Nordeste

Revista NORDESTE: presidente da Petrobras revela detalhes do projeto de exploração de petróleo na Bacia Potiguar, no RN


27/10/2023



A nova edição da Revista NORDESTE explora a nova fase da Petrobras diante da Marquem Equatorial. O presidente da estatal, Jean Paul Prates, concedu entrevista exclusiva em que fala sobre o mega projeto de exploração de petróleo começa pela Bacia Potiguar, no Rio Grande do Norte, com empresa garantindo preservação ambiental

 

Leia a entrevista concedida ao jornalista Walter Santos aqui ou abaixo:

 

O Brasil em particular e o mundo de uma forma geral se preparam para conviver com os efeitos extraordinários da execução e exploração de petróleo no projeto denominado Margem Equatorial a começar pelo Rio Grande do Norte na Bacia Potiguar mas o foco da Petrobras abriga estudos na direção norte até Amapá, cujo saldo das ações em curso pela empresa projetam incremento sócio – econômico histórico para o País. Esta é a síntese do que expressa o presidente Jean Paul Prates avaliando com detalhes todos os aspectos conjunturais, inclusive de zelo ambiental para atender as políticas e normas internacionais.

 

 

Revista NORDESTE – A conjuntura brasileira com repercussão internacional aponta para a perspectiva de grande impacto mundial com a execução do megaprojeto em torno da Margem Equatorial. Muito além da comemoração do presidente Prates com a liberação do Ibama, quais são os próximos passos efetivos? Quando tudo se efetivará?

Jean Paul Prates – Bem, a perfuração na Bacia Potiguar está prevista para ser iniciada nas próximas semanas, após a chegada da sonda na locação. Com a pesquisa exploratória, a companhia pretende obter mais informações geológicas da área para avaliar a viabilidade econômica e a extensão da descoberta de petróleo realizada em 2013 no poço de Pitu. Não há produção de petróleo nessa fase. O tempo para trabalhos em cada poço é de quatro a cinco meses de exploração. Após o primeiro poço, temos um segundo que também vamos perfurar na Bacia Potiguar, o poço de Anhangá.

 

NORDESTE – Qual a expectativa inicial a partir dessa bacia?

Jean Paul Prates – Estamos muito otimistas e entusiasmados com a retomada de novos projetos pela Petrobras. A Margem Equatorial brasileira apresenta expressivo potencial petrolífero e será fundamental para o futuro da companhia, garantindo a oferta de petróleo necessária para o desenvolvimento do país e financiamento da transição energética.

 

NORDESTE – Segundo o Sr, a operação executiva começará pela bacia Potiguara, no Rio Grande do Norte, e não na Amazônia. Poderia nos explicar melhor com mais detalhes?

Jean Paul Prates – Como etapa necessária de toda atividade petrolífera, a Petrobras apresenta documentações sobre os campos que pretende explorar para que o Ibama avalie, e, em um processo rigoroso e construtivo, ateste a viabilidade ambiental daquele empreendimento específico, como também faz em diversas atividades sujeitas ao processo de licenciamento. Esse processo corre sob responsabilidade daquele órgão governamental, e frequentemente conta com diversos pedidos paralelos, limitados pela complexidade do caso e capacidade institucional do órgão de atender à demanda de novos projetos de parte das várias empresas do setor.

 

NORDESTE – O Sr trata a liberação da Bacia Potiguar como que sinalização ?

Jean Paul Prates – A Petrobras obteve a licença ambiental do Ibama para explorar primeiro a Bacia Potiguar e estamos muito satisfeitos com a autorização concedida. Isso certamente é importante para pavimentar o caminho para outras bacias da Margem Equatorial.

 

NORDESTE – mas há foco a partir do Amapá. Por que ?

Jean Paul Prates – Simples. Em relação à licença para Amapá Águas Profundas, aguardamos a resposta do órgão ambiental para o recurso que fizemos solicitando autorização para a realização da Avaliação Pré-Operacional (APO) na Bacia da Foz do Amazonas.

 

NORDESTE – A prospecção em curso na Margem Equatorial implica em projetar o Brasil com que tamanho no universo de energias fósseis e/ou qual a dimensão nacional do que esperam obter?

