Policial

Padre Egídio tentou ocultar provas e se escondeu em Recife após ter prisão decretada pela Justiça

O religioso e as ex-funcionárias Amanda Duarte e Jannyne Dantas também tentaram ocultar provas dos crimes, segundo o MPPB.


17/11/2023

Padre Egídio de Carvalho Neto era diretor do Hospital Padre Zé (Foto: Divulgação/Paróquia Santo Antônio de Lisboa)

Portal WSCOM

 

 

O Padre Egídio Carvalho, ex-presidente do Instituto São José e da Ação Social Arquidiocesana, teve a prisão preventiva decretada pelo desembargador Ricardo Vital de Almeida, do Tribunal de Justiça da Paraíba (TJPB), por suspeita de envolvimento em um esquema de desvios de recursos públicos estimados em cerca de R$ 140 milhões. Os desvios foram operacionalizados através das duas instituições, responsáveis pelo Hospital Padre Zé e por diversos programas sociais em João Pessoa, entre 2013 e setembro deste ano.

Segundo o Grupo de Atuação Especial Contra O Crime Organizado (Gaeco), o religioso ficou sabendo da prisão na quinta-feira (16) e se resguardou em um hotel de Recife, capital de Pernambuco, com a promessa de se entregar durante a manhã desta sexta-feira (17). No entanto, até o momento, ele não foi localizado pelos investigadores, que foram até Recife e Jaboatão dos Guararapes, junto com a Polícia Civil, para dar cumprimento à determinação judicial.

Além do Padre Egídio, também tiveram as prisões decretadas Amanda Duarte e Jannyne Dantas, que eram gestoras financeiras das instituições. De acordo com a mãe de Amanda, as duas viajaram na noite de quinta-feira para um destino ainda não conhecido, o que causou estranheza ao Ministério Público.

Provas ocultadas

Segundo o Ministério Público da Paraíba (MPPB), o Padre Egídio e as ex-funcionárias Amanda Duarte e Jannyne Dantas também tentaram ocultar provas dos crimes, alterando senhas de e-mails institucionais, apagando arquivos e conversas no WhatsApp e combinando para trocar os telefones. Essas ações demonstram uma orquestração dos alvos no sentido de apagar os rastros dos malfeitos, segundo o MPPB.

De acordo com o depoimento de uma contadora do Hospital Padre Zé, as operacionalizações financeiras eram feitas de modo a dificultar o caminho do dinheiro. Ela registrou que os ordenadores de despesas eram Egídio e Amanda e que na maioria das vezes eram feitos cheques de altos valores (entre R$ 50.000 e R$ 200.000) para que fossem sacados em dinheiro, na boca do caixa. No entanto, pelos relatórios de contabilidade, não se foi possível constatar para onde ou para quem foram esses valores sacados em espécie de contas do Instituto São José, informa o processo.

Risco de novos crimes

Na decisão que decretou as prisões, o desembargador Ricardo Vital de Almeida afirmou que o Padre Egídio poderia continuar cometendo fraudes com os recursos desviados, uma vez que os valores obtidos por meio de empréstimos milionários não foram contabilizados junto aos cofres das instituições. Além disso, o magistrado apontou indícios de confusão patrimonial envolvendo os ex-gestores, que podem estar no usufruto e proveito dos frutos obtidos com as práticas delitivas.

“Os atos ilícitos investigados tiveram um impacto devastador em diversos programas sociais essenciais. Entre eles, a distribuição de refeições a moradores de rua, o amparo a famílias refugiadas da Venezuela, apoio a pacientes em pós-alta hospitalar, realização de cursos profissionalizantes, preparação de alunos para o ENEM, cuidados de pacientes com HIV/AIDS, entre outros. Além disso, as operações ilícitas afetaram gravemente o Hospital Padre Zé, comprometendo o atendimento a populações carentes e necessitadas”, diz a nota divulgada pelo Gaeco.

A operação que investiga os desvios no Hospital Padre Zé foi deflagrada em setembro deste ano, após uma denúncia anônima. Na ocasião, foram cumpridos mandados de busca e apreensão nas residências e nos escritórios dos investigados, além das sedes das instituições. Foram apreendidos documentos, computadores, celulares e dinheiro em espécie. O Padre Egídio foi afastado das funções de presidente das instituições e proibido de frequentar as dependências do hospital e da ação social.



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