Paraíba

Professor de economia estréia artigo sobre impeachment criticando Esquerda

DEPTO DE ECONOMIA


13/10/2016

“Foram essas idéias do mundo do absurdo que, espero eu, o impeachment tenha envido para o lixo da historia, junto com a presidente, todos seus companheiros”, esta é a síntese do primeiro artigo de autoria do professor Doutor Paulo Amilton, do Departamento de Economia da Universidade Federal da Paraíba, a partir desta sexta-feira, e sempre nesse dia da semana, onde aquele Setor da UPFB estará apresentando articulistas oriundos de seu corpo docente.

Este é o saldo de reuniões entre diretores do Departamento de Economia, a partir do chefe do curso, Sinesio Maia, consolidando a ocupação de espaços no site WSCOM, o pioneiro e líder do mercado de conteúdo jornalístico na Internet.

Eis a integra da análise do professor Paulo Amilton certamente a causar polêmica a partir de agora porque ele se insurge contra o pensamento esquerdista na Universidade.

O impeachment de uma ideia

Todos no Brasil foram informados recentemente que o segundo, dos quatro, presidentes eleitos pelo voto popular, após o regime militar, foi destituído de seu cargo pela via do impeachment. Seus seguidores têm plena certeza que a presidente foi destituída, por um golpe, e seu partido desalojado do poder da forma mais vil possível. No entanto, o que poucos sabem é que, na realidade, junto com a mesma foi destituída uma corrente de pensamento econômico muito difundida nos meios acadêmicos e políticos nas décadas de 70 e 80 do século passado e que voltou para nos assombrar com a ascensão do Partido dos Trabalhadores ao poder.

Mas que corrente de pensamento é esta, que insiste em novamente nos assombrar? É a noção, de tradição ibérica, de que o Estado é a locomotiva a conduzir a economia. Segundo esta, o Estado não somente é o agente econômico mais bem informado, como é também dotado de uma benevolência infinita. Por conta disto, este é capaz de identificar as atividades econômicas e atores mais dinâmicos e aptos ao desenvolvimento econômico e social de um país.

Para que isto seja levado a cabo o Estado não deve ter suas ações limitadas, ou seja, os gastos necessários para permitir que os setores e atores dinâmicos sejam incentivados não devem ter limites. Dessa forma, uma nova e desastrosa matriz macroeconômica foi implantada no Brasil para dar suporte a essa ideia. A lei de responsabilidade fiscal era o inimigo número um a ser combatido. Por isso vários dos adeptos dessa ideia afirmam que houve um golpe.

Para eles, a presidente eleita não errou em desrespeitar a lei. A lei é que estava errada, o correto era de fato desrespeitá-la. Essa opinião foi didaticamente expressada por um dos bastiões dessa nefanda ideia: o senhor Luiz Gonzaga de Melo Belluzzo em depoimento no congresso nacional a favor da presidente deposta. Este afirmou que, de fato, ocorreram operações de crédito que violaram a lei de responsabilidade fiscal. Para ele, o problema não era a violação da lei, mas a própria lei. Violá-la foi um ato de soberania nacional.

Nossa esquerda é incrivelmente adepta de um pensamento contra-indutivo. Por este pensamento, o fracasso de uma experiência, em vez de resultar na rejeição da hipótese, torna-se pretexto para nova tentativa, na esperança que da segunda vez funcione. Além do mais, é uma verdadeira adepta da patafisica, que é a ciência das soluções imaginárias. É a desconstrução do real e sua reconstrução no mundo do absurdo.

Quais os fatos históricos e reais que fundamentam nossas afirmações? A ideia de que o Estado deve ser a locomotiva da economia foi posta em prática na ditadura militar, com a noção de um Brasil potência. Embora a ditadura militar tivesse combatido a esquerda política, suas ideias econômicas eram da mais cristalina esquerda econômica.

A nova matriz macroeconômica implementada pelo governo da presidente impedida era a reprodução do ideário da ditadura militar. Não deu certo naquela época em nenhum país da América Latina, mas para nossa esquerda contra-indutiva, esse fato não deveria ser levado em consideração.

Na década de 80, o resultado foi hiperinflação e estagnação na atividade econômica, motivo pelo qual a mesma foi denominada de década perdida. Nos tempos atuais, essa política gerou uma inflação que dá sinais de descontrole e 12 milhões de desempregados.

É um conhecimento patafísico por que acha que os gastos não devem ser limitados pelos meios de produção disponíveis. Por este raciocínio, a dívida do Estado não é problema por que o mesmo tem a máquina de imprimir dinheiro. Para estes senhores preocupação com pagamento de divida é para pequeno burguês, não para um Estado soberano.

Foram essas ideias do mundo do absurdo que, espero eu, o impeachment tenha envido para o lixo da historia, junto com a presidente, todos seus companheiros.
 



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