Futebol

Pitbull domado: conhecido pela raça, Willians mostra lado dócil e apaixonado

Internacional


09/08/2013



 Quem vê o aguerrido Willians marcar um adversário em campo até estranha quando entra em sua residência em Porto Alegre. Ali, o Pitbull, apelido dado por Ronaldinho Gaúcho quando os dois atuavam pelo Flamengo, se transforma e vira um dócil marido e pai de família. Casado com Mariana há seis anos, com quem tem a pequena, mas espevitada Ana Beatriz, de um ano e sete meses, o volante do Inter encontra na dupla a força e a felicidade para disputar cada jogada como se fosse a última. São nelas que o atleta se apoia para transformar a pressão pela conquista do Brasileirão em motivação.

Mariana e Ana Beatriz, aliás, mostraram durante a conversa de aproximadamente 45 minutos com o GLOBOESPORTE.COM antes do treino na tarde da última quinta-feira o que Willians faz com os meias e atacantes rivais. Sempre ao lado dele, implacáveis na sala do apartamento de dois andares em um prédio da zona leste de Porto Alegre.

– Aqui elas deitam em mim. Não faço nada, só vejo futebol e jogo videogame – fala aos risos.

Mas o volante não demonstra incômodo. Pelo contrário. Leva o nome das duas no braço (Willians tem Mariana no pulso direito – enquanto a esposa ostenta o nome do volante no mesmo lugar – e o de Bia, como é chamada na família, no antebraço esquerdo – assim como de Pedro Gabriel, seu filho de sete anos de outro relacionamento no direito). E se declara, deixando de lado o estilo forte quando divide uma bola:

– Sabia que a Mariana era a mulher certa. Ela me deu esta garotinha linda, que é tudo para mim. É algo gratificante. Está ao meu lado em todos os momentos, tanto os alegres quanto tristes. Elas são meus dois amores, meus orgulhos.

Bia gritava pelo papai e pedia atenção a todo instante. Pegava o controle, o telefone, as revistas para brincar o tempo todo.
– Ela gosta de brincar, rolar no chão. Corre bastante, como o pai – se diverte Mariana.

Esposa comentarista

Se com a filhota aproveita para se divertir, Willians tem na esposa a confidente e sua principal crítica. É o celular de Mariana que toca quando quer uma avaliação assim que a partida ocorre, principalmente quando atua fora de Porto Alegre.

Ou mesmo em um momento de aflição. Como no período em que ficou impossibilitado de atuar pelo impasse Udinese-Inter. O clube italiano demorou a enviar o ofício que confirmava a venda para o clube gaúcho e o fez perder dois jogos (América-MG e Fluminense), além do duelo com o Vasco, quando o Inter acreditava que ele já teria cumprido suspensão pelo terceiro cartão amarelo. Diante do Fluminense, Willians chegou a viajar ao Rio de Janeiro com a delegação na esperança de jogar. Às vésperas da partida, foi passada a informação de que, como estava sem contrato diante do Vasco, precisava pagar a punição.

– Acaba o jogo e eu ligo para a Mariana para saber o que eu fiz. Às vezes ela corneta – diz aos risos -. Ela fala o que eu errei ou acertei. No Gre-Nal, eu ainda acho que não foi pênalti no Kleber, mas ela disse que foi. Só que antes, teve aquele período que não pude jogar e eu sofri. Fiquei preocupado. Fui para o Rio de Janeiro e não pude atuar. Liguei para ela, estava triste, mas ela me acalmou.

– Ele fica muito triste quando perde ou erra um lance. É raçudo. Vê o jogo quando volta para se acalmar – complementa Mariana.

O grupo do Inter

No mesmo Gre-Nal, Willians conseguiu, três minutos depois, ter a redenção. Foi dele a jogada para o gol de Leandro Damião. Criticado em seus tempos de Flamengo pelos passes errados, acredita que o período na Itália serviu para aprimorar o fundamento. No Beira-Rio, tem como chefe alguém que fez sucesso na posição: Dunga. E o jogador é só elogios ao treinador, principalmente pelo espírito que colocou no vestiário e a união do grupo, tão contestados em 2012.

– O Dunga fechou o vestiário. Ele defende os jogadores, e isso é importante. Passa experiência e tranquilidade para nós só pensarmos no jogo. Não sei como era no ano passado, ouvi que foi muito difícil. Este ano o grupo se uniu. Nunca tinha visto uma amizade como a que tem aqui. Está todo mundo fechado. É um grupo amigo, todo mundo conversa. Nunca vi ninguém de cara feia, falando mal um do outro. Desde a comissão até o menino que sobe da base. O ambiente está muito bom.

Além de Dunga, Willians pinça dois companheiros que mostram como está o elenco: Fabrício e D’Alessandro. O primeiro é seu grande parceiro, amigo desde os tempos em que atuava no Santo André, e quem faz os colegas se divertirem. Já o capitão por agregar todos atrás dos objetivos.

Pressão pelo Brasileirão

E se o clima é bom, a qualidade é a aposta para lutar pela conquista do Brasileirão. Para o volante, o Inter está entre os candidatos ao título, mas que a situação ficará mais clara nas últimas dez rodadas, quando aponta que será o momento de dar a arrancada.

Só que até lá, seguirá ouvindo algo que já virou corriqueiro nestes sete meses de Porto Alegre: a importância de vencer o torneio nacional para os torcedores. Nas saídas ao supermercado e restaurantes, o volante, que levantou o caneco pelo Flamengo em 2009, diz que é abordado pelo fã e ouve o desejo de reconquistar a competição após 34 anos:

– Pressão sempre tem, é algo normal. O Inter ganhou muito nestes últimos anos, mas falta o Brasileirão. Fica uma pressão gostosa. Temos que ganhar. Estamos trabalhando forte para isso. É difícil ganhar o Brasileirão. Confiamos no nosso grupo para dar este orgulho ao colorado.

Os torcedores esperam que Willians mantenha o nível de atuações e consiga, junto com os companheiros, trazer a taça para o Beira-Rio. E para encher de orgulho Mariana e Bia.



Os comentários a seguir são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião deste site.
// //