Economia & Negócios

Seminário discute parceria entre universidade e mercado


24/10/2014

Pesquisa acadêmica, iniciativa privada e jovens empreendedores devem estreitar laços para que sejam desenvolvidos modelos de negócios mais competitivos no país. Essa foi uma das ideias centrais abordadas no Seminário Oportunidades e Desafios na Economia do Conhecimento, organizado pelo Sebrae Paraíba em parceria com a Universidade Federal da Paraíba (UFPB), nos dias 22 e 23 de outubro.

O evento, que reuniu estudantes, pesquisadores, empresários e representantes da economia criativa, contou com palestras que mostraram a importância em se criar parcerias entre universidade e mercado, construindo bases sólidas para novos empreendimentos. Na avaliação do consultor e engenheiro Cláudio Marinho, um dos principais palestrantes do seminário, esse tipo de diálogo é fundamental para o sucesso dos jovens negócios.

“Muitos estudantes recém-saídos da faculdade não estão preparados para criar suas empresas. Infelizmente nossa universidade brasileira é de uma tradição não empreendedora, em alguns casos têm preconceito com a iniciativa privada. Isso é uma das principais barreiras que se enfrenta em qualquer lugar do país: como fazer a conexão entre universidade e empresa, por isso a importância de eventos como esse”, disse o especialista.

Quando secretário de Planejamento do Governo de Pernambuco, Cláudio Marinho foi um dos responsáveis pela criação e consolidação do Porto Digital (http://www.portodigital.org), hoje um dos principais parques tecnológicos do país e apontado como caso de sucesso da parceria entre pesquisa acadêmica e mercado, fundamental para a longevidade de vários empreendimentos da região.

“O porto digital representou um ambiente propício para essa conexão entre academia e mercado, porque ele não é um ambiente acadêmico, já que não se situou dentro de um campus universitário, mas também não é uma empresa. No início eram apenas duas empresas de software e hoje são 250 empresas de software e serviços associados à economia criativa, com mais de 700 pessoas trabalhando nelas. São jovens de 23 à 35 anos ganhando o triplo do salário médio da região metropolitana do Recife”, apontou Cláudio Marinho.

O Porto Digital já foi duas vezes (2007 e 2011) reconhecido como maior e melhor parque tecnológico urbano para área da tecnologia da informação e economia criativa no país. É uma iniciativa público-privada criada no ano de 2000 em parceria entre Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Governo do Estado de Pernambuco e empresas de softwares.

UFPB defende parceria

Para a reitora da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), Margareth Diniz, esse modelo de negócio precisa de cada vez mais atenção, graças ao benefício que traz à sociedade. “É preciso que as fronteiras da universidade sejam rompidas, senão os objetivos da universidade, que não se restringe só a formação de um profissional competente, ficam pela metade. A universidade tem as ações de ensino, pesquisa, extensão e inovação tecnológica e tudo que ela desenvolve nessa base deve ser repassado para sociedade, que é com quem trabalhamos”.

A reitora destacou ainda que, ao contrário do que acontece em outros países, esse tipo de parceria ainda é vista com maus olhos no Brasil. “Ainda existe preconceito. É preciso desmistificar que a parceria com o privado é uma questão de privatização. No mundo moderno essa parceria é desejável e estimulada. Esse é o caminho que estamos trilhando, levar a expertise da universidade para a sociedade, buscando parceiros importantes, como o Sebrae, para essas ações”.

O superintendente do Sebrae Paraíba, Luiz Alberto Amorim, reiterou a importância dessas ações para solidificação do empreendedorismo no país. “A universidade sempre foi um parceiro nosso. Estamos fortalecendo esse elo dentro da inovação e geração de tecnologia com as instituições, agindo como uma ponte entre universidade e empresas. Queremos estreitar esses laços, levando o empreendedorismo para universidade, agregar isso ao professor e ao aluno, para que se crie no ensino essa visão. Isso é fundamental para dar competitividade e sustentabilidade às empresas que acabam de sair da universidade. É construir uma empresa para hoje, para amanhã e depois”.

Evento discute os futuros da economia criativa

O Seminário Oportunidades e Desafios na Economia do Conhecimento contou ainda com diversas palestras que discutiram como pensar em modelos de negócios que integrem academia e mercado empreendedor. Na palestra “Tendências Mundiais: Oportunidades e Desafios da Sociedade do Conhecimento”, ministrada pelo professor Elimar Pinheiro, foram abordadas reflexões sobre o futuro do mundo tecnológico, do estilo de vida da população, da política e da cultura, pensando em novas formas do fazer negócio para as próximas gerações.

Já na palestra da presidente da Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores (Anprotec), Francilene Procópio, a discussão foi sobre o elo entre formadores de conhecimento e a produção de mercado, mostrando como as incubadoras e parques tecnológicos podem ser fundamentais para unir esses dois universos.

Segundo a representante da Anprotec, o país é promissor e cresce no cenário dos parques tecnológicos: hoje são 38 parques em operação, com 384 incubadoras de empresas e 3.764 empresas incubadas.



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