contra o City está entre as melhores que teve em 2014, mesmo tendo sido substituído por Alexis Sánchez a 10 minutos do fim do jogo.

– Neymar fez um grande esforço, se comprometeu muito com esse posicionamento e teve duas boas situações de gol no primeiro tempo. Troquei-o porque estava cansado e está claro que o processo de reincorporação da equipe faz com que não possa terminar os 90 minutos – explicou Tata Martino.

Talvez por essa recente volta de lesão, a atuação de Neymar tenha deixado a desejar em consistência. Faltou ao atacante ser aquele jogador cirúrgico e preciso. O brasileiro atuou na base da tentativa e erro, perdeu mais bolas do que deveria em jogadas individuais e, em duas ocasiões, quase virou vilão.

No começo do segundo tempo, Neymar tentou drible no campo de defesa, perdeu a bola, e o City quase abriu o placar em finalização de Dzeko, mas Valdés salvou a pele do camisa 11. Aos 31 minutos, o brasileiro teve o dissabor de ouvir uma pequena vaia de parte do estádio, quando preferiu um drible no ataque, no lugar de um chute ou passe. A manifestação foi mais um desabafo de momento do que implicância com o jogador. Três minutos depois, o uníssono barulho de aplausos no momento da substituição deixou claro que a torcida está do lado de Neymar.

Ao craque brasileiro, e ao Barcelona, ficou claro que há muito o que se melhorar. Mas a mudança tática e a rápida resposta da dupla dentro de campo resultaram em uma nova postura, que levou a um domínio completo sobre o Manchester City na partida desta quarta, e aumentou as esperanças do clube de terminar a temporada comemorando um título. A quatro pontos do Real Madrid, líder no Espanhol, Tata Martino diz que o time não priorizará nenhuma competição. As apostas do técnico argentino são na dupla Neymar e Messi.