Sociedade

Por que não há missa na Sexta-feira da Paixão? Padre explica os ritos e significados da Semana Santa


18/04/2025

Padre Thiago Carvalho da arquidiocese da Paraíba - Foto: Reprodução/Redes Sociais

Anderson Costa

Nesta sexta-feira (18) os cristãos comemoram a Sexta-feira Santa ou Sexta-feira da Paixão. Data que recorda a morte de Jesus Cristo. Segundo a tradição Cristã, foi numa sexta-feira em que Jesus foi morto ao ser crucificado após ser flagelado. Diversos fiéis se reúnem em igrejas por todo o mundo para rezarem e buscarem maior aproximação com o sagrado nesta data que para eles integra a principal semana do ano.

A reportagem do Portal WSCOM entrevistou o padre Thiago Carvalho, da diocese da Paraíba e ele nos explicou melhor os detalhes e os significados de cada um destes dias para os católicos. O religioso também explicou a razão de não se celebrar nenhuma missa na Sexta-feira da Paixão.

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WSCOM – O que seria a Semana Santa? O que compõe a Semana Santa segundo o calendário cristão?

Padre Thiago – A Semana Santa se inicia no Domingo de Ramos e da paixão do Senhor. O Domingo de Ramos é a porta de entrada da Semana Maior que celebramos porque o domingo é o dia do Senhor e neste dia celebramos primeiro a sua paixão para no Domingo de Páscoa concluindo o tríduo pascal celebrarmos a sua gloriosa ressurreição, esta é a causa pela qual nós na fé vivemos. É viver unido a Cristo que ressuscitou, este é o sentido da nossa fé e da nossa esperança.

WSCOM – Desde o início da Igreja, nos primeiros séculos já se celebrava a Semana Santa ou essa foi uma tradição que passou a ser inserida no calendário cristão com o passar dos séculos?

Padre Thiago – O calendário foi com o tempo amadurecido e reformado, muito embora desde os princípios do cristianismo desde a ressurreição gloriosa de Cristo que nós cristãos celebramos, sim, a sua páscoa todos os domingos. A páscoa é todo domingo, celebramos então na ceia pascal o seu sacrifício em forma de banquete. Ao longo do tempo a Igreja foi reformulando os dias de forma que tivemos o tríduo pascal e a semana toda porque os cristãos no tempo em que eram perseguidos pelo império romano não podiam participar dos dias todos que celebramos hoje.

Celebramos hoje antes da ressurreição o domingo da paixão, o qual é o Domingo de Ramos, a entrada triunfal de Cristo em Jerusalém que registra a procissão e depois temos a missa da paixão com s paramentos vermelhos para lembrar o seu sangue derramado na cruz. Desde os primórdios que a Igreja, nós cristãos, celebramos, sim, a semana maior enquanto semana dedicada à paixão e morte de Nosso Senhor.

WSCOM – Ao longo da Semana Santa temos celebrações que são muito próprias, o senhor poderia nos explicar como se dão cada um destes dias e os significados que cada um destes dias possui dentro da tradição de fé da Igreja?

Padre Thiago – Temos na quinta-feira de manhã na Catedral, a qual é a igreja mãe de nossa arquidiocese, juntamente com o nosso arcebispo, o qual é o nosso pai na fé, ele, portanto, reúne os filhos seus para festejarmos o dia glorioso em que Cristo inaugurou o sacerdócio e a Eucaristia, Ele reúne os sacerdotes para confirmarmos as nossas promessas sacerdotais, todos os anos ratificamos diante dele, o bispo e confirmamos os nossos compromissos sacerdotais, fazendo com que as nossas vidas seja plenamente a Deus e a Igreja doadas.

Neste mesmo rito, na santa missa pela manhã, o bispo consagra os óleos que serão utilizados para o santo batismo, para o crisma e para a unção dos enfermos. No óleo do crisma ele joga um bálsamo para deixar o óleo perfumado, lembrando do perfume de Cristo, o bom odor que todo cristão deve exalar.

Na quinta-feira a tarde, no cair do dia, celebramos o primeiro dia do tríduo pascal, que é a missa da ceia do Senhor com o rito de lava-pés. Nessa missa cantamos o Glória, rompemos com o silêncio da quaresma. A quaresma se conclui na quinta-feira de manhã.

Na sexta-feira é o único dia no ano em que não se celebra missa, pois Cristo está morto. O esposo da nossa alma está morto. O bispo não usa anel porque não tem com quem nutrir aliança, ele não usa báculo porque não tem em nome de quem pastorear. O bispo é despojado de suas insígnias, nesta celebração celebramos a paixão e morte do Nosso Senhor. É uma celebração muito sóbria, sem luzes e muitos cantos para no Sábado Santo, o último dia do tríduo, nós celebrarmos a vigília das vigílias, a missa maior, aquela com a qual Cristo ressuscita e dá sentido a toda a fé e toda a tradição da Igreja.



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