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“REVOLUÇÃO DOS BICHOS”


05/10/2003

Este ano se comemorou o centenário de nascimento do escritor Britânico George Orwell, famoso por seus livros: “Animal Farm” (Revolução dos Bichos) e “1984”. Mas não é dessa revolução ou de crítica ao Estado totalitário, de que trata a minha revolução. A minha , tem um pé na paródia ao poema de Drummond, “No meio do caminho tinha um gato…tinha um gato no meio do caminho! Saía eu do meu quarto, ainda sonolenta de um sonho e de uma gripe, quando não mais que de repente, me surge pelas costas, vindo do meu quarto dos livros, um gato preto, de rua, esbarrando comigo num ângulo de 90 graus.

Achei que um urso polar tinha fugido do Alasca, tamanho foi o montante de pelos que vi se engalfinhando pelas minhas pernas. Dei uns gritos de pavor, ele, o pobre do gato ficou aterrorizado, e de lembrança me deixou um leve arranhão no dedão do pé. Haja água com açúcar! Resultado? Estou a tomar vacina anti-rábica, e a tratar o gato a pão de ló com leite, para não perde-lo de vista até domingo, quando terei alta pela vigilância sanitária…Disseram por aí que eu tenho andado raivosa… pois estou até tomando vacina para alguns se sentirem mais tranqüilos…

Mas esses contratempos são coisas de quem mora no Bessa, no barro, com alguns resquícios de praia silvestre. Sendo moradora deste ainda sítio com pés de caju-conta, há 20 anos, coleciono alguns causos pitorescos.Não foram poucas as vezes que amanheci o dia com uma vaca no meu quintal, que entrava pelo portão quebrado, fugindo do seu pasto ou do vaqueiro. O terraço coroado de estrume fresco, e eu a praguejar o dono. Pena que não como carne, para ter providenciado belos churrascos… Sei que a vaca está na moda, e o tempo das magras…acabou! Mas sinto saudade do som do sino no pescoço das que passeavam na minha porta: gordas e magras!

Uma outra vez, entrei no meu quarto distraída, e levei um outro susto: lá estava um guiné majestosamente sentado no meio da minha cama, fazendo sua sesta, e se achando no meio do mundo. De novo não aprecio iguarias de caça, do contrário… outro assado… Teve também uma cobrinha de araque, que mobilizei todo o quarteirão para mata-la à pauladas: Ou ela ou eu! Dizia do alto do meu medo. Até hoje ainda a procuro!

Teve também os girinos, as rãs, as lagartixas, os sapos grandes, médios, e caçotes, que já incorporei como do cenário. Tinha um casal deles que todos os dias passeava pela minha sala, sempre na hora do Jornal Nacional,como que fazendo a ronda noturna.

Meus sobrinhos Galeses (sim! Tenho sobrinhos no País de Gales!) exclamavam surpresos: Na casa de tia Ana tem sapinho dentro de casa! Ou seria um príncipe?!

No São João do ano passado, entre uma bomba e outra, fui até a dispensa pegar fósforos para Daniel, ao som de um xote de Elba Ramalho. Quando abri a porta, me sai um cachorro latindo, da vizinha claro, que por engano tinha ficado preso nos meus aposentos. Mas bonito mesmo foi quando anos atrás, dirigia no meio da poeira e sol a pino de meio dia, por um descampado aqui perto, quando me atravessou na frente do carro, um camaleão verde enorme , com o lombo vermelho, e desfilou na minha frente como que saído diretamente da computação gráfica do Fantástico.

Passei dias a procura-lo depois, para ver se não havia sonhado.

Não gosto de bichos! Só na floresta! O meu eu inferior ainda não os quer por perto…Mas estou de xodó com este Negro gato, adotado deliberadamente, se não para homenagear Orwell, pelo menos para cantarolar Roberto Carlos e escapar da raiva…



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