Economia & Negócios

Professor da UFPB questiona porque economia da PB é amarrada à pobreza

DEPTO. DE ECONOMIA


26/01/2017

Em novo texto nesta quinta-feira (26), o professor Paulo Amilton Filho, analisa o porque do Estado da Paraíba viver amarrada na armadilha da pobreza. O artigo é fruto da parceria do Departamento de Economia da Universidade Federal da Paraíba com o Portal WSCOM.

Para ele, "o poder político não leva em consideração os melhores interesses da coletividade, mas sim seus próprios interesses individuais, que quase sempre divergem dos interesses coletivos".

Leia o texto na íntegra:

Por que a economia da Paraíba está amarrada a armadilha da pobreza?

Por Paulo Amilton Maia Leite Filho

Um conjunto de economista sustenta que a PEC que limitou os gastos terá efeitos nocivos à economia da Paraíba e da Região Nordeste. Para estes, as causas da falta de horizonte para a economia da Paraíba não estariam dentro do Estado, mas no governo federal que nos deixará à mingua. Esta tese me fez pensar na seguinte questão: por que a economia da Paraíba esta presa numa armadilha da pobreza?

Tal questionamento esta inspirado num artigo escrito por Acemoglu, Johnson e Robinson intitulado “Institutions as the fundamental cause of long-run growth (2004)”. Para esses autores as causas do crescimento de longo prazo de uma economia estão no funcionamento das instituições.

Estas são “as regras do jogo na sociedade, ou mais formalmente, são os instrumentos construídos pela sociedade humana para moldar suas interações. Como consequência, elas organizam a estrutura de incentivos nas trocas humanas, no sentido político, social e econômico”.

As instituições econômicas influenciam o crescimento econômico por que moldam os incentivos aos atores econômicos chave, ou seja, influenciam o capital físico e humano, a tecnologia e a organização da produção. Embora fatores culturais e geográficos possam também influenciar o desempenho econômico, as diferenças nas instituições econômicas são a grande fonte de explicação nas diferenças entre o crescimento econômico e a prosperidade. Além do mais, as instituições econômicas determinam como o resultado econômico é distribuído. 

Não existe uma única instituição econômica, mas várias. Quem determinará qual instituição econômica prevalecerá é o poder político do grupo que tem preferência por um tipo específico. Mas por que não é escolhida a melhor instituição econômica?

Por que o poder político não leva em consideração os melhores interesses da coletividade, mas nos seus próprios interesses individuais, que quase sempre divergem dos interesses coletivos. Essas diferenças de interesses dos detentores do poder político levam às escolhas das instituições econômicas e muitas vezes a escolha é a pobreza, por que é uma forma de controle.

Onde esta argumentação se encaixa no desenvolvimento da Paraíba? O embate político na Paraíba é um verdadeiro Fla x Flu. Historicamente, o poder político na Paraíba é dividido em dois grupos. Quando um assume o poder, implementa suas escolhas, quando o outro assume destrói tudo o que o outro fez. Resultado, não existe um projeto de longo prazo para a Paraíba. Não existe um projeto estruturador que sinalize o crescimento de longo prazo.

Tomemos o exemplo de Pernambuco. Independente do viés ideológico do governador, os governos dos últimos 40 anos colocaram recursos no porto de Suape. Hoje a economia de Pernambuco tem uma infraestrutura que permite que aquele Estado se desenvolva. Recentemente a situação e oposição concordaram que o “Arco Metropolitano” será necessário para o próximo ciclo de desenvolvimento e, mesmo estando em grupos opostos, garantem que quem assumir o controle político do Estado terá este projeto como prioridade.

Mas qual o projeto para a Paraíba? Será que são os arranjos produtivos locais? Será que o arranjo produtivo de redes em Santa Luzia e São Bento vão conseguir dinamizar a economia paraibana? Ou como sugerido será o arranjo produtivo de cinema de João Pessoa? Duvido, pois tais arranjos não têm condições nem de desenvolver suas próprias cidades quanto mais o Estado como um todo. No caso do arranjo de cinema desconfio que não conseguirá nem resolver o problema econômico dos diretores dos filmes, quanto mais da economia paraibana.

Um primeiro passo para um projeto de longo prazo seria identificar as vocações da economia paraibana. Mas qual(s) a vocação(s) da economia Paraibana? As estradas da Paraíba são as melhores do NE. Instalação de centros de distribuição poderia ser uma vocação. A UFPB tem um grupo de pesquisa que está desenvolvendo um bio-querosene revolucionário. Tão revolucionário que Boing, Airbus e Embraer estão interessadas. O centro de informática desenvolveu o programa que equipa toda TV digital brasileira. A economia baseada no conhecimento poderia ser uma vocação. Mas qual a iniciativa do governo da Paraíba para viabilizar essas atividades? Existe interesse em estabelecer incubadoras de empresas para fixar os detentores de ideias novas no Estado?

Resposta, não existe nenhum. As elites políticas da Paraíba temem criar instituições inclusivas justamente por que temem perder o poder politica para uma classe mais dinâmica. A economia Paraibana é o elo mais fraco do capitalismo brasileiro por que seus governantes são míopes, pois só pensam no curto prazo, e não por que o governo federal nos deixará à mingua.  



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