Política
Ruy Carneiro avalia realidade e gestão de João Pessoa, expõe bases de propostas e diz estar preparado para inovações resolvendo o social
Deputado federal e pré-candidato a Prefeitura de João Pessoa concedeu entrevista exclusiva ao publisher Walter Santos
17/06/2020
Por Walter Santos
EXCLUSIVO – O deputado federal Ruy Carneiro, presidente estadual do Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB), durante entrevista exclusiva ao publisher do Portal WSCOM, Walter Santos, nesta quarta-feira (17), fez uma avaliação crítica e conceitual mais profunda de sua candidatura a prefeito de João Pessoa analisando diversos fatores, a partir da gestão do prefeito Luciano Cartaxo no trato da realidade do novo coronavírus e a saída no futuro.
Ele revelou ainda que tem se preparado há tempo para resolver os principais problemas da cidade, inovar na construção de novo projeto socioeconômico, mas que resolva a parte social da cidade de forma sustentável.
Eis a entrevista na íntegra:
WSCOM – Qual sua avaliação do posicionamento da Prefeitura no trato do novo coronavírus em João Pessoa, evidentemente tratando da questão sanitária e da economia?
RUY CARNEIRO – Olha, minha avaliação se dá a partir de dados reais, comprovados. A prefeitura tem falhado, desde o princípio, nesta questão do novo coronavírus. Há muito improviso, falta gestão, falta planejamento e diálogo. São decisões lentas, demoradas e quando chegam são insuficientes. Tanto na economia quanto na saúde. E eu que tenho a pauta da saúde como prioridade desde o início da minha trajetória na vida pública sei que é possível fazer diferente, bom feito e em menos tempo. Tenho conversado com os setores produtivos e sei o que eles enfrentam para segurar a economia.
WSCOM – Objetivamente, como comprovar tamanha crítica?
RUY CARNEIRO – É simples. Até agora a prefeitura ainda não apresentou um plano para apoiar quem ficou desempregado e ajudar o pequeno empreendedor. Ao contrário, manda fechar os mercados, toma mercadorias dos feirantes, mas deixa os grandes supermercados abertos, lotados. Só os R$ 600 do governo federal são suficientes? Não. É preciso agir localmente. É preciso solução da prefeitura, que até agora não veio.
WSCOM – Especificamente na saúde, o que o Sr diz?
RUY CARNEIRO – Olha, se a gente for para a saúde, aí que a coisa fica mais visível. Num momento de pandemia como este, o que explica a compra de apenas 2,5 mil testes para Covid-19? Como pode? Como é que vai saber como está o vírus numa população de 800 mil habitantes com essa quantidade?
Está tudo perdido? Não. Ainda dá pra fazer muita coisa. Basta não afastar de perto quem quer ajudar.
WSCOM – Na sua opinião, o que fazer?
RUY CARNEIRO – Está na hora de Luciano deixar o conforto do home office e visitar os hospitais para conhecer a realidade do sofrimento das pessoas. Tem que liberar os recursos dos hospitais filantrópicos, pois isso prejudica a população. Isso é algo que não faz mal aos adversários políticos dele, faz mal é a quem mais precisa de atendimento nos hospitais. Basta querer fazer o que tem que ser feito, sem brincar de eleição em tempos de pandemia. É ser propositivo e fazer gestão!
WSCOM – No seu entendimento, como a cidade pode retomar sua atividade econômica, de forma sustentável, para não retroceder na volta do isolamento?
RUY CARNEIRO – O momento de retomada foi amplamente discutido por nós durante o Fórum de Ação em Defesa do Emprego. Há dois meses, reunimos representantes da indústria, comércio, serviços, universidades, dos trabalhadores, federação dos municípios e diversas instituições para construir caminhos juntos, soluções para a economia da Paraíba e em especial de João Pessoa, enquanto principal cidade.
WSCOM – E a Prefeitura?
RUY CARNEIRO – A prefeitura foi convidada, mas se recusou a participar nestes encontros do Fórum. De qualquer forma, enviamos e tornamos pública a carta com as propostas, que não são minhas, mas dos setores que vivenciam, que fazem e impulsionam a nossa economia. Dois meses depois desses debates, sem dialogar com a sociedade, apresentam uma proposta de reabertura das atividades. Tudo atropelado. O contrário do que dizem os empresários. Só demonstra que agem sem a rapidez necessária, de forma improvisada, sem nenhum planejamento.
WSCOM – Como exemplificar?
