Economia & Negócios

Professor da UFPB comenta liberdade econômica e distribuição dos rendimentos

DEPTO. DE ECONOMIA


19/01/2017



O professor do Departamento de Economia da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), Erik Figueiredo, comenta em seu novo artigo sobre liberdade econômica e a distribuição dos rendimentos.

Segundo Erik, "há centenas de evidências empíricas que corroboram os efeitos positivos da abertura comercial sobre os níveis de bem-estar social, crescimento econômico e estabilização da moeda".

Confira o artigo na íntegra:

Essa tal liberdade …

Por Erik Figueiredo

“O que é que eu vou fazer com essa tal liberdade…”


Seguindo a linha dos que interpretam as músicas do Chico Buarque, concluo que o cantor e compositor Alexandre Pires, famoso no final da década de 1990 por liderar o grupo de pagode ‘Só Pra Contrariar’, utilizou esse trecho da música “Essa tal liberdade” para nos alertar sobre o desamparo daqueles que, sem a ‘proteção’ estatal, se vêem jogados aos sabores do mercado. De uma forma mais específica, Alexandre versou sobre os efeitos da liberdade econômica em um país com elevada desigualdade. Afinal, todos aprendemos que a economia de mercado concentra a renda, dado que os ‘neoclássicos’, se preocupam com a eficiência, não com a distribuição.

Essa conclusão parece óbvia, principalmente para aqueles que vivem em um estágio permanente de adolescência intelectual. Felizmente, a agenda de pesquisa de professores como Alberto Alesina e Niclas Berggren, bem como os estudos ligados a Heritage Foundation, destroem esse argumento pueril. 


O fato é que a liberdade econômica faz muito bem para a distribuição dos rendimentos. Os exemplos podem ser notados nos países que estabilizaram e abriram suas economias. Há centenas de evidências empíricas que corroboram os efeitos positivos da abertura comercial sobre os níveis de bem-estar social, crescimento econômico e estabilização da moeda. Em resumo, a exposição ao mercado externo gera, pelo menos, duas fontes de liberdade. A primeira diz respeito ao aumento nos níveis educacionais da população. A explicação é simples: uma vez que o processo liberalizante nos joga no meio da concorrência internacional, não temos alternativa senão nos qualificar para nos enquadrar à produtividade dos trabalhadores dos países mais desenvolvidos. Em segundo lugar, o processo de estabilização monetária resultante, entre outras medidas, da abertura do mercado, nos permite planejar melhor o que podemos fazer com o nosso dinheiro. Os mais jovens não lembrarão, mas a hiperinflação nos obrigava a ter um despensa na cozinha e um Aloizio Mercadante nos ensinando a usar uma ‘tablita’ em um programa de TV.

Para ser mais específico, O artigo de Oded Galor e Joseph Zeira (Income distribution and macroeconomics. Review of Economics Studies, v. 60, 1993), nos mostra que esse movimentos causam uma maior concentração de renda no curto prazo, porém, com uma redução expressiva da desigualdade no médio prazo. Trocando em miúdos, as pessoas mais educadas se beneficiam no início, porém, elas servirão como um “farol” para os não educados que buscarão qualificação. (In)Felizmente, o resultado do investimento educacional só é percebido anos depois. 

Pois bem, hoje posso afirmar que a redução da desigualdade brasileira, observada nos últimos anos, possui um forte elemento da abertura econômica. O problema é que os analistas oficiais acham que se duas coisas andarem juntas, então uma, necessariamente, causa a outra: política social crescente e desigualdade caindo, então… 



Em homenagem a eles, clamo: mais créditos para o processo de abertura econômica brasileiro e escutem mais a obra do Alexandre Pires:

“Eu andei errado, eu pisei na bola…”
 



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