Paraíba

Professor comenta sobre livre comércio, desenvolvimento econômico e social

INFLAÇÃO E RENDA


29/12/2016

O professor do departamento de Economia da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), Erik Figueiredo, comenta em seu novo artigo sobre o livre comércio e desenvolvimento econômico e social.

Segundo Erik, "o fechamento da economia brasileira propagou uma visão predatória em relação ao comércio internacional".

Confira o artigo na íntegra:

O livre comércio como uma agenda de desenvolvimento econômico e social

Por Erik Figueiredo

Andrew K. Rose, renomado professor da Universidade da Califórnia, Estados Unidos, inicia seu artigo seminal sobre os benefícios da Organização Mundial do Comércio (OMC), afirmando que: “Economists disagree about a lot, but not everything. Almost all of us think that international trade should be free”. Essa frase é quase consensual nos dias atuais, principalmente após o rápido movimento de integração econômica vivenciado a partir da década de 1990. Contudo, nem sempre foi assim, durante as décadas de 1950 e 1960 uma corrente de economistas e formuladores de políticas econômicas (incluindo o paraibano Celso Furtado), defendia que o desenvolvimento das economias periféricas passava pela adoção de políticas de substituição de importações. Essas se caracterizam pelo fechamento das relações internacionais que induziria o aumento da produção interna e, consequentemente, protegeria a indústria nascente.
Em síntese, os principais resultados dessa estratégia foram: criação de monopólios, inflação e concentração de renda. Ademais, o fechamento da economia brasileira propagou uma visão predatória em relação ao comércio internacional. O brasileiro mediano acredita que o comércio bilateral é um jogo de soma zero, isto é, para cada produto importado, um deixa de ser fabricado dentro do Brasil. O resultado disso seria a destruição dos empregos nacionais e a contração do Produto Interno Bruto (PIB).

Esta tese, no entanto, não resiste aos fatos. Recentemente, um grupo de economistas tem se ocupado em observar os efeitos do livre comércio sobre os indicadores de atividade econômica. O principal resultado é que a abertura comercial estimula não só a produtividade das empresas locais, como também a sua acumulação de capital. Com isso, o livre comércio produziria um efeito positivo sobre o crescimento econômico, o que vai de encontro à visão estruturalista de fechamento da economia.

Focando um grupo de países em desenvolvimento, uma pesquisa de professores da UFPB demonstra que a assinatura de acordos de livre comércio resultaria em um forte crescimento do PIB desses países. Para o Brasil, um processo de globalização geraria um ganho de bem-estar (nível de satisfação da população) em torno de 9%. Para se ter uma ideia da magnitude desse impacto, estima-se que uma reforma tributária geraria um ganho de bem-estar de cerca de 10%. No mais, os benefícios do livre comércio não param por aí. Há impactos menos “óbvios” sobre indicadores sociais, tais como, melhoria na distribuição de renda, redução da pobreza e diminuições no trabalho infantil e na taxa de mortalidade nos primeiros anos de vida.

Em suma, o desenvolvimento brasileiro passa por uma série de mudanças estruturais, que inclui a demolição das barreiras que nos separam do resto mundo. E, ao contrário da visão predominante no passado, não há uma separação entre crescimento “para dentro” e crescimento “para fora”. O primeiro não pode existir sem o segundo.
 


Em cumprimento à Legislação Eleitoral, o Portal WSCOM suspende temporariamente os comentários dos leitores.