Futebol

Palmeiras e Santos empatam em mais um clássico sem gols

paulista


24/03/2013

 O filme não era inédito. Clássico no Paulistão. Pouco público. Nada de gols. Dessa vez, os protagonistas foram Palmeiras e Santos. A partida não foi ruim como os últimos embates entre os grandes na competição, mas a falta de qualidade nas finalizações levou a mais um 0 a 0. Para não ficar apenas nas coisas ruins, é possível tentar ver o lado bom do empate.

O Palmeiras, ainda sob o fantasma de ter que disputar a Série B, vai terminar a primeira fase do Campeonato Paulista sem perder para os principais rivais. Também não ganhou, é verdade: 2 a 2 com o Corinthians e 0 a 0 com o São Paulo. Mas para quem iniciou o ano considerado presa fácil, sobretudo nos clássicos, a estatística aumenta a autoestima de jogadores, comissão técnica e torcedores. Neste domingo, aliás, a equipe não só não perdeu como foi melhor em campo. Faltou pontaria, faltaram melhores jogadores, mas coletivamente o Palmeiras pode se orgulhar. Foi superior ao time de Muricy Ramalho.

Já o Santos provou que até pode haver vida sem Montillo e, principalmente, Neymar. Mas não é vida fácil. Com garotos no ataque, volantes no meio e pouca criatividade, Muricy Ramalho até tentou optar pela ousadia, mas logo percebeu que seria melhor proteger o meio-campo. André não fez boa partida, Arouca pouco se soltou para criar, e a cada lance os torcedores sentiam saudade das traquinagens do camisa 11, que nesta segunda-feira tentará conduzir a seleção brasileira à sua primeira vitória com Felipão, contra a Rússia. O garoto Giva, ao menos, com erros e acertos, não sentiu o peso do clássico. Foi quem mais apareceu.

Com 25 pontos na tabela, o Verdão vai a Mirassol enfrentar a equipe do interior na quarta-feira. O Peixe, com 28, a quatro do líder São Paulo, que ainda tem um jogo a menos, vai receber o Mogi Mirim na Vila Belmiro, quinta-feira, provavelmente com a volta de seus principais astros.

4 a 3 para o Verdão… No meio!

Para entender o primeiro tempo, o melhor é usar uma frase do volante Arouca, do Santos, assim que o árbitro encerrou a etapa inicial:

– Eles estão com um homem a mais no meio-campo, sempre que a gente vai dar o bote, sobra alguém. Tenho certeza que o professor Muricy já percebeu.

O "alerta" de Arouca foi causado pela opção do técnico santista em escalar o Peixe com três atacantes: Neilton na esquerda, André pelo centro e Giva na direita. Com quatro volantes que, segundo Gilson Kleina, sabem jogar (Marcio Araújo, Léo Gago, Charles e Wesley), o Palmeiras dominou o setor durante boa parte do jogo, e as investidas mais perigosas foram criadas por Wesley e Juninho. Pelo lado esquerdo, ambos infernizaram a vida de Bruno Peres e abriram a marcação palmeirense.

Com pouco mais de um minuto de jogo, Giva já havia dado uma perigosa arrancada, e a resposta do Verdão quase foi fatal. Rafael largou chute de Wesley, mas Leandro, no rebote, bateu por cima do gol. O goleiro voltaria a ganhar duelo com o atacante quando ele finalizou de primeira, após levantamento de Marcio Araújo. Mas a grande defesa do primeiro tempo foi de Fernando Prass. Com reflexo puro, no chão, defendeu cabeçada fulminante de Cícero, especialista no fundamento, após cobrança de escanteio de Neilton.

O jovem atacante não teve boa atuação, errou passes, perdeu bolas. Já o Verdão, mesmo sem brilho, esteve mais à vontade em campo. Caio e Leandro tentaram boas tabelas. Não funcionou, mas é preciso insistir. Faltou pouco. Os volantes também saíram com sincronia para o ataque, e obrigaram Arouca, que poderia ser um foco de criação do Santos, a ficar mais recuado. Com placar zerado, o primeiro tempo teve um tom mais esverdeado.

Emoção no início, marasmo depois

Professor Muricy e Arouca estavam bem sintonizados. O Santos voltou para o segundo tempo com Alan Santos no lugar de Neilton: 4 a 4 no meio-campo. E, novamente, os primeiros minutos foram intensos, emocionantes, não combinavam com o público pífio, a exemplo dos clássicos recentes do Campeonato Paulista. 11.912 pessoas pagaram ingresso no Pacaembu. No Morumbi, dia 3 de março, Santos e Corinthians jogaram para 17.155 torcedores. No mesmo estádio, São Paulo e Palmeiras tiveram 18.020 testemunhas.

Juninho recebeu de Léo Gago e bateu para fora. Do outro lado, Giva ganhou presente de Arouca, mas Prass fez outra bela defesa na finalização do atacante. E ainda contou com a sorte quando André, livre na pequena área, não conseguiu desviar em cheio o cruzamento de Bruno Peres. Kleina sentiu que precisava inibir o avanço dos volantes do Peixe. A solução, ao menos a tentativa, foi a estreia do meia Rondinelly.

Muricy e Kleina também se entendiam nas substituições, e trocaram seus atacantes. André por Miralles; Caio por Vinícius. E nada do placar se alterar. Para piorar, os times pararam de criar, se entregaram ao céu nublado da cidade de São Paulo. O jogo também ficou nublado. O Verdão continuou com mais posse de bola, mas parecia ter medo de finalizar. Uma tabelinha de futevôlei entre Leandro e Rondinelly, dentro da área, foi a clara manifestação do receio de errar.

Quem arriscava era Léo Gago. O volante assumiu a responsabilidade, armou, chutou, errou, e se tornou o destaque entre os jogadores de linha. Quando Wesley chutou e Rafael soltou, Vinicius não conseguiu dar um simples toque para Leandro. E a última chance do jogo atravessou toda área.

Ciente de que tudo é diferente sem Neymar, o Santos pareceu conduzir o jogo até o apito final do árbitro. Cícero e Arouca estiveram muito distantes dos atacantes, os laterais não apoiaram, e o empate parecia ser o sonho dos comandados de Muricy.

Cansado, já que correu demais, Giva deu lugar a Victor Andrade, que pouco pegou na bola nos últimos minutos. Mais um 0 a 0. Que os gols estejam guardados para a fase final…



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