Política
Rodrigo Maia deve deixar o DEM e se diz traído por ACM Neto: “Entregou nossa cabeça ao Palácio”
08/02/2021
Portal WSCOM com 247
Ex-presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ) reagiu à traição do presidente de seu partido, ACM Neto, na eleição para a presidência da Câmara e, numa longa entrevista ao jornal Valor Econômico afirmou que sua saída da sigla não tem volta e que o partido volta “para a extrema-direita dos anos 1980” ao se colocar como aliado de Jair Bolsonaro. Maia deixou patente, na entrevista, sua mágoa com o presidente do partido: “Mesmo a gente tendo feito o movimento que interessava ao candidato dele [ACM Neto] no Senado, ele entregou a nossa cabeça numa bandeja para o Palácio do Planalto”.
Maia considera que há um movimento rumo à extrema direita do partido liderado por ACM e pelo governador de Goiás, Ronaldo Caiado: “O grande problema é que o partido voltou ao que era na década de 1980, para antes da redemocratização, quando o presidente do partido aceita inclusive apoiar o Bolsonaro. Isso por decisão da direção partidária. Não é relevante, do ponto de vista do processo político, como cada deputado vota numa eleição para presidente da Câmara. Mas a movimentação da cúpula do partido, principalmente do seu presidente e do governador de Goiás, Ronaldo Caiado, deixou claro que há a intenção de aproximação maior com o governo Bolsonaro, que não será apenas uma relação parlamentar com a agenda econômica, mas mais ampla”.
O ex-presidente da Câmara explicou sua saíra próxima da sigla a partir desse movimento à extrema direita que identifica: “Deste partido eu não tenho mais como participar porque não acredito que esse governo tenha um projeto, primeiro, democrático e, segundo, de país. Continuo dizendo que o governo é um deserto de ideias. O DEM decidiu majoritariamente por um caminho, voltando a ser de direita ou extrema-direita, que é ser um aliado do Bolsonaro”.
Na entrevista, Maia voltou a afirmar que é contra o impeachment de Bolsonaro: “O julgamento do impeachment é político e as condições políticas não estão colocadas. Querendo ou não, Bolsonaro tem 30% de ótimo/bom e 40% de ruim/péssimo. A abertura de um impeachment em um momento em que as condições políticas não estão colocadas só o fortaleceria. Tiraríamos da agenda a pandemia e colocaríamos o impeachment. Talvez seja tudo que o ele quer: tirar da frente as milhares de mortes pela pandemia. A gente ia jogar para segundo plano a responsabilidade do presidente e do seu ministro da Saúde por todo o desastre na administração dessa crise, por todas as mortes, e íamos ficar todos discutindo um processo que ele provavelmente sairia vencedor e fortalecido do ponto de vista político.
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