RUY CARNEIRO – A construção civil, por exemplo, fechou e já abriu 100%. Não precisava fechar. Bastava adotar as medidas de higiene, os cuidados e distanciamento durante o trabalho. Outra coisa. Como explicar a quem vende frutas e verduras no Mercado da Torre, por exemplo, há 15 ou 20 anos, que o supermercado de grife pode funcionar com as medidas de higiene, mas que ele não pode fazer seu dinheiro e levar o sustento para a família? Queria ver alguém conseguir explicar isso pra ele.
WSCOM – O que se faria?
RUY CARNEIRO – Digo: colocaria aqueles famosos bombados que foram vistos quebrando bancas de feira para serem proativos, fazer deles agentes de controle da higiene nos mercados. Simples. Ao invés de punir, podemos trazer solução antes do problema.
Assim também com os ônibus. A prefeitura permitiu que as igrejas funcionem com menos pessoas dentro. Por que não dá certo com o ônibus? Por que os poderosos não andam de ônibus. Mas quem precisa sair pra fazer tratamento de saúde vai como? Com o motorista do prefeito? Então, são muitas questões, e não adianta ficar nesse abre e fecha se a saúde não funcionar. Tem que aumentar a oferta dos testes, de medicamentos e as formas de tratamento das pessoas. Não são os números, são as vidas humanas que nos preocupam.
WSCOM – Há sinais de que a população pobre está com fome. Na sua opinião, o que o governo poderia fazer além os 600 reais de benefício?
RUY CARNEIRO – São várias as medidas necessárias, como prorrogar impostos, conceder auxílio financeiro, promover qualificação profissional dos jovens e adultos. A prefeitura tem já em mãos uma série de propostas que o Fórum do Emprego elaborou para estimular a economia, para assegurar mais renda para as pessoas, para ajudar os micro e pequenos empreendedores. Temos que salvar os empregos, estimular as ocupações e evitar que mais empresas morram.
WSCOM – Como ficam as micro, pequenas e grandes empresas?
RUY CARNEIRO – É possível ousar. O Empreender, do governo do estado, e o Banco Cidadão, da prefeitura de João Pessoa, tem condições de ajudar nesse momento, abrir mais crédito, dotar as pessoas de mais capacidade de renda. Vivemos esse período de dificuldade em que os pequenos negócios poderão ser a solução na geração de mais emprego, na retomada econômica no pós-pandemia. Sobre a prorrogação de impostos, isso é urgente. A própria prefeitura tem recebido ajuda do Governo Federal para fechar suas contas. O que custa, então, adiar a cobrança dos tributos? Não é calote, as pessoas vão pagar, mas não agora, com a corda no pescoço. E estes são alguns exemplos de ações que mostram o muito que pode ser feito. Mas tem que fazer de um modo diferente, bem feito e em menos tempo. No ritmo que estão hoje perdemos a guerra contra o coronavírus e contra a retração econômica.
WSCOM – O governo federal está sinalizando que vai propor mais 2 meses de auxilio, mas no valor de R$ 200/300,00. Qual sua avaliação à proposta de diminuição do benefício do governo federal.
RUY CARNEIRO – A gente conhece de perto a realidade da população. Converso com as pessoas de todos os bairros e comunidades, de uma ponta à outra da cidade. Todo mundo sabe que os R$ 600 do auxílio emergencial pagos neste período de pandemia pelo governo federal, mal chegam para o aluguel das pessoas que necessitam. Ainda é preciso pagar as outras contas, comprar comida. Se essa proposta de reduzir o auxílio para R$ 300 chegar no Congresso, vou lutar contra porque é inaceitável. É preciso aumentar a proteção social. O Governo do Estado e a Prefeitura de João Pessoa, inclusive, precisam fazer a contrapartida deles. Mas na esfera federal devemos garantir o mínimo para que as famílias tenham um lugar decente para morar e uma mínima condição de vida.
WSCOM – A dados de hoje, qual a sua relação com o prefeito Luciano Cartaxo?
RUY CARNEIRO – Há muito tempo o prefeito deixou de ouvir os aliados, de consultá-los, de dialogar. Por vaidade, por falta de visão do futuro, Luciano começou a trilhar o caminho da perdição, o de querer empurrar goela abaixo um pau mandado para tentar colocar no lugar, o que a população não vai aceitar.
O fato é que o tempo de Luciano está chegando ao fim, daqui a pouco acaba, mas o grupo dele quer se perpetuar no poder. Isso não é saudável. A alternância de poder na prefeitura fez muito bem a João Pessoa nos últimos anos.
