Cultura

Primeira mulher negra, Ana Maria Gonçalves é eleita para a Academia Brasileira de Letras


10/07/2025

Léo Pinheiro / Divulgação

Portal WSCOM



A Academia Brasileira de Letras (ABL) fez história ao eleger, após 128 anos, a primeira mulher negra para ocupar uma de suas 40 cadeiras. Ana Maria Gonçalves, escritora mineira de 54 anos e autora do aclamado romance “Um Defeito de Cor”, foi eleita na tarde desta quinta-feira para a cadeira de número 27, antes ocupada pelo linguista Evanildo Bechara.

Gonçalves foi a primeira a se inscrever para a vaga após a sessão de saudade de Bechara, em 27 de maio, e já era considerada a favorita na corrida. Ela obteve uma vitória expressiva com 30 votos, contra apenas um da escritora indígena Eliane Potiguara, superando outros 11 concorrentes.

Sua eleição é interpretada como um sinal de que a instituição está se alinhando a uma maior diversidade do Brasil. Em declaração à Folha de S. Paulo, a escritora, que atendeu a imprensa em meio à comemoração na casa de Roberta Machado (sócia da editora Record), aponta que a Academia pode estar “mandando um recado de que está mais aberta a repensar o trato institucional de uma língua portuguesa mais inclusiva, pensando na riqueza que os africanos e indígenas incorporaram à nossa língua mátria”.

Antes de se candidatar, Gonçalves refletiu sobre suas motivações, sendo esta sua primeira tentativa de ingresso na ABL. Sua visão para a Academia é a de ser um espaço que represente um público leitor que ainda não se via contemplado e de agir institucionalmente em prol de novos escritores e tecnologias de saber, incorporando “a oralidade e a escrevivência, por exemplo, que são modos muito nossos de fazer literatura”.



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