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Pessoense Luiz Rocha lidera pesquisa sobre corais profundos e recebe prêmio internacional

Luiz Rocha chefia expedição no Oceano Índico que visa reforçar a preservação de ecossistemas ainda desconhecidos, e teve trabalho reconhecido pela Rolex


19/12/2021

O cientista marinho Luiz Rocha (Foto: divulgação)

Redação/Portal WSCOM

Se combinadas todas suas expedições, o cientista marinho Luiz Rocha, natural de João Pessoa e formado pela UFPB, passou quase um ano de sua jornada neste planeta debaixo da água. Mais recentemente, essa vida submarina está sendo dedicada à pesquisa e proteção de recifes de corais profundos no Oceano Índico, berço de um ecossistema ainda desconhecido. A iniciativa lhe rendeu essa semana o prêmio Rolex Awards, que há 45 anos apoia projetos inovadores nos ramos ambiental e social.

A expedição, dividida em três etapas que juntas vão durar dois anos (ainda sem uma data divulgada), também terá olhar focado na crise climática: Luiz e sua equipe acreditam que, com o aquecimento global, algumas espécies possam ser capazes de buscar novo abrigo entre ecossistemas mesofóticos. Entendê-los, portanto, é importante para a proteção continua desses animais.

Luiz tem o mar na cabeça desde garoto. “Decidi ser biólogo quando tinha cinco ou seis anos de idade e sempre senti essa atração de ir para o oceano e admirar a vida marinha”, diz em comunicado. À equipe da Academia de Ciências da Califórnia, onde é professor e também considerado Herói da Ciência, o especialista lembra de ser fascinado por aquários. Até o ensino médio, ele calcula ter colecionado o equivalente a 2 mil galões de tanques para peixes, animais que admirava obcecado por horas quando visitava lojas de animais com a mãe na infância. Luiz chegou até a fazer uma grana vendendo peixinhos coletados em recifes próximos.

Após completar sua formação como biólogo no Brasil, Luiz Rocha concluiu doutorado em Ciências Aquáticas e da Pesca na Universidade da Flórida, Estados Unidos. Hoje considerado um especialista mundial em ictiologia (o estudo dos peixes), Luiz lidera quatro ou cinco expedições de mergulho da Academia de Ciências da Califórnia todos os anos. Essas aventuras, como costumava ser quando garoto, são motivadas pela curiosidade: seja pela biodiversidade sob as águas, seja para investigar o avanço de espécies invasoras.

 

O cientista marinho Luiz Rocha é doutor em Ciências Aquáticas e da Pesca (Foto: divulgação)

 

Há 20 anos, Luiz também vem se especializando em mergulhos em águas profundas, que podem chegar a até 150 metros de profundidade. Essas manobras, realizadas por poucos cientistas no mundo, exigem equipamento especial (tanques capazes de reciclar oxigênio e garantir mais tempo sob a água) e rigor máximo (apenas um mergulho desses pode ser realizado por dia, para não afetar em demasia o corpo do praticante).

É esse jogo de cintura com as profundezas que lhe permite tocar seu novo projeto: em parceria com o governo das Maldivas, Luiz e sua equipe vão estudar recifes de corais profundos (também chamados ecossistemas mesofóticos) no Oceano índico. O objetivo é jogar luz sobre uma parte muito pouco conhecida do mar: você certamente já ouviu falar da Grande Barreira de Corais australiana ou da Costa dos Corais, em Alagoas, mas talvez não saiba que esses são considerados recifes rasos – e há muitos outros entre os 30 e 150 metros de profundidade.

Corais são berços de diversidade no oceano – 25% de toda vida no mar passa por eles em alguma altura de seu desenvolvido – e Luiz espera encontrar exemplares de fauna marinha jamais vistos. No Oceano Pacífico, por exemplo, até 10 novas espécies são descobertas a cada hora de exploração de recifes profundos, e Luiz Rocha prevê que as taxas nos recifes inexplorados das Maldivas sejam ainda maiores. O pesquisador usará como base para o estudo seu trabalho em corais nas Filipinas e no Brasil.



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