Internacional

Professor Jonas Duarte diz que Lula tem razão e chama Netanyahu de ‘Nazifascista’


20/02/2024

O professor doutor em História pela UFPB Jonas Duarte diz, em artigo, que o presidente Lula tem razão em destacar a brutalidade do Holocausto ao falar sobre a ação de Israel em Gaza. Ele critica a ação de Netanyahu na Faixa de Gaza, acusando-o de ser um Nazifascista com o objetivo declarado de extinguir o povo palestino, evidenciando a brutalidade e violações registradas na ONU.

Duarte ainda  destaca que a visão de superioridade racial, cultivada durante os massacres coloniais europeus, resultou em Racismo Estrutural, enraizado globalmente.

O professor também relaciona a ascensão de líderes como Trump, Bolsonaro, Milei e Melone ao ressurgimento de valores fascistas durante crises econômicas no Ocidente.

Leia:

Lula tem razão
Jonas Duarte

O Holocausto foi uma das expressões mais desumanas da História da humanidade.

Aprisionar, torturar e matar em campos de concentração seres humanos por serem de raça, credo ou ideologia distinta foi o ápice da truculência nazista.

Dois aspectos precisam ser anotados para compreender essa infâmia nazista.

Primeiro. O Nazismo, enquanto ideologia, não é obra original dos alemães. A ideologia Nazifascista (seria o correto, já que o nazismo é uma derivação estatal bélica da ideologia fascista) é filha do pensamento supremacista eugênico.

Segundo, o genocídio do Holocausto foi contra judeus, negros e comunistas. E não é a única matança por razões de supremacia étnica na História. Atualmente (2024) o genocídio colonialista contra africanos segue em marcha.

Tudo se inicia com a expansão colonialista europeia.

Inicialmente, os europeus no processo de colonização da África construíram a ideia que foram “civilizar” o Continente Negro.

Para isso se autoconvenceram e procuraram convencer o mundo de que, eles, os europeus brancos eram superiores aos africanos.

Na colonização das américas, a mesma coisa. Eles os europeus eram portadores de uma raça, religião e cultura superiores aos povos originais.

Os ingleses concatenaram essas ideias com “provas científicas” que iam desde o tamanho e formado da cabeça, passando pelo tipo do corpo até a forma de pisar humana.

Esses conjunto de características provaram, segundo os ingleses do século XIX que eles eram superiores aos asiáticos, americanos e africanos.

Essa era a convicção, inclusive, das castas econômicas dominantes nestes continentes tidos como inferiores.

Essa visão supremacia europeia lhes dava o direito sagrado e moral de escravizar os povos africanos, aprisioná-los, matá-los. Também matar, extinguir os povos originários das américas.

E assim fizeram.

Grande parte da riqueza europeia é do saque, roubo mesmo, destes continentes.

A acumulação Primitiva do capitalismo é depois a própria acumulação capitalista é resultado destes saques.

Nas américas, por exemplo, se forjou processos de branqueamento da população para melhorar seus níveis de civilidade. Na Argentina esse processo de violência contra os afrodescendentes foi de tal maneira que quase branquearam os vizinhos. No Brasil, as terras negadas aos ex-escravizados pelas castas dominantes, foi entregue aos migrantes italianos, alemães, poloneses para branquear a nação e torná-la mais civilizada.

Essa ideia de superioridade racial, plantada pelos massacres colonialista europeus se consolidou, naturalmente, entre alguns setores economicamente privilegiados e, lógico, como ideologia dominante.

É o que denominamos de Racismo Estrutural.

Está entranhado e espalhado em todo o mundo.

Nas crises econômicas do capitalismo liberal, afloram e ganham força política esses valores Fascistas.

O mundo assistiu essa situação na década de 1930, após a crise de 1929 e a queda do Liberalismo. Volta a assustar-se pós crise de 2008, colapso do Neoliberalismo e diante da crise estrutural do Capitalismo.

A ascensão de fascistas mundo afora e, inclusive no Brasil, Argentina é o reflexo político da crise estrutural que vivemos no Ocidente.

Trump, Bolsonaro, Milei, Melone, cada um ao seu modo e característica são em essência: Fascistas. Ideologicamente fascistas.

Netanyahu é um Nazifascista. A sua ação na Faixa de Gaza segue todo o modelo supremacista da ideologia Fascista, com o uso do Estado de Israel para a ação bélica de extermínio de outro povo.

Está evidente, denunciado e registrado na ONU, que não se trata de uma ação de Israel contra o grupo Hamas. Mas tem o objetivo DECLARADO de eliminar, extinguir o povo palestino.

A matança de mulheres e crianças, aprisionadas, torturadas, sem água e sem alimentos é igual, sem pôr, nem tirar, a prática nazista contra os judeus durante o Holocausto.

Repito. A prática é a mesma. A ideologia é a mesma. Certamente, em proporções menores.

Mas, à humanidade, que não aceita mais, por hipótese nenhuma a ideia de superioridade racial; que não aceita, por hipótese alguma, o uso da força contra inocentes, civis, não pode tolerar esse crime contra a humanidade praticada por um neonazista.

Lula, corajosamente, expressa o que judeus, cristãos, muçulmanos, etc., sentem.

Todo apoio a Lula, a sua coragem e que se exija o imediato cessar fogo em Gaza.

 



Os comentários a seguir são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião deste site.
// //