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Por sexto cume, recordista do Everest prepara expedição à Antártica

Alpinismo


13/10/2014

{arquivo}Escalar o Everest três vezes, feito inédito para um brasileiro, não foi suficiente para Rodrigo Raineri. Empenhado no projeto de chegar ao topo das montanhas mais altas de cada um dos sete continentes, o alpinista se prepara para viajar à Antártica com o objetivo de subir os 4.892m do Maciço Vinson. Na sequência, faltaria apenas o Monte Elbrus (5.642m), localizado na Rússia.

Proprietário de uma empresa de turismo de aventura em Campinas, Raineri já havia escalado o Aconcágua (6.962m) e o Kilimanjaro (5.892m), além do Everest (8.848m), ponto mais alto do planeta. Em 2013, entusiasmado pelo amigo Eduardo Keppke, montou uma expedição à Pirâmide Carstensz (4.884m), na Indonésia. Com quatro dos sete cumes no currículo, ele resolveu completar o ciclo.

“Tecnicamente falando, fazer os sete cumes para mim não é algo tão complexo. Mas do ponto de vista da beleza cênica, de conhecer o mundo e enfrentar desafios diferentes, é interessante. Sendo um alpinista profissional, ter esse feito no currículo também é importante. Seria mais ou menos como um MBA”, explicou Raineri à Gazeta Esportiva.
Os brasileiros Waldemar Niclevicz, Eduardo Keppke, Carlos Santalena e Ana Elisa Boscarioli já completaram os sete cumes (considerando a Pirâmide Carstensz como ponto culminante da Oceania). Para Rodrigo Raineri, além de repetir o feito dos compatriotas, a escalada serve para adquirir know-how para sua empresa de turismo de aventura.

O alpinista chegou ao cume do Monte McKinley (6.149m), no Alaska, no final do último mês de junho. Em 25 de dezembro, ele deixa o Brasil com destino ao extremo sul do planeta. Da cidade chilena de Punta Arenas, a expedição segue para o continente gelado. O brasileiro atuará como guia de uma expedição internacional, composta por oito pessoas.

“Vai ser a minha primeira vez na Antártica e sempre tive o sonho de escalar na região. Pelo que conversei com as pessoas que possuem experiência na área, a principal dificuldade é o vento, associado ao frio intenso, o que pode provocar congelamento de extremidades. O clima muda muito rápido. Além disso, é um lugar remoto. Portanto, estaremos por nossa conta, sem apoio externo”, explicou.

Na condição de um dos dois guias da expedição internacional, Rodrigo Raineri terá uma responsabilidade ainda maior – os clientes desembolsam aproximadamente US$ 40 mil pela viagem. Nos meses que antecederam a partida, ele conversou com montanhistas que já passaram pela Estação Comandante Ferraz, base antártica mantida pelo Brasil desde 1984, em busca de informações.

O alpinista deve retornar ao Brasil no final de janeiro. Caso tenha sucesso na subida do Maciço Vinson, faltaria apenas o Monte Elbrus para completar os sonhados sete cumes. Sem pressa, Raineri praticamente descarta a possibilidade de tentar a escalada antes do final do confronto entre Ucrânia e Rússia, que brigam pelo controle da região da Crimeia.
“Minha empresa levou clientes ao Elbrus nesse ano e fez cume. No caminho, eles encontraram canhões, caminhões e tanques em manobras militares. Foi tudo tranquilo, mas nesse cenário não estou animado a tentar. O Brasil não tem problemas com a Rússia, mas pode ocorrer algum episódio que desencadeie uma crise global, como o abatimento daquele avião, por exemplo”, raciocinou.

Formado em engenharia, Rodrigo Raineri começou a escalar em 1988 e, aos 45 anos, tem vasta experiência no Everest – já subiu a montanha três vezes e ainda não abandonou o projeto de decolar de parapente do topo, feito inédito entre brasileiros. Experiente, ele contribuiu com o sucesso de Vitor Negrete, Ana Elisa Boscarioli, Eduardo Keppke, Carlos Canellas e Carlos Santalena rumo aos 8.848m do local.

Desta forma, é constantemente procurado por pessoas interessadas em escalar o Everest, algumas sem experiência com montanhismo – a empresa já tem clientes previstos para 2015 e 2016. Antes de encarar o ponto culminante do planeta, ele exige alguns pré-requisitos dos calouros, como conquistar o Aconcágua e fazer curso de escalada em gelo, entre outros pontos.

“A maioria das pessoas que se interessa pelo Everest já teve alguma experiência em montanha. As que não tiveram, geralmente praticam esportes ao ar livre, como mergulho, bike, voo livre. Mas para subir o Everest não adianta estar bem só fisicamente. Precisa se preparar do ponto de vista técnico para escapar de situações difíceis e também na parte mental, porque o período de sofrimento é grande”, disse Raineri.



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