Economia

Pirataria causa prejuízos bilionários à economia brasileira e se apresenta como alternativa à falta de acesso

Levantamento aponta que a pirataria gerou perdas bilionárias em diversos setores da economia; desigualdade social e preço baixo impulsionam consumo.


20/06/2025

(Foto: Reprodução)

Anna Barros



A pirataria – seja ela de produtos físicos ou virtuais – é responsável por danos econômicos significativos para o Brasil e o mundo. Somente em 2024, de acordo com dados do Fórum Nacional Contra a Pirataria, a prática causou um prejuízo de R$ 468 bilhões à economia nacional.

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A mesma pesquisa revelou que o setor mais impactado foi o vestuário, com um prejuízo de R$ 87 bilhões. Esse valor se refere tanto ao enfraquecimento comercial e industrial quanto ao não recolhimento dos devidos impostos. No entanto, outros segmentos também sofrem as consequências negativas do mercado paralelo, como exemplo:

  • Bebidas alcoólicas;
  • Combustíveis;
  • Material esportivo;
  • Perfumaria e cosméticos;
  • Defensivos agrícolas;
  • Ouro;
  • TV por assinatura e streamings.

Uma outra pesquisa, realizada pela empresa de cibersegurança norte-americana Akamai, apontou que o Brasil é o quinto país com maior consumação de conteúdo online pirata no mundo.

Falta de acesso e desigualdade

Em entrevista ao Jornal da USP, o professor de economia Celso Cláudio de Hildebrand e Grisi, afirmou que um dos fatores que mais impulsionam o crescimento da pirataria no Brasil é a atratividade dos preços mais baixos.

“Se o indivíduo não tiver uma certa formação em termos comerciais, ética, ele vai se seduzir pelo preço, e claro que uma classe social que passa por essa dificuldade vê nesse preço um atrativo muito grande. Pensa um pouco em roupas, em vestuário, para você ver a economia que isso representa para a classe mais baixa. Ela então se seduz com isso e começa a comprar em quantidades muito grandes”, declarou.

A “sedução” citada por Grisi também pode significar a possibilidade de acesso a produtos que, pelo valor da mercadoria original. Um reflexo desse cenário foi apresentado em uma pesquisa da Confederação Nacional da Indústria (CNI), apresentada no documento Retratos da Sociedade Brasileira.

Na pesquisa, 69% dos entrevistados com renda familiar de até um salário mínimo afirmaram que nunca compraram produtos piratas. Essa porcentagem cai para 45% quando os entrevistados que possuem renda familiar acima de cinco salários mínimos.

Essa pesquisa ouviu 2.012 pessoas de todos os estados brasileiros, com exceção do Rio Grande do Sul, devido às enchentes.

Entenda os prejuízos econômicos

Um dos principais danos causados pela pirataria é a diminuição de impostos – como imposto de importação e impostos federais, estaduais e municipais –, um reflexo da sonegação. Como consequência, há a diminuição de recursos disponíveis para investimentos públicos.

Outra consequência do mercado paralelo é a limitação da produção nacional.



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