Economia & Negócios

Privatizações têm apoio de executivos, mas prazos soam irreais


04/09/2017



O pacote de privatizações e concessões do governo federal, anunciado no dia 23, tem potencial para atrair investidores estratégicos e financeiros de diversos países. Os ativos dos segmentos de energia e aeroportos devem ser os mais procurados e os projetos ferroviários, os menos atraentes. Dificilmente, no entanto, as vendas deverão ocorrer no prazo esperado por Brasília.

Para medir o interesse do setor privado pelos 57 projetos do Programa de Parcerias de Investimentos (PPI), o Valor ouviu executivos de empresas dos setores de infraestrutura e bancos de investimento, além de advogados especializados em concessões. Há unanimidade nos elogios à iniciativa e à forma como o programa vem sendo conduzido. Mas há também quase consenso de que o governo inflou a lista apresentada agora, motivado pela dupla necessidade de produzir um fato político positivo e obter receitas adicionais para conter o rombo fiscal. Alguns viram a lista como um "reempacotamento" de anúncios anteriores e outros entenderam que projetos ainda incipientes foram incluídos para encorpar o PPI.

"Qualquer política que promova a presença da iniciativa privada é meritória. Porém, realmente importante é qual a modelagem dos leilões e se estão efetivamente calibrados para atrair o setor privado", diz o advogado Luís Felipe Valerim Pinheiro. Bruno Werneck, também especialista na área de concessões, foi um dos poucos entrevistados pelo Valor que acha possível realizar os leilões nos prazos estabelecidos pelo governo.

Segundo um executivo de banco, os leilões de aeroportos não deverão ocorrer no quarto trimestre de 2018, como quer o governo. No caso das rodovias, só metade dos leilões poderiam ficar dentro do prazo. A mesma previsão se aplica aos terminais portuários. Os projetos elétricos e de óleo e gás deverão ser vendidos no prazo, entre o fim deste ano e o segundo trimestre do ano que vem.



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