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RESENHA DO INESQUECÍVEL, por Maria do Desterro Leiros da Costa


15/06/2025

Maria do Desterro Leiros da Costa



Foi à boquinha da noite,
Em solo paraibano,
Que a Academia de Letras
Celebrou nosso Ariano.

Ângela, Gustavo e Carlos,
Cada um com seu talento,
Partilharam seus acervos
Com enorme desprendimento.

Corredores de memórias,
Belamente emolduradas,
Conduziam os visitantes
Por imagens, cenas, jornadas…

Ângela Bezerra regeu
Com eloquente batuta
Seu artigo irretocável
Para deleite da escuta.

A plateia mal piscava
Com a desenvolta leitura,
Rica em conhecimento
E esmero na tecitura.

Poemas, frases, citações,
Ladeavam fotografias,
Lentes de Gustavo Moura,
Como ninguém mais poderia.

Carlos Newton à distância
Mandou textos preciosos
Resgatados de conversas
De encontros auspiciosos.

As fotos selecionadas
Mostravam um Ariano
Em franca maturidade
No próprio cotidiano;

Doçura e austeridade,
No semblante e nos traços,
Falavam de suas histórias,
Inteiras, ou em pedaços,

Como janelas do tempo,
Descortinando seus mundos,
Ficamos ali, face a face,
Eternizando os segundos…

E nosso olhar ancorado
No prumo das narrativas
Perdia-se em suas veredas
Reais e figurativas.

Estética e harmonia

Davam o tom da abordagem;
Ora leveza no enfoque,
Ora profunda sondagem.

Na avidez do transcurso
Sorvemos letras e imagens
Cientes do privilégio
De integrar essas paragens.

Tanta sensibilidade
Só ele compreendia,
Era um universo mágico
Transbordante de poesia.

Nossas mentes permeadas,
Por falas, gestos, manias,
Dos surreais personagens
Nascidos em suas elegias,

Na secura do agreste,
No calor da caatinga,
Na brisa empoeirada
E perfumes da restinga –

Belezas amalgamadas
Pela verve de Ariano
Com sua escrita certeira
E traços republicanos.

Considerava anglicismos
Tendências equivocadas
Dos pobres de autoestima,
De mentes colonizadas.

Falava com grande orgulho
Das tradições e heranças
Do valor da nossa História
Em suas aulas e andanças

Amante das suas raízes,
Com sotaque interiorano,
Atravessou as fronteiras
O universal Ariano.

Combateu o bom combate
Em prol da nossa cultura
No movimento armorial,
Nas artes e literatura…

Seu grande amor pela vida
Era algo indescritível,
“Em lugar de ser imortal,
Preferia ser imorrível”,

Dizia com graça, elegância
E um jeito de ser menino,
Nosso eterno Ariano
Um tesouro nordestino.



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