Política

Sandra diz que Ricardo mudou, cobra diálogo, mas fica no PSB e não rompe

Magoada


06/03/2013



 

{arquivo}No dia em que completou 42 anos de idade, a ex-vereadora de João Pessoa, Sandra Marrocos (PSB), reuniu a militância e convocou a imprensa para uma entrevista coletiva para informar o seu posicionamento político após o fracasso nas urnas, em 2012, e após cinco meses de um possível esquecimento do governador Ricardo Coutinho (PSB), nos últimos cinco meses.

 

Na manhã desta quarta-feira (6), na sede do diretório municipal do PSB, a atual suplente de vereadora revelou toda a mágoa que está sentido com o governador do Estado, mas negou que esteja deixando os quadros do PSB ou rompendo ‘oficialmente’ com Ricardo Coutinho. Na oportunidade, Sandra leu uma carta com quatro laudas intitulada – Carta Aberta ao Povo de Luta, Juntos e Misturados na Luta e na Vida –, na qual traçou uma cronologia de 17 anos de militância ao lado do antigo “coletivo girassol”, comandado pelo governador.

Em vários trechos do documento, a ex-vereadora citou palavras fortes e endereçadas a apenas um personagem, o governador Ricardo Coutinho. Durante a leitura, ela afirmou que foi no ano de 2011 que o atual governador, já eleito, começou a mudar a sua postura política em relação aos antigos companheiros.

“Foi exatamente neste período que, ao meu ver, nosso companheiro Ricardo, agora governador, muda a sua postura em relação ao fazer político. Segmentos que nos apoiaram durante toda a nossa trajetória tinham muitas dificuldades em dialogar com o governo, companheiros valorosos vão sendo, de forma gradativa, colocados em segundo e até terceiro plano dentro do projeto. Mas, como sempre até hoje, fiz minhas avaliações e observações dentro dos espaços partidários que eram propiciados, pois até nessa esfera o diálogo passa a ser cada vez mais excludente”, diz Sandra Marrocos na carta.

Convite para a secretaria da Mulher e da Diversidade Humana

{arquivo}Sandra Marrocos ainda afirmou que após cinco meses sendo “ignorada” por Ricardo Coutinho, foi convidada para uma reunião, nesta terça-feira (5), com o gestor. Ela revelou que lhe foi feito o convite para o cargo de secretária Executiva da Mulher e da Diversidade Humana, mas, que o grupo político que a segue não aceitou o convite. “Política é símbolo, é simbologia além de tudo. Nasci em Curral Velho, morei na periferia dessa cidade e não tenho medo de nada na minha vida”, disse.

Apesar da negativa, ela negou que estaria deixando o PSB ou rompendo com o governador. Nas entrelinhas, ainda revelou que aguarda por novos convites para ingressar em cargos na esfera estadual.

“Eu não fechei a porta, não estou rompendo com o governador, este grupo está aqui para dizer que dialogou muito internamente, mas, infelizmente, ele [Ricardo Coutinho] não conseguiu sentir esse diálogo, mas, é lógico que se a proposta vier nós vamos avaliar. Eu não estou querendo aqui dizer que vou aceitar, porque eu não estou atrás de emprego, aliás, quero dizer que nem emprego eu tenho, que isso fique claro”, disse.

Sem convite da PMJP

A socialista ainda negou a existência de convite por parte do prefeito de João Pessoa, Luciano Cartaxo (PT), para assumir a recém-criada Coordenadoria Municipal de Promoção à Cidadania GLBTT e da Igualdade Racial. “Algumas pessoas já colocaram [na imprensa] que eu estou dialogando com o prefeito, isso não é verdade, eu respeito muito Luciano e o PT, aliás, eu vim do PT, não vejo diferença de projeto entre o PT e o PSB, é tanto que a Cidade de João Pessoa tem visto uma gestão de continuidade”, disse.

2012, ano para esquecer

Para Sandra, o ano de 2012 foi desastroso para o projeto político do governador, que além da derrota da candidata Estela Bezerra, registrou varias baixas de companheiros importantes que estavam neste projeto desde o seu inicio.

“Pouco diálogo, tomada de decisões importantes para a nossa história passam a se dar de maneira cada vez mais centralizadora e excludente. Nossas diferenças internas passam a ser cada vez mais publicizadas, companheiros valorosos não se empenham na nossa campanha, inclusive se dedicando à candidatura opositora a nossa”, diz.

Veja abaixo mais alguns trechos da entrevista concedida por Sandra Marrocos:

Mais diálogo

“O que Sandra Marrocos quer é respeito, o que Sandra Marrocos quer é que esse grupo seja ouvido, o que Sandra Marrocos quer é que o companheiro Ricardo Coutinho volte a ouvir as pessoas que ele ouvia antigamente, que ele dialogue, que ele converse. Eu não estou rompendo com ele, apenas afirmo que não aceito mais a falta de diálogo dele, em hipótese alguma”.

Sem medo de exclusão do PSB

“Lógico que não, o que Ricardo vai dizer, o que eu fiz com ele, aliás, eu quero perguntar o que foi que eu não fiz durante esses 17 anos de minha vida [de militância]. Ricardo é governador hoje porque esse povo que aqui está e tantos outros trabalharam por isso”.

Traição

“É um sentimento de desrespeito com esse grupo. Eu não tenho problema de externar as coisas, mas, esticaram a corda demais e quando acontece isso ela quebra, e quebrou. Mas, estou aqui, pronta para conversar”.

Mudança de postura de Ricardo Coutinho

“Sinceramente eu fico meditando e pensando o que foi que fez o companheiro Ricardo mudar, eu, sinceramente, não entendo. Porque na hora do ‘pega pra capar’, do ‘vamo vê’ é com o mesmo povo que ele conta, o de sempre. Quando as campanhas iniciam é esse povo que está lá e tantos outros, a exemplo desse, que é um aglomerado que se une e se autodenomina ‘povo de luta’ que acabou ficando muito junto do nosso mandato, porque aqui existe afeto”.

 



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