Nós nunca rompemos com o prefeito. Ele é que abandonou quem sempre lhe deu apoio porque quer tratar os aliados como subordinados, quer impor de todo jeito uma candidatura que ninguém sabe nem quem é. Quer botar um reserva pra tentar manipular depois. Isso não funciona.
Então, temos mantido uma relação institucional.
WSCOM – Como assim?
RUY CARNEIRO – Sou deputado federal e tenho o papel de cobrar da prefeitura ações em favor da população. As cobranças que eu antes fazia dentro do gabinete dele e dos secretários tenho que fazer por meio da imprensa e com as pessoas que estão sofrendo. A cobrança, por exemplo, dos recursos que conseguimos liberar para os hospitais filantrópicos. Cobrei isso diretamente ao secretário de saúde há muito tempo. Mas ficaram segurando recursos fundamentais para o atendimento das pessoas no Napoleão Laureano, São Vicente de Paulo e Padre Zé.
Se o prefeito visitasse um dos hospitais veria a calamidade em que estão. Os preços dos insumos hospitalares mais que triplicou. Luva, soro, máscara, tá tudo mais caro no mercado.
WSCOM – Entre as candidaturas postas, o que o Sr. propõe de diferente dos demais candidatos?
RUY CARNEIRO – Estou preparado e em condições de resolver os principais problemas da cidade para elevá-la a um patamar de lugar inovador. O maior desafio hoje é fazer diferente, bem feito e em menos tempo. Para isso, é preciso abrir os braços ao futuro, à inovação, às experiências modernas em outras cidades do país e mesmo no exterior. João Pessoa tem vocação natural para ocupar um lugar de destaque no cenário regional e nacional.
WSCOM – Mas como fazer?
RUY CARNEIRO – É preciso ir buscar investimentos, aproveitar as oportunidades, atrair pessoas de fora, novas ideias, novos empreendimentos, novos negócios, preparar os jovens, os empreendedores. E agora, no pós-pandemia, estar pronto para reconstruir o tecido econômico da cidade. Temos que resgatar os empregos, as ocupações e as empresas perdidos nessa crise.
Nossa cidade é tudo o que as pessoas daqui e de fora desejam, tem qualidade de vida, belezas naturais, uma localização privilegiada. Mas tudo isso tem que representar uma vida melhor para as pessoas que aqui moram e constituem suas famílias.
WSCOM – Qual seu conceito de desenvolvimento?
RUY CARNEIRO – Não basta fazer obras na Orla, na Beira Rio e na Lagoa. Tem que cuidar dos bairros e das comunidades também. Não basta construir posto de saúde e UPA e deixá-los sem funcionar direito. Tem que ter gestão eficiente e pronta para atender as pessoas. Na hora de cobrar impostos, a prefeitura funciona muito bem, tem o cadastro de todo mundo, sabe onde cada pessoa mora e vai cobrar. Agora, quando é preciso fazer um exame ou consulta, nada disso funciona. É ultrajante que nossa rede de saúde não tenha um prontuário eletrônico. As pessoas atendidas nas UBSs não levam seu histórico de paciente quando vão ser atendidas na UPA. Então, não basta colocar o tijolo para inaugurar esses prédios, se a gestão do sistema de saúde não funcionar.
Tem que ter mobilidade e ônibus com conforto, qualidade, na hora certa, eficiente. João Pessoa tem pressa. Tem que ter outro ritmo para não perder oportunidades de trabalho, de crescimento, de desenvolvimento, de futuro.
WSCOM – Por que o sr. é candidato?
RUY CARNEIRO – Porque me preparei e quero oferecer à cidade a minha experiência, a minha vida limpa. Aprendi muito nos últimos anos como secretário municipal e estadual, exercendo mandatos de vereador, deputado estadual e federal. Sei fazer porque já fiz e continuo fazendo muito por nossa cidade. Na condição de aliado, ajudei a construir o que foi feito na nossa cidade. E continuo ajudando porque é assim que a gente deve agir. Nunca vou fazer esse velho debate da crítica pela crítica. Só os candidatos vazios é que ficam por aí criticando sem propor nada.
WSCOM – Onde está o diferencial de gestão?
RUY CARNEIRO – Eficiência de gestão é um paradigma que quero estabelecer nesta cidade. Se o setor privado pode ser eficiente, com baixo custo e gerando lucro, o público também pode avançar com a melhoria de condição de vida das pessoas. O futuro exige caminhar sobre os trilhos da gestão pública eficiente e da inovação tecnológica. E estou pronto para seguir nessa jornada.
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