Internacional

Spas egípcios vetam funcionários homens para evitar abusos sexuais

mudança


28/05/2013

 Os spas de hotéis do Egito vetarão a partir de agora os funcionários homens, após uma decisão do Ministério do Turismo que tenta acabar com as denúncias de assédio por parte das clientes deste tipo de estabelecimentos.

"Muitas turistas, sobretudo as russas, se queixaram dessas práticas nos spas nos quais trabalham terapeutas homens, por isso decidimos controlá-los proibindo os homens de trabalhar neles", explicou à Agência Efe o ministro egípcio de Turismo, Hisham Zazu.

O ministro acaba de emitir uma resolução que proíbe os homens de trabalhar nos balneários dentro dos hotéis, o que na prática representa um veto para a maioria dos centros de beleza deste tipo, que normalmente se encontram dentro dos estabelecimentos hoteleiros.

Todos os empregados dos spas no Egito consultados pela Efe desconheciam a decisão que o responsável de Turismo emitiu no final de semana, mas expressaram o temor de que o negócio seja prejudicado.

Uma das recepcionistas do Mandara Spa do luxuoso hotel JW Marriott do Cairo, que pediu anonimato, disse que essa decisão pode representar a perda da parte da clientela.

"Temos fisioterapeutas homens que são muito bons e sérios e perderemos clientes que buscam esse profissionalismo", comentou a recepcionista.

Muitos spas correm o risco de perder a licença de funcionamento caso descumpram a ordem. No entanto, outros tantos não serão afetados pela proibição, já que só têm funcionároas para oferecer o serviço.

É o caso do hotel Oberoi de Sahl Hashish, situado na cidade turística de Hurgada, no litoral do Mar Vermelho, que só emprega mulheres no spa, e por isso não terá que introduzir mudanças na forma de trabalhar.

Uma das especialistas desse centro, que também não quis se identificar, não escondeu sua rejeição à medida ordenada pelas autoridades.

"Vejo a resolução pouco prática porque os que conseguem trabalho nos grandes hotéis do país são profissionais e não gente que vai abusar das mulheres", assegurou.

A nova norma também não prejudicará os hotéis que atualmente possuem duas seções dentro do mesmo spa, uma para homens e outra para mulheres.

Na opinião de uma fisioterapeuta do hotel Hilton na cidade de Luxor, que também pediu anonimato, o número de turistas e clientes seguirá sendo o mesmo no balneário onde trabalha porque sempre houve uma separação entre os dois sexos.

A empregada considerou que essa decisão ministerial pode incomodar os diretores do hotel, já que "dificultará a escolha entre uma variedade de empregados".

"De todas as formas, não vamos informar aos turistas que há uma resolução governamental que rejeita empregar homens para evitar que se incomodem", afirmou a terapeuta.

As denúncias por assédio sexual tanto por parte de egípcias como de estrangeiras aumentaram no país após o triunfo da revolução que derrubou o presidente Hosni Mubarak em fevereiro de 2011, segundo organizações da sociedade civil.

Cerca de 150 casos de assédio contra turistas foram registrados nos últimos dois anos no Egito, segundo dados do Ministério do Turismo, que também anunciou treinamentos para policiais a fim de que elaborem relatórios sobre esse tipo de incidentes e ajudem as autoridades a castigar os culpados.

Para o diretor da Iniciativa Egípcia de Direitos Humanos, Hosam Bahgat, o assédio sexual é um "problema endêmico da sociedade egípcia, que não só afeta mulheres ricas que vão a hotéis de luxo".

O ativista apontou à Agência Efe que não receberam denúncias relacionadas com o assédio nos spas e exigiu que o governo inicie "esforços sérios para combater esta praga que afeta tanto egípcias como estrangeiras".


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