“O atendimento foi ótimo, tanto os profissionais quanto os alunos tem sido muito atenciosos. Espero que essas experiências e aprendizados vivenciados aqui na comunidade sejam levados para a vida toda e um dia, quem sabe, depois de formados eles possam estar aqui novamente”. Esse foi o relato da diarista Josineide Silva, que teve o filho atendido por um dos estudantes de medicina das Universidades que mantêm parceria com a Secretaria de Saúde de João Pessoa (SMS), e atuam na Atenção Básica, por meio das Unidades de Saúde da Família (USF) do município.

Os serviços da rede municipal de saúde têm funcionado como cenários para as práticas acadêmicas dos estudantes de graduação na área da saúde. Os alunos atuam na Atenção Básica, por meio das Unidades de Saúde da Família (USFs), na atenção hospitalar, por meio dos hospitais municipais e na atenção especializada, nos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), Centros de Atenção Integral a Saúde (CAIS) e Centros de Praticas Integrativas e Complementares em Saúde (CPICS).

Cerca de 2.600 estudantes, de oito instituições de ensino superior conveniadas, estão distribuídos pelos serviços da Secretária Municipal de Saúde (SMS), por meio do programa Rede Escola, que garante a realização de estágios curriculares e pesquisas científicas na rede de saúde do município.

Para Sandra Menezes, coordenadora da USF Integrando Vidas, que também recebe estudantes, os usuários do serviço público de saúde são os principais beneficiados com a parceria. Ela explica que a participação dos estudantes se dá de várias formas, mas principalmente com atividades voltadas a atenção e prevenção na atenção básica, sejam em atendimentos ou palestras.

A aposentada Severina Bezerra, de 70 anos, é usuária do serviço público de saúde e comenta que a participação dos estudantes, principalmente nas USFs, só faz somar ao serviço oferecido. “Eu fico muito feliz que esses meninos e meninas estejam aqui para cuidar da gente também, lógico que eles estão aprendendo ainda, mas já passam um confiança e entendimento que é ótimo, além de ser mais serviço que é oferecido e mais pessoas sendo atendidas”, comenta a aposentada.

Joelma Barbosa é estudante do nono período de enfermagem de uma das faculdades conveniadas e estagiaria em uma das USFs do município. “Aqui eu estou tendo a oportunidade de vivenciar o dia-a-dia da enfermagem, minha orientadora está sempre por perto e me ajuda quando necessário. É gratificante começar já em uma unidade de saúde, aqui eu lido com vidas e histórias diferentes, acabo criando um vinculo com os pacientes e isso é fundamental para o atendimento, eles confiam em mim”, comenta a futuro enfermeira.

Os estágios são sempre supervisionados por professores das instituições de ensino e funcionários da SMS. Juliana Souza Soares é professora da Universidade Federal da Paraíba e orienta os estudantes do quarto período de medicina.

“A ideia é que os estudantes conheçam a prática de saúde da família, vendo e entendendo melhor a realidade que irão encontrar quando se formarem. Acredito que o estágio em hospital não prepare como em uma USF, em hospitais geralmente são casos mais complexos, mas que tiveram origem em algo simples e isso faz com que saibam curar algo complexo mas não saibam como prevenir o simples para evitar o agravo”, comentou a médica.

Juliana explica ainda que todo o atendimento é feito pelos estudantes e em grupo, onde vão avaliar os sintomas e discutir as possibilidades para que cheguem juntos ao diagnóstico. “Eu apenas interfiro na confirmação do diagnóstico e na hora de receitar o remédio e assinar a guia da consulta”, explica a professora.

A gerente da área de Educação na Saúde da SMS, Daniela Pimentel, comenta que para atuar na área da saúde é preciso dosar habilidades técnicas e subjetivas. “Quando um estudante tem a oportunidade de adentrar os serviços de saúde já no início de sua carreira acadêmica, ele vivencia a possibilidade de compreender o objeto saúde de forma mais real e dinâmica, aprendendo que para ser um profissional de saúde ético e comprometido com o bem estar do próximo é preciso mais do que aquilo que se encontra em teorias e teses, é preciso se sentir parte do cuidado ofertado”, disse Daniela.

Jonas Almeida é estudante de Fonoaudiologia, há um mês está fazendo estágio em saúde pública na USF Integrando Vidas. “É uma maneira da gente sair da teoria vista em sala e vivenciar a prática, como realmente acontece e funciona, é uma vivência enorme já que não estou lidando apenas com fono, mas com todas as outras áreas que envolvem o cuidado à saúde” disse Jonas, que completou “É pouco tempo ainda mas já foi o suficiente para que eu me interessasse pela área e quem sabe no futuro eu não trabalhe aqui?”, comenta Jonas.

As equipes de estudantes fazem os estágios nos serviços da SMS uma vez por semana, o estágio não é remunerado já que faz parte da ementa dos cursos.