Jean Paul Prates – A Margem Equatorial é considerada uma área estratégica para a Petrobras e uma importante fronteira exploratória em águas profundas e ultra profundas. As descobertas recentes feitas por outras empresas em regiões vizinhas a essa fronteira (offshore das Guianas e do Suriname) corroboram esse potencial. Novas fronteiras, a exemplo da Margem Equatorial, vão garantir a autossuficiência, a segurança e soberania energética nacional, fomentar o desenvolvimento sustentável do país e a transição energética justa, desempenhando papel relevante na ampliação do acesso à energia e na redução das desigualdades, dentre elas a energética.

 

NORDESTE – O que implica essa constatação conjuntural?

Jean Paul Prates – Vale destacar que o Setor de Energia Brasileiro é o segundo mais eficiente dos países do G20 em termos de emissões, mas ainda tem um importante desafio para a redução das desigualdades socioeconômicas.

 

NORDESTE – E os efeitos sócio- econômicos?

Jean Paul Prates – Apesar de decrescente, a demanda global de petróleo se mantém essencial em todos os cenários alinhados ao Acordo de Paris. Mesmo em cenários de transição energética acelerada, a demanda de petróleo para o Brasil e região é crescente, passando por um pico em 2030, porém maior em 2050 do que em 2021. Além disso, o petróleo é matéria prima para diversas indústrias como alimentícia, cosméticos, tintas, petroquímica etc. Reconhecemos ser importante que as novas fronteiras sejam desenvolvidas em um contexto que atenda às características abrangentes de ASG e poderão trazer soluções energéticas mais sustentáveis e resilientes em cenários de transição energética para uma economia de baixo carbono.

 

NORDESTE – E se numa prospecção futurista for identifica redução de demanda?

Jean Paul Prates – Vislumbramos um futuro adiante no qual, ao se ocorrer a redução de demanda, haverá prioridade por produções partindo de óleos mais leves e com menor emissão de carbono no processo produtivo como um todo, ambas condições que nos credenciam a oferecer um produto competitivo e contribuir positivamente com o mercado global.

 

NORDESTE – A liberação do Ibama não estanca a mobilização de setores ambientais, inclusive dentro do governo, contra as incursões na Margem Equatorial. O que a Petrobras assegura de não impacto na questão ambiental de toda a área? O que produzir estruturalmente para garantir essa proteção?

Jean Paul Prates – A Petrobras tem um histórico de quase 3000 poços perfurados em ambiente de águas profundas e ultraprofundas, sem qualquer tipo de intercorrência, o que, associado à capacidade técnica e experiência acumulada em quase 70 anos, habilitam a companhia a abrir novas fronteiras e lidar com total segurança com a sensibilidade ambiental da Margem Equatorial. A Petrobras também já perfurou mais de 400 poços exploratórios em águas rasas na Margem Equatorial Brasileira sem qualquer histórico de dano ambiental. Portanto, a Companhia possui todos os requisitos e expertise necessários para executar um projeto de perfuração como este: tais como: tecnologias de ponta, práticas e processos de referência mundial e profissionais de alta qualificação.

 

NORDESTE – Que outro exemplo próximo ao ambiente amazônico pode ser apontado como comprovação de uso qualificado de exploração ?

Jean Paul Prates – Em Urucu , por exemplo, estamos há 35 anos produzindo no meio da floresta amazônica, de forma sustentável e justa. Com responsabilidade social e de acordo com as mais rigorosas normas de segurança. – São 20 mil empregos gerados, sendo 3,8 mil diretos e 16,2 mil indiretos. Em 2022 foram recolhidos R$400 milhões em royalties na Unidade da Petrobras no Amazonas.

 

NORDESTE – Qual o efeito imediato na economia e contexto fiscal na Amazônia?

Jean Paul Prates – A Petrobras é a maior contribuinte de ICMS do estado do Amazonas.  Urucu tem sua força de trabalho formada em grande parte por moradores da região amazônica, sendo cerca de.45% moradores de municípios próximos como Carauari.  Em Urucu há um viveiro com mais de 25 mil mudas de 90 espécies nativas. Essas mudas retornam ao seu local de origem, de modo a preservar a biodiversidade Para Margem Equatorial, o compromisso com a Responsabilidade Social e projetos ambientais é refletido nos mais de R$ 60 milhões que serão investidos em Projetos Socioambientais até 2027.

