Economia & Negócios

Salário de domésticas é a que mais cresce no ano

Mudança


23/08/2013

 A carência de trabalhadores domésticos aliada à mudança de pensamento sobre a importância da profissão na sociedade vêm provocando a valorização da mão de obra nas principais metrópoles do país. Pesquisa Mensal de Emprego (PME), divulgada ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), revela que a remuneração desse tipo de profissional cresceu 5,5% no período de janeiro deste ano. A remuneração do grupo foi a maior entre as diferentes ocupações pesquisadas. Na média nacional, a alta foi de 1,5%. No comparativo entre as seis regiões metropolitanas, a de Recife foi a que mais reajustou o salário dos empregados domésticos. A alta foi de 11,9%.

Na média nacional, as remunerações da categoria saíram de R$760,94 para R$ 803 — rendimento bem abaixo da média habitual dos trabalhadores apontado pela PME, que está em R$1.848,40. Há entre os empregados domésticos, contudo, quem consiga ganhar mais que R$2 mil por mês, o equivalente a três salários mínimos. A diretora-geral dos Sindicatos das Trabalhadoras Domésticas do Estado de Pernambuco, Luiza Batista, diz que, em um cenário de escassez de mão de obra, aquelas que têm mais experiência acabam alcançando melhores salários.

“Em Boa Viagem e Casa Forte, bairros de classe média alta do Recife, quem tem mais de 35 anos e bagagem profissional consegue as melhores vagas. Mas são casos excepcionais. A média é de dois salários mínimos”, aponta.

Economista da coordenação de Trabalho e Emprego do IBGE, Adriana Beringuy destaca que, diferentemente das demais cidades observadas, Recife vem apresentando, nos últimos dois anos, uma evolução significativa na remuneração dos trabalhadores domésticos. “Há menos empregados domésticos no conjunto da PME e os que se mantêm no mercado vêm conseguindo melhores salários. É um movimento que surgiu muito antes da lei (dos empregados domésticos)”, avalia.

Veja também: Taxa de desemprego cai para 5,6% em julho, segundo IBGE

Também São Paulo sofre com a falta de mão de obra doméstica. “As empregadas conseguem ganhar mais que uma recepcionista ou auxiliar administrativo. E mesmo com a aprovação da lei, a demanda por vagas continua alta. Até quem foi demitido em abril já foi recolocado”, diz a assessora jurídica do Sindicato dos Trabalhadores Domésticos da Grande São Paulo, Camila Ferrari.

Segundo o Dieese, o emprego doméstico ainda é essencialmente feminino no Brasil e formado, na maioria, por trabalhadoras entre 40 a 49 anos (28,5%). Em 2004, a maioria era de mulheres de 30 a 39 anos (27,2%).

“O crescimento econômico na última década abriu possibilidades de ocupações, o que está fazendo mudar a entrada de meninas de baixa renda no mercado de trabalho. Mas, além da mudança estrutural, a lei dos empregados domésticos colocou esse profissionais no debate por condições mais dignas e melhor remuneradas”, afirma o diretor técnico do Dieese, Clemente Ganz Lúcio.



Os comentários a seguir são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião deste site.
// //