Internacional

Rússia inicia ‘corrida do meteorito’ após localização de fragmentos


18/02/2013

 Um meteorito que explodiu sobre os montes Urais, na Rússia, e que espalhou bolas de fogo pelo céu agora motiva uma corrida por fragmentos da rocha espacial, e os caçadores esperam ganhar milhares de dólares com cada pedaço.

Entusiastas amadores estimam que os pedaços de rocha espacial possam valer até 66 mil rublos (US$ 2.200) por grama — mais de 40 vezes a atual cotação do ouro e o fato deu início a uma "corrida do meteorito" nos arredores da cidade industrial de Chelyabinsk

A explosão da sexta-feira (15) e a onda de choque que veio depois estilhaçaram vidraças, feriram quase 1.200 pessoas e causaram prejuízo de US$ 33 milhões em danos, segundo autoridades locais.

No entanto, a confirmação de que o corpo celeste, tratado inicialmente por meteoro, era na verdade um meteorito só veio neste domingo, quando cientistas da Universidade Federal dos Urais afirmaram que fragmentos encontrados no Lago Chebarkul, na região de Chelyabinsk, eram partes de um meteorito.

Estudo feito com partículas dos fragmentos encontrados na região do Lago Chebarkul, que está congelado, apontaram que o material tinha características de um meteorito condrito ordinário, contendo em sua composição 10% de ferro. Os cientistas afirmaram ainda que o corpo celeste poderá ser batizado de “meteorito Chebarkul”.

Quando um corpo rochoso vem do espaço e entra na atmosfera, ele é inicialmente chamado pelos astrônomos de meteoro. Caso atinja o solo, em vez de se desfazer em atrito com a atmosfera, ele – ou seus fragmentos – passam a ser classificados de "meteorito", conforme explica o astrônomo Cássio Barbosa, colunista do G1.

Menos é mais
"O preço ainda é difícil de dizer. Quanto menos meteoritos forem recuperados, maior o seu preço", disse Dmitry Kachkalin, membro da Sociedade Russa de Admiradores Amadores dos Meteoritos.

Mais de 20 mil pessoas participaram no fim de semana das operações de busca e limpeza em Chelyabinsk e arredores. Muitas outras pessoas estão na região na esperança de achar um meteorito, depois de um fenômeno descrito por cientistas como algo que só acontece uma vez a cada século.

Numa aldeia próxima, os moradores andavam pelas ruas recolhendo pedras no meio da neve. Mas nem todos estavam interessados em vender a relíquia. "Eu vou guardar. Por que vender? Eu não tinha vida de rica antes, então por que vou começar agora?", disse uma mulher à TV estatal Rossiya-24, segurando um pedregulho.

Na internet, há pessoas vendendo pedras que dizem ser meteoritos por a partir de mil rublos (US$ 33,18), mas é difícil confirmar sua autenticidade.

Detalhes do meteorito
Os fragmentos encontrados pelos cientistas nos arredores do Lago Chebarkul tinham 0,5 a 1 cm de diâmetro, mas os cientistas disseram que pedaços maiores podem ter caído no lago, onde uma cratera com cerca de oito metros de diâmetro se abriu no gelo depois da explosão da sexta-feira.

Ainda segundo a equipe de cientistas, os fragmentos não revelaram ainda algo a respeito das origens do meteorito, que a Nasa estimou ter tido 17 metros de diâmetro e 10 mil toneladas antes de entrar na atmosfera terrestre.

Maior em 100 anos
A agência espacial americana Nasa divulgou informações capturadas por uma rede de sensores que permitiu uma melhor avaliação do objeto que cruzou o céu da Rússia. Segundo a instituição, o tamanho do meteoro era de 17 metros e seu peso era de 10 mil toneladas antes de entrar na atmosfera terrestre.

Quando se desintegrou no céu, às 0h20 (horário de Brasília) desta sexta-feira, devido ao atrito com o ar, foram liberados 500 kilotons de energia (ou seja, aproximadamente o equivalente à detonação de 500 toneladas de TNT), segundo as estimativas.

O primeiro registro da entrada do meteoro na atmosfera terrestre foi feito no Alasca, a mais de 6.500 km da região russa, onde houve os estragos. Os sensores de infrassom indicam que, desde o momento da entrada do meteoro na atmosfera, até sua desintegração, se passaram 32,5 segundos.

Sistema de defesa
Agências de notícias afirmam que autoridades da Rússia defenderam a criação de um sistema conjunto de combate a asteroides. Alexei Pushkov, chefe do Comitê de Assuntos Exteriores do Parlamento russo, escreveu em sua conta no Twitter que “’em vez de lutar na Terra, as pessoas deveriam criar um sistema conjunto de defesa dos asteroides”.

A opinião é compartilhada pelo presidente russo, Vladimir Putin. Segundo a agência de notícias "France Presse", o presidente convocou os Estados Unidos a se unir ao país e à China para criar um sistema de defesa contra asteroides.

Na última semana, pela primeira vez um grupo de trabalho das Nações Unidas propôs um plano de coordenação internacional para detectar asteroides potencialmente perigosos e, em caso de risco para a Terra, preparar uma missão espacial com capacidade para desviar sua trajetória.

"O risco de que um asteroide se choque contra a Terra é extremamente pequeno, mas, em função do tamanho do asteroide e do local do impacto, as consequências podem ser catastróficas", indica um relatório entregue esta semana aos estados-membros pelo Escritório da ONU para o Espaço Exterior (Unoosa, na sigla em inglês).
O relatório de 15 páginas foi elaborado por um grupo de trabalho criado em 2007, em Viena, na Áustria. Atualmente são conhecidos cerca de 20 mil asteroides próximos à Terra, dos quais aproximadamente 300 são potencialmente perigosos, explica o diretor do grupo de trabalho que redigiu o documento, o mexicano Sergio Camacho.

Até 2020, o analista prevê que serão detectados até meio milhão de asteroides próximos a nosso planeta, graças à melhora da tecnologia de localização. "São objetos que estão aí, mas não sabemos onde estão", ressalta.



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