 

NORDESTE – Mesmo superficialmente, qual o volume de bacias de petróleo prospectado nesse contexto nacional de impacto internacional?

Jean Paul Prates – Expectativa de produção, potencial de comercialização e características do petróleo só podem ser definidos após a perfuração dos poços e etapas sequenciais. Do mesmo modo, só será possível estimar retornos à sociedade (por meio de empregos, participações governamentais ou tributos) após confirmação de eventuais reservas e sua qualificação decorrentes das atividades de exploração, que antecedem a produção.

 

NORDESTE – Há informações de que o Rio Grande do Norte já produzira querosene para a aviação nacional. Procede e como reativar, em caso positivo? Como fica a base de Mossoró?

Jean Paul Prates – A Petrobras produzia QAV no Ativo Industrial de Guamaré até o mês de junho/23. A partir desta data, este ativo foi desinvestido pela Petrobras e a empresa 3R passou a operá-lo, produzindo e comercializando QAV no estado. Durante o período no qual a Petrobras era proprietária do ativo, a comercialização era feita no polo de Guamaré/RN e as distribuidoras de combustíveis eram as responsáveis por transportar o produto para as bases de distribuição secundárias, como por exemplo, a base de Mossoró/RN. A companhia tem estudado novas parcerias e projetos para fortalecer sua regionalização e atuação em todas as regiões do país, inclusive no Nordeste.

 

NORDESTE – Sergipe é outro front da Petrobras com uma base extraordinária de Gás. Qual é a prospecção e tamanho da repercussão da jazida de gás no contexto nacional e internacional?

Jean Paul Prates – Temos o projeto  Sergipe Águas Profundas, localizado na Bacia de Sergipe-Alagoas (SEAP), a 100 km da costa. Esse projeto se destaca pelas reservas expressivas, com potencial de impulsionar a oferta de gás natural no país e reduzir nossa dependência à importação desse insumo. Isso já mostra como o SEAP se insere nesse contexto nacional e internacional. Outra vantagem é que o gás é o combustível crucial de transição energética. Não só por sua versatilidade de aplicação – como fonte de energia para as mais diversas indústrias – e previsibilidade de entrega, mas principalmente por sua eficiência em emissões. Este ano, iniciamos processo de contratação para afretamento de dois navios-plataformas destinados ao SEAP. Do tipo FPSO (sistema flutuante de produção, armazenamento e transferência de petróleo), as unidades serão estratégicas para ampliar a disponibilidade do gás nacional, além de abrir uma nova fronteira de produção na região Nordeste.

 

NORDESTE – Qual efeito na estrutura e produção?

Jean Paul Prates -Cada plataforma (SEAP I e SEAP II) terá capacidade de processar, diariamente, até 120 mil barris de petróleo (bpd). O óleo da região é leve, considerado de boa qualidade, entre 38 e 41 graus API – e, portanto, de maior valor comercial. Juntas, as duas unidades terão potencial de ofertar até 18 milhões de m3 de gás por dia.

 

NORDESTE – Em tese, se existe petróleo e gás na Bahia, Sergipe, Alagoas, Rio Grande do Norte, etc Quais outras regiões no Nordeste estão no radar de prospecção da Petrobras?

Jean Paul Prates – A Petrobras estuda todas as bacias do país de acordo com sua estratégia de negócios. Da mesma forma, em relação ao Nordeste há análises para a atuação de novos negócios, como os da transição energética.

 

NORDESTE – E as outras matrizes energéticas ?

Jean Paul Prates – Neste âmbito, da transição energética, identificamos dessa região três novos negócios – hidrogênio, eólica offshore e captura de carbono – onde a Petrobras definiu, depois de estudar diversas rotas de oportunidades em diversificação rentável, que serão aprofundados estudos e avaliadas oportunidades em projetos.

 

NORDESTE – No ano em que a Petrobras comemora 70 anos, alguns projetos emblemáticos ganham fôlego, como a Refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco. O que aguardar para o futuro e economia de Pernambuco?

Jean Paul Prates – Conforme divulgado no Plano Estratégico 2023-2027, a Petrobras vai investir US$ 1,5 bilhão na RNEST. O início das operações do Trem 2 da refinaria é previsto para 2027 e, com essa implantação, a Petrobras contribuirá para expandir a capacidade de refino nacional, viabilizando o aumento da produção de derivados, principalmente diesel S10, em atendimento às demandas do mercado. A Rnest irá atender 14% do mercado nacional de Diesel S-10 com a operação do Trem 2.

 

NORDESTE – Qual tamanho ou dimensão dessa estrutura?

Jean Paul Prates – A RNEST é a mais moderna refinaria que já construímos e já contribui para atendermos a demanda nacional por derivados de petróleo. Dentre todas as brasileiras, é a que apresenta a maior taxa de conversão de petróleo cru em diesel (70%), combustível essencial para a circulação de produtos e riquezas do país. A refinaria conta com avançadas tecnologias de refino e é a nossa unidade com maior nível de automação. Sua concepção foi projetada para atender a diretrizes de categoria internacional e contempla tecnologias que respeitam o meio ambiente, com destaque para o alto nível de confiabilidade e desempenho, atendimento à qualidade dos produtos, baixo custo de manutenção, baixo consumo energético, uso otimizado de água e a máxima segurança operacional.

 

NORDESTE – Como as novas políticas da Petrobras sob orientação do presidente Lula pode levar o Brasil a um patamar de autossuficiência energética, em especial no petróleo?

Jean Paul Prates – A nossa gestão está voltada para a Transição Energética, como a companhia vem abordando amplamente, e nós entendendo que, para um empresa de petróleo, esse processo de transição energética é se metamorfosear de forma gradual, ainda andando na trilha do petróleo. Nessa jornada, estamos engajados em aproveitar as vocações regionais e estimular as economias locais, assegurando que nenhum trabalhador, grupo ou comunidade seja prejudicado.

 

NORDESTE – O que se esperar de investimentos reais da empresa para futuro próximo?

Jean Paul Prates – Nosso Plano Estratégico 2023-2027 prevê um total de investimentos de US$ 4,4 bilhões em projetos de economia de baixo carbono. Desse valor, US$ 3,7 bilhões serão aplicados em ações que contribuem para as iniciativas de descarbonização das operações (escopos 1 e 2), US$ 600 milhões em iniciativas do Programa BioRefino (diesel renovável e bioquerosene de aviação) e US$ 100 milhões em Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) para novas competências.

NORDESTE – E no âmbito da transição energética?

Jean Paul Prates – No âmbito da transição energética, como sempre venho falando, identificamos três novos negócios – hidrogênio, eólica offshore e captura de carbono – onde a Petrobras definiu, depois de estudar diversas rotas de oportunidades em diversificação rentável, que serão aprofundados estudos e avaliadas oportunidades em projetos. Ainda como parte das iniciativas em diversificação rentável, foi definida a continuidade de atuação em biorrefino, já iniciada em planos anteriores.

 

NORDESTE – Por fim, como as novas matrizes enérgicas limpas contribuem com essa perspectiva de auto sustentação ?

Jean Paul Prates – É essencial investir nas atividades de produção de petróleo que são mais eficientes e com menos emissões, como as desenvolvidas pela Petrobras por meio de suas tecnologias de descarbonização que colocam a empresa entre as mais eficientes do mundo. Mesmo em cenários de transição energética acelerada, a demanda de petróleo para o Brasil e região é crescente, passando por um pico em 2030, com previsão de ser maior em 2050 do que foi em 2021. Além de energia, o petróleo é matéria prima para as indústrias alimentícia, têxtil, petroquímica, farmacêutica, entre outras. A transição energética justa precisará ocorrer garantindo a segurança energética, por isso fontes fósseis coexistirão de forma integrada com outras fontes de energia. Durante esse processo, enquanto a transição não é concluída, a produção de petróleo vai se modernizando: se torna mais eficiente e com menos emissões, como a desenvolvida pela Petrobras por meio de suas tecnologias de descarbonização que colocam a empresa entre as mais competentes do mundo.



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