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Polícia diz que suspeito de atirar rojão foi identificado e terá prisão pedida h


10/02/2014

O delegado Maurício Luciano, da 17ª DP (São Cristóvão), informou na noite desta segunda-feira (10) que Fábio Raposo –tatuador que está preso por suspeita da morte do cinegrafista Santiago Andrade, 49, durante uma manifestação– reconheceu a foto do suspeito de acender o rojão que atingiu o câmera, na quinta-feira (6). Andrade morreu nesta segunda.

O reconhecimento foi feito na penitenciária Bandeira Stampa, onde Raposo está preso. Com a identificação, o delegado disse ter convicção de quem teria sido o responsável por acender o artefato.

Ele disse que pedirá a prisão temporária do suspeito ainda hoje, mas afirmou que não divulgaria o nome dele até que o judiciário se manisfestasse sobre o pedido.

"Vamos esperar a manifestação do Judiciário, até em respeito a esse poder. Vamos ter essa cautela", afirmou o delegado. "Também é do nosso interesse divulgar o nome e a foto dessa pessoa, para que, caso não consigamos identificá-lo, possamos receber informações sobre o seu paradeiro", completou.

De acordo com o delegado, o setor de inteligência da Polícia Civil já havia chegado à identidade do homem que acendeu o rojão. "O nome que o advogado [Jonas Tadeu Nunes, que defende o tatuador Fábio Raposo, preso neste domingo] trouxe hoje apenas reforçou nossa suspeita. Faltava o reconhecimento. Agora temos convicção", declarou Maurício. Ele informou ainda que já têm o endereço da pessoa.

Com a confirmação da morte de Santiago, os dois acusados foram indiciados por homicídio doloso qualificado pelo uso de artefato explosivo e crime de explosão, crimes com penas previstas de até 35 anos de reclusão.

"Houve intenção de matar ou ferir. Foi um homicídio intencional. Ele [o que acendeu] queria atingir policiais", relatou o delegado, descartando que o alvo teria sido o cinegrafista. "O que a gente vê pelas imagens é que não foi um atentado à liberdade de imprensa", disse.

O titular da 17ª DP afirmou ainda que exibiu um vídeo para Fábio com imagens do suspeito e que ele também foi reconhecido nas imagens. Questionado sobre a procedência do vídeo, o delegado disse que não informaria a origem da filmagem.

Também segundo o delegado, dentro do presídio, Fábio afirmou que conhecia o outro manifestante "de outros protestos" e que ele tinha perfil violento.

"Ele contou que este elemento tinha a função de entrar nas brigas, até mesmo pelo porte físico", contou Maurício Luciano.

Conforme informou o delegado, o homem que não teve a identidade divulgada tem uma passagem pela polícia como vítima em uma manifestação, no ano passado, e outra de crime de menor potencial ofensivo, sobre os quais ele não soube dar detalhes.

Delação premiada
Sobre a possibilidade de Fábio Raposo ser beneficiado com atenuamento de pena por conta da chamada "delação premiada", o delegado afirmou que é a Justiça que tem que apreciar esta possibilidade.

"Ele continua indiciado e vai responder pelo crime. Através do seu advogado, ele levará esta contribuição ao Judiciário. Se ele for beneficiado, o que muda é a dosimetria da pena, que pode ser menor", declarou.

Maurício Luciano não descartou, no caso de não conseguir localizar o acusado que está foragido, aceitar a ajuda da Polícia Federal, oferecida nesta segunda pela presidente Dilma Rousseff . "Não revelaremos a estratégia que estamos adotando, mas não temos nenhum tipo de vaidade. A Polícia Civil pode solicitar o apoio da Polícia Federal", disse.

Em nota divulgada à noite, a Polícia Civil informou que "vem trabalhando incansavelmente nas investigações sobre a morte do cinegrafista".

"Um dos envolvidos na ação, que resultou no crime, foi preso no domingo e indiciado por tentativa de homicídio e crime de explosão. O outro homem, que teria acendido e arremessado o artefato, já foi identificado e qualificado pela Polícia Civil, que já está representando pela prisão dele na Justiça."